Galeria Guatapará foi a primeira galeria comercial
construída pela iniciativa privada em 1933. Na década de 30, os proprietários
dos “nascentes conglomerados empresariais”, entre eles, os Matarazzo, Paulo de
Almeida Nogueira, os Crespi e a Light investiam na construção de edifícios que
pudessem abrigar as sedes de suas empresas. A intenção, além de garantir uma
posição de prestígio “entrando na corrida às alturas verificada em São Paulo”
era conseguir, através do arranha-céu, “uma diversificação econômica
importante, já que lucros estariam assegurados se o mesmo abrigasse, também
unidades destinadas ao aluguel”.
Casa Guatapará |
Com esse ideário em 1928, o então presidente da Companhia
Agrícola Guatapará, o Conde Atilio Matarazzo, inaugurou o edifício com frente
para as ruas Barão de Itapetininga e 24 de Maio: a Casa Guatapará e o Edifício
Guataparazinho.
O prédio de dez pavimentos e estrutura tripartida,
concebido segundo o padrão eclético do período, foi um dos primeiros a ser
erguido no Centro Novo.
Construído para abrigar os escritórios da Companhia, o
edifício teve desde o princípio o térreo destinado à atividade comercial
através da Casa Guatapará, uma grande loja ligada à empresa. Com isso foi
possível conciliar a atividade dos escritórios com a venda direta ao
consumidor.
A autoria do projeto, não pudemos comprovar, mas, se,
considerarmos o panorama da construção civil nos primeiros anos do século XX,
traçado por Lúcio Machado: “ a construção era contratada e realizada num regime
predominantemente comercial. Nessas condições, ao cliente interessava, sobretudo,
a idoneidade comercial do empreiteiro de obras. O costume era encomendar várias
propostas a vários construtores, que se dispunham a fazer o projeto e o
orçamento graciosamente”, é possível prever que os grandes escritórios e
construtores do período como o de Ramos de Azevedo, participaram com seus
projetos.
Antes de completar cinco anos de construção, o térreo do
edifício foi modificado para se transformar em uma galeria conectando as ruas
Barão e 24 de Maio. A reforma foi coordenada pela Sociedade Comercial e
Construtora Ltda, de propriedade de Heitor Portugal, uma das quatro grandes
construtoras a participarem do processo de ocupação do Centro Novo. Além dela ,
a Severo & Villares, a Arnaldo Maia Filho e a Comapnhia Construtora
Nacional attuaram pesadamente, nas décadas de 30 e 40, na construção de
edifícios de escritórios, serviços e apartamentos.
Tudo foi construído com divisórias móveis a meia altura
em placa de imbuia laminada de 2metros, respondendo ao artigo 270 e 4º do
Código Arthur Saboya.
Bibliografia:
Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e
Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado E.E. de São
Carlos.