A
presença de cafés e bares ressaltados naquela lei demonstra também a
importância que estes espaços assumiram na vida social de São Paulo. Os cafés,
como ambiente de encontro, eram citados frequentemente na literatura que
retratava a vida moderna ainda no século XIX, na Europa, quando milhares de
pessoas invadiram as cidades industriais em busca de oportunidades de trabalho.
São nestes espaços que os burgueses se reuniam
para conversar, debater ou
observar a multidão que se deslocava pelas ruas. Diversos artistas da época
retrataram o fenômeno como mostra uma passagem de Edgar Allan Poe: “Há não
muito tempo, ao fim de uma tarde de outono, estava eu sentado ante, a grande
janela do Café D.... em Londres(...). Com um charuto entre os lábios e um
jornal ao colo, divertira-me durante a maior parte da tarde, ora espionando os
anúncios, ora observando a promiscua companhia reunida no salão, ora
espreitando a rua através das vidraças esfumaçadas.
Era
esta uma das artérias principais da cidade e regorgitara de gente durante o dia
todo. Mas, ao aproximar-se o anoitecer, a multidão engrossou e quando as
lâmpadas se acenderam, duas densas e contínuas ondas de passantes desfilaram
pela porta.
Naquele
momento particular do entardecer, eu nunca me encontrara em situação simular e,
por isso, o mar tumultuoso de cabeças humanas enchia-me de uma emoção
deliciosamente inédita.
Desisti
finalmente de prestar atenção ao que se passava dentro do hotel e absorvi-me na
contemplação da cena exterior”.
Os
cafés eram marcadamente um espaço de convivência social em diversas cidades europeias.
Local de debate e discussão que atraia a
multidão presente nas praças, largos e ruas da cidade antes da industrialização.
Assim, além das praças e avenidas, configuravam-se como espaços de encontros os
locais de comércio e serviço onde as pessoas se dirigem para verem e serem
vistas.
Bibliografia:
Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os edifício
modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)