Eu considero centro o antigo triangulo formado pelas ruas Quinze de Novembro, São Bento e Direita, mas meu filho, quando diz- eu vou à cidade, tanto pode ir à Avenida São João, à Ipiranga, à Praça da República, às Ruas Barão de Itapetininga, Sete de Abril ou Marconi; quando vai ao triangulo não diz- “vou à cidade” – diz vou à Rua tal ou tal outra.
Um historiador ou cronista situa o centro no Pátio do Colégio, e um engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem refere o marco rodoviário do Largo da Sé como o centro de São Paulo.
E as moças que vão às compras dizem que vão à cidade, referindo-se às ruas Barão de Itapetininga e Marconi.
Mas o verdadeiro centro, em 1915 era o triângulo; já em 1935 o centro limitava-se pela Rua Boa Vista, Largo do Palácio, Largo da Sé, Rua Direita até José Bonifácio, um trecho da rua Líbero Badaró, até o Viaduto do Chá, Praça Ramos de Azevedo e Conselheiro Crispiniano até o Largo do Paissandu, Avenida São João, Rua Líbero Badaró até o Largo de São bento e Rua da Boa Vista, de onde iniciamos este perímetro.
Em 1935 o triangulo ainda concentrava tudo o que havia de importante. As casas de modas, os alfaiates,as chapelarias, as confeitarias, as “bombonières”, as lojas de flores, os bancos e duas ou três “Casas dos Dois Mil Réis”, não vendiam nada acima de dois mil reis.
Desde 1915 São Paulo começava a tomar consciência de que seria uma grande cidade.
Iniciava-se o alargamento da Avenida São João, pela demolição, na Praça Antônio Prado, da Confeitaria Castelões e da Chapelaria Alberto. Encontra o Mercadinho e derruba-o, e, ao sair do Largo de Paissandu, deixa de pé, por longo tempo, o primeiro prédio do lado par. Em 1933 atingiu a Praça Marechal Deodoro, aberta nesse tempo, e seguiu até a rua Lopes de Oliveira.
Daí para diante, foi completada há uns oito anos, encontrando-se com a Avenida Água Branca (atual Francisco Matarazzo).
Alarga-se a Rua Libero Badaró, demolindo-se a casa da Baronesa de Itapetininga e uma série de casinhas que dava fundos par o Vale do Anhangabaú, e o Conde Prates constrói os dois palacetes, um dos quais onde funcionou por longos anos a Câmara Municipal e no outro esteve por alguns anos o Automóvel Club.
Vão se alargando, casa por casa, segundo os pedidos de alvarás, para construções, as ruas Quintino Bocaiuva, Benjamim Constant e Senador Feijó.
Retifica-se, como possível, a rua Quinze de Novembro. Abre-se a pequena rua Senador Paulo Egídio, entre o Largo de São Francisco e a rua José Bonifácio. Alarga-se a rua Cristóvão Colombo, onde começa a Brigadeiro Luiz Antônio.
Ajardina-se o Vale do Anhangabaú, com ruas sinuosa e lindas árvores de flores amarelas. Constrói-se, porém atravancando o parque, o edifício do Cinema Central depois demolido. E na encosta do Teatro Municipal, constrói-se o conjunto monumental de Carlos Gomes , e planta-se uma curva de palmeiras imperiais.
É São Paulo caminhando em direção a megalópole que se tornou.
Bibliografia:
Americano Jorge, São Paulo nesse tempo 1915-1935