quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O declínio do hotel Esplanada

A ausência de grandes estabelecimentos que levaram à criação do Esplanada ou do Terminus faz contraponto à situação similar ao final da década de 1950. Alterações da dinâmica da cidade de São Paulo, mudança de escala urbana, novos parâmetros para o segmento de hotelaria são alguns dos muitos fatores a avaliar.
O Esplanada tornou-se Edifício Ermínio de Moraes


Novos empreendimentos surgem na década de 1950 como o Othon Palace Hotel, ativo até a década de 2000, adotando padrões diferenciados do modelo do “grande hotel” palaciano. Outros hotéis, abertos na década anterior como o Excelsior, voltados para o segmento de negócios marcam o período, constituindo uma grande mancha de concentração nas proximidades das Avenidas Ipiranga e São João.

O Esplanada continua até a década de 1950 em atividade. E, parece relevante apontar, sem sinais de declínio. É ali que parte das personalidades convidadas para os festejos do IV Centenário são hospedadas. Mas o empreendimento não terá maior sobrevida encerrando as atividades em dezembro de 1957. Talvez, por desinteresse de seus controladores, em especial considerando a situação das empresas Crespi.

Sobre o período final, nota na imprensa (OESP, 30.12,1987, p.28), referenciando os 30 anos do encerramento de atividades, é caso único na crônica confusa do Esplanada. Breve traz depoimentos de funcionários e clientes e o de um importante cronista social importante: José Tavares de Miranda.

Voltemos àquele momento. Sabe-se que, em agosto de 1958, o edifício já estava sob o controle do Banco Mercantil de São Paulo S.A., quando é apresentada proposta dessa casa bancária à Camara Municipal para uso como nova sede (OESP, 7.8.1959, p.4).
O empresário José Ermírio de Moraes comprou o prédio em 1963 e reformou o seu interior, com o objetivo de ali abrigar os escritórios centrais do grupo Votorantim. (...) Em 1965, a Votorantim transferiu seus escritórios para o local, rebatizado como edifício Ermírio de Moraes. (DOSP, 6.11.2012, p.II-Seção II).
O edifício, contudo, apresentou uma história recente algo conturbada quanto à sua destinação.

Em abril de 2011, registra a imprensa (FSP, 28.4.2011, p.C-3) que a empresa oferecera à prefeitura o edifício, havendo possibilidade de receber a Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão. A negociação seria realizada na forma de desapropriação amigável com custo estimado de R$ 40 milhões.

Mais de um ano depois, em 5 de novembro de 2012, assinavam empresa e o governo do estado termo de transferência do “edificio Ermirio de Moraes”, sede do grupo empresarial Votorantim. (DOSP, 6.11.2012, p.II-Seção II). A transferência teria valor menor: R$ 32,5 milhões. Previa-se para abril de 2013 a ocupação pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
É relevante registrar que a importância como marco urbano foi reconhecida pelo tombamento realizado em 1992, pelo CONPRESP através da resolução 37/92, item 268, com nível de preservação 3 (proteção à area externa), como parte integrante do conjunto urbano do Vale do Anhangabaú.

Bibliografia: Informativo do Arquivo Histórico de São Paulo - Ricardo Mendes - Núcleo de Produção Editorial. http://www.arquiamigos.org.br/info/info33/i-ensaio3.htm