Centro Velho de São Paulo – 450 anos de História –
Autora: Guimarães, Laís de Barros Monteiro Samarão
No ano 1879, um anúncio apregoava a venda de “ótimos terrenos” no chamado bairro: “Novo Mundo do Bexiga”, com ótimo preço a 30 mil reis o lote, “com 15 m de frente”
Na época, toda aquela região a partir do velho Piques e ladeada pelas ruas Santo Amaro e Consolação, subindo para a Av: Paulista, pertencia a Antônio Bexiga. Sua chácara chamava-se Chácara do Bexiga, que em 1559 integrava a sesmaria do Capão pertencente a Antônio Pinto. Em 1750 estavam na propriedade de Pedro Taques.
Em seguida, foi adquirida por Tomás Luís Álvares e, em 1878, era de propriedade de Antônio Leite Braga, ano em que foi arruada e posta a venda.
Foi o momento em que a região ganhou condição de bairro- Bairro do Bexiga, desconhecendo-se exatamente porque assim foi chamada. Há varias hipóteses sendo esta a colocada pelo Professor Tito Lívio Ferreira de que “onde a História Hesita, a lenda continua...”
A casa residencial da chácara situava-se no início da atual Rua Santo Antônio ou da Rua Santo Amaro, onde também ficava um ponto de venda de animais procedentes de Sorocaba, uma espécie de feira-livre, realizada em dias determinados.
A venda dos lotes próximos ao Largo do Piques deu início à formação do bairro que o povo chamava de Cidade Nova. O Pátio dos Animais, depois Terreiro passou a chamar-se Bexiga, confundido com as terras do Largo do Piques. A chegada do progresso acabou por incorporar ao Largo do Piques o Largo do Bexiga.
O Largo foi embelezado, ampliado e modernizado, e de Largo do Piques passou chamar-se Praça das Bandeiras. “Bandeira que traz, no topo vermelho, o coração do Paulista!”. (Guilherme de Almeida).
Nessa praça, bem perto do Obelisco da memória, semanalmente se realizava um leilão de escravos, para a lavoura, o “eito” ou escravas de ganho, molequinhos negros de Bengala e raparigas da Guiné... “... os frutos do café são glóbulos vermelhos do sangue que escorreu do negro escravizado.. Segundo escreveu Ciro Costa.
Como o progresso, o velho Largo do Piques, transformado em praça da Bandeira, ganhou novas cores e sentido. Hoje é ladeada por prédios e aranha-céus. Pena que os administradores da cidade a tenham privado dos belos jardins e canteiros floridos dos anos 30 ou 40... O Anhangabaú canalizado levou da área a amarga tradição da região, tropeiros, leiloeiros de escravos, carros de boi, a ponte...