terça-feira, 1 de maio de 2012

Iluminar, Radiar e Transparecer no edifício Thomaz Edison


Por outro lado, nesse arranjo fica claro o papel da ossatura independente e a consequente liberação das fachadas em suas, então novas funções modernas: iluminar, radiar e transparecer. Agora sob, o desígnio das abstrações. Nos países de climas mais quentes, adicionadas a essas novas premissas surge necessidade de proteger e sombrear a nova conquista, a transparência e suas irmãs gêmeas: a leveza e espessura mínima. Possibilidade técnicas, desejos e imperativos climáticos engendraram um novo elemento moderno, o brise-soleil: que de uma bem sucedida resolução no Ministério da Educação passou por uma provocação plena de insucessos: ora por dificuldades construtivas, (clientes), ora por desenhos inadequados, ora por idealizar em demasia uma solução de iluminação e ventilação natural para as cidades.
No Thomaz Edison, as fachadas livres foram projetadas como uma grelha de 60 cm de profundidade: tanto na fachada principal, quando nas fachadas posteriores de cantos arredondados. Essa grelha cumpre dois papéis relevantes: o primeiro o de unificar o conjunto da fachada principal e o segundo de sombrear o generoso envidraçamento por meio de um brise-soleil, mais aberto. A grelha (nessa dupla função, formal e técnica) cumpre ainda o papel de controlar plasticamente o desenho das esquadrias de ferro; de pouca expressividade e de uso corrente na construção civil da época.
Como apontado por Falbel (2003), a questão principal da grelha no Thomaz Edison talvez tenha sido a de unificar formalmente um conjunto de volumetrias desiguais. Essa interpretação reforça-se pela relevância da fachada principal diretamente compromissada com ambiência do fragmento urbano que se erguia: a hierarquia encontrava-se na rua, pois as questões de orientação para a fachada da principal (sudeste) não seria a rigor uma situação crítica ou exposta a intensa insolação: embora, trata-se de uma fachada ensolarada nas primeiras horas do dia nos diversos solstícios. Esse aspecto tem importância, porque nas faces mais ensolaradas, voltadas para os fundos do lote têm-se o mesmo tratamento técnico plástico para as aberturas mais visíveis; e para aquelas outras, contidas nos poços de iluminação a solução foi de janelas perfurando os panos de alvenaria a maneira tradicional, sem tratamentos importantes.
Essas análises dos pormenores fazem vir, à tona as ambiguidades e dificuldades dos arquitetos modernos em lidar com as restrições provenientes da legislação do lote e do traçado urbano. Em contra partida, revelam enormes qualidades compositivas tanto ao enquadrar o edifício na paisagem da cidade, quanto ao expressar as novas condições estéticas.

Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma- Alessandro José Castroviejo Ribeiro - Tese de Doutorado