Por outro lado, nesse arranjo fica claro o papel da
ossatura independente e a consequente liberação das fachadas em suas, então novas
funções modernas: iluminar, radiar e transparecer. Agora sob, o desígnio das
abstrações. Nos países de climas mais quentes, adicionadas a essas novas
premissas surge necessidade de proteger e sombrear a nova conquista, a
transparência e suas irmãs gêmeas: a leveza e espessura mínima. Possibilidade
técnicas, desejos e imperativos climáticos engendraram um novo elemento
moderno, o brise-soleil: que de uma bem sucedida resolução no Ministério da
Educação passou por uma provocação plena de insucessos: ora por dificuldades
construtivas, (clientes), ora por desenhos inadequados, ora por idealizar em
demasia uma solução de iluminação e ventilação natural para as cidades.
No Thomaz Edison, as fachadas livres foram projetadas
como uma grelha de 60 cm de profundidade: tanto na fachada principal, quando
nas fachadas posteriores de cantos arredondados. Essa grelha cumpre dois papéis
relevantes: o primeiro o de unificar o conjunto da fachada principal e o
segundo de sombrear o generoso envidraçamento por meio de um brise-soleil, mais
aberto. A grelha (nessa dupla função, formal e técnica) cumpre ainda o papel de
controlar plasticamente o desenho das esquadrias de ferro; de pouca
expressividade e de uso corrente na construção civil da época.
Como apontado por Falbel (2003), a questão principal da
grelha no Thomaz Edison talvez tenha sido a de unificar formalmente um conjunto
de volumetrias desiguais. Essa interpretação reforça-se pela relevância da
fachada principal diretamente compromissada com ambiência do fragmento urbano
que se erguia: a hierarquia encontrava-se na rua, pois as questões de
orientação para a fachada da principal (sudeste) não seria a rigor uma situação
crítica ou exposta a intensa insolação: embora, trata-se de uma fachada
ensolarada nas primeiras horas do dia nos diversos solstícios. Esse aspecto tem
importância, porque nas faces mais ensolaradas, voltadas para os fundos do lote
têm-se o mesmo tratamento técnico plástico para as aberturas mais visíveis; e
para aquelas outras, contidas nos poços de iluminação a solução foi de janelas
perfurando os panos de alvenaria a maneira tradicional, sem tratamentos
importantes.
Essas análises dos pormenores fazem vir, à tona as
ambiguidades e dificuldades dos arquitetos modernos em lidar com as restrições
provenientes da legislação do lote e do traçado urbano. Em contra partida,
revelam enormes qualidades compositivas tanto ao enquadrar o edifício na
paisagem da cidade, quanto ao expressar as novas condições estéticas.
Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma- Alessandro José Castroviejo Ribeiro - Tese de Doutorado