sábado, 17 de novembro de 2012

A primeira galeria do centro novo


Galeria Guatapará foi a primeira galeria comercial construída pela iniciativa privada em 1933. Na década de 30, os proprietários dos “nascentes conglomerados empresariais”, entre eles, os Matarazzo, Paulo de Almeida Nogueira, os Crespi e a Light investiam na construção de edifícios que pudessem abrigar as sedes de suas empresas. A intenção, além de garantir uma posição de prestígio “entrando na corrida às alturas verificada em São Paulo” era conseguir, através do arranha-céu, “uma diversificação econômica importante, já que lucros estariam assegurados se o mesmo abrigasse, também unidades destinadas ao aluguel”.
Casa Guatapará
Com esse ideário em 1928, o então presidente da Companhia Agrícola Guatapará, o Conde Atilio Matarazzo, inaugurou o edifício com frente para as ruas Barão de Itapetininga e 24 de Maio: a Casa Guatapará e o Edifício Guataparazinho.
O prédio de dez pavimentos e estrutura tripartida, concebido segundo o padrão eclético do período, foi um dos primeiros a ser erguido no Centro Novo.
Construído para abrigar os escritórios da Companhia, o edifício teve desde o princípio o térreo destinado à atividade comercial através da Casa Guatapará, uma grande loja ligada à empresa. Com isso foi possível conciliar a atividade dos escritórios com a venda direta ao consumidor.
A autoria do projeto, não pudemos comprovar, mas, se, considerarmos o panorama da construção civil nos primeiros anos do século XX, traçado por Lúcio Machado: “ a construção era contratada e realizada num regime predominantemente comercial. Nessas condições, ao cliente interessava, sobretudo, a idoneidade comercial do empreiteiro de obras. O costume era encomendar várias propostas a vários construtores, que se dispunham a fazer o projeto e o orçamento graciosamente”, é possível prever que os grandes escritórios e construtores do período como o de Ramos de Azevedo, participaram com seus projetos.
Antes de completar cinco anos de construção, o térreo do edifício foi modificado para se transformar em uma galeria conectando as ruas Barão e 24 de Maio. A reforma foi coordenada pela Sociedade Comercial e Construtora Ltda, de propriedade de Heitor Portugal, uma das quatro grandes construtoras a participarem do processo de ocupação do Centro Novo. Além dela , a Severo & Villares, a Arnaldo Maia Filho e a Comapnhia Construtora Nacional attuaram pesadamente, nas décadas de 30 e 40, na construção de edifícios de escritórios, serviços e apartamentos.
Tudo foi construído com divisórias móveis a meia altura em placa de imbuia laminada de 2metros, respondendo ao artigo 270 e 4º do Código Arthur Saboya.

Bibliografia: Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Tese de mestrado E.E. de São Carlos.