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Edifício Itália |
Os argumentos que explicam pela legislação a questão da
altura e dimensão de um edifício no centro novo de São Paulo sempre enveredam
por um acordo coma municipalidade. Os construtores mencionam que a prefeitura
adotou como módulo a diagonal do cruzamento entre a São Luiz e a Ipiranga. O
que de fato explica em parte a altura final do edifício em torno de 151m e 45
pavimentos. A legislação já previa alturas superiores acima de 80m nos pontos
focais. Entretanto, os corpos elevados,
quando isolados não poderiam ocupar mais do que 35% de sua área do lote. A área
do lote é de 2.382metros quadrados, a do andar-tipo é de aproximadamente
1.045metros quadrados, o que corresponde a 43,8% do lote, portanto acima do
permitido em lei. Como se vê a exceção ultrapassou a diagonal.
A altura da torre se explica por esses acordos. As
alturas das duas alas encostadas nas divisas explicam-se em parte pela altura
mínima exigida para edificações no alinhamento da via e não pelo índice máximo
permitido na região central. De fato a condição desses corpos, restrita na
altura mínima, se justifica, assim como o embasamento mais baixo do que
exigido, pela estratégia em fazer a torre mais expressiva e solta: as alas criam
um pano de fundo e o embasamento, que ocupa toda a área do terreno,
desprende-se da torre por meio de pilotis; na essência um térreo para lojas.
Esses arranjos compositivos das volumetrias são
importantes para afirmar essa condição do edifício isolado no lote. Xavier,
Lemos e Corona sublinham: “até a altura permitida para construções na divisa,
desenvolve-se, em cada alinhamento, volume baixo de tratamento diverso da
torre, fazendo-lhe contraponto e garantindo uma harmonização que dificilmente
seria obtida somente com as construções lindeiras”. Essa explicação aclara uma
questão relevante para os modernos “[...] fugindo à tradição fachadista e aos
correspondentes pátios internos, garante com sua planta elíptica, um tratamento
continuo à fachada”.
A organização do espaço interno, essencial numa boa
arquitetura, distendeu-se até àquela conformação elíptica, emprestando-lhe um
rigor de limite exato para empolgar com sua ressonância de ritmos numa
autêntica manifestação monumental. O Edifício Itália é para ser visto por todos
os lados, a noção de fachada foi totalmente eliminada, como o preconiza a
moderna arquitetura
Índice ideal de insolação e noção de fachada totalmente
eliminada, são pontos centrais preconizados pela doutrina da arquitetura
moderna. Sob esse olhar o edifício Itália é exemplar: o que se vê é
precisamente a torre e sua orientação no sentido norte-sul; um pequeno desvio à
direita não modifica substancialmente a orientação. No Itália o edifício não
tem uma forma prismática e os brises estão postos igualmente em todas as faces.
Embora os brises sejam ajustáveis eles parecem atender igualmente aspectos
funcionais e formais.
A curvatura da torre acompanha a curva de visibilidade na
esquina das avenidas Ipiranga e São Luiz.
O edifício Itália configura-se como uma torre solta e
soberana, no entanto, ainda continua atada no rés do chão pela galeria
comercial.
Bibliografia:
Ribeiro, Alessandro José Castroviejo – Edificios Modernos e o Centro Histórico
de São Paulo: dificuldades de textura e forma- Tese de doutorado- USP - 2010