domingo, 15 de maio de 2011

Nos indos de 1700 – II

Ponciano Levino, Todos os centros da Paulicéia

Dura e sofrida era a vida de escravos na pequena vila e nas grandes fazendas. Era uma vida tão miserável que eles preferiam tentar a fuga e ficar no mato a enfrentar a tal jornada sangrenta de trabalho. E fugiam para os lados do Ibirapuera, do Jabaquara e para outros quilombos. No propósito de evitar essas fugas, em 3 de março de 1741, segundo relato de nuto Santana no seu São Paulo Histórico, decretou-se: “Hei por bem que (em) todos os negros que forem achados em quilombo, estando nele voluntariamente, se lhes ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F (de fugitivo). Se o escravo fosse achado de novo em quilombo, ser–lhe-ia costada a orelha.

Um sinal de sucesso de São Paulo: os Bispados, importantes passam para instalação da administração eclesiástica, foi criado em 29 de abril de 1745 eCasa do Brigadeiro Tobias, para o posto, Benedito XIV nomeou dom Bernardo Rodrigues Nogueira. Nesse dia, a cidade tomou um ar de festa raramente visto para receber seu primeiro bispo. Geraldo Dutra de Moraes conta que a festança teve cunho religioso e profano e contou com a coexistência pacífica de brancos, índios, negros e mamelucos: nobres e pobres; militares e, claro, políticos.

A Câmara interpelou, em 18 de novembro de 1747, o cidadão Sebastião Fernandes de Oliveira, que, lá pelos lados de Santo Amaro, andava obtendo aguardente sem autorização (o que era proibido). O álcool era usado contra as três grandes doenças que dizimavam a população: a varíola (ou bexiga), a disenteria e o sarampo.

O comprador Sebastião adquiria muita aguardente de vendedores diversos. A alegação do coitado foi que em sua casa o sarampo estava contagiando várias pessoas da família.

O tenente-general José Arouche de Toledo Rendon destacou, em uma de suas obras, que, em 1788, o morador de São Paulo e os índios gostavam de aguardente. Ele, um defensor dos índios, garantia que os paulistas viviam mai  s animados do espírito da caninha do que do amor ao trabalho. Giberto Leite de Barros enfatiza que os indígenas fabricavam o cauim e o bebiam dias e dias sem parar.

Em sinal de fracasso para a antiga Vila de Piratininga: em 1748, o Conde de Sarzedas (hoje nome de rua nas imediações da Praça da Sé), por ordem de Dom João V, acabou com a Capitania de São Paulo, encampando-a à do Rio de Janeiro, além de tirar-lhe os territórios que correspondiam aos atuais estados do Mato Grosso e de Goiás. Quase vinte anos depois, em 6 de janeiro de 1765, por meio de carta régia, São Paulo voltou a ter autonomia e passou a ser governada por capitães-gerais. A cidade permaneceu pequena até o momento em que a lavoura de café começou a deslocar-se em direçãoàs terras paulistas. A população de São Paulo na época era de aproximadamente 8 mil habitantes