domingo, 27 de maio de 2012

As negociações para a construção do Jaçatuba.


Monica Junqueira de Camargo(2000) e Hugo Segawa relatam uma negociação entre Bratke,(o arquiteto que projetou os prédios) e a prefeitura para aumentar a altura da edificação. Segundo esses relatos essa negociação implicou o acréscimo de dois pavimentos no corpo principal do prédio: para tanto, lançou-se mão de um artifício que manipulava virtualmente a distância dos limites do lote até o largo defronte. Esse procedimento teria então gerado a forma côncava da fachada principal.
O Jaçatuba foi projetado como um conjunto para consultórios médicos. Suas formas e linguagem são o desvelaide de um saber peculiar a Oswaldo Bratke. Aquilo que a urbe pautou, como normativa estava parcialmente dominado por uma volumetria já definida e negociada.
As manipulações do programa e da legislação geraram o esquema cklássico de uma bissetriz que divide igualmente dois setores, onde no centro, postado mais ao fundo do lote, aloja-se a circulação vertical (elevadores e escada) e, nos lados, simetricamente, os respectivos consultórios formando dois grandes conjuntos com salas que se intercomunicam entre si; complementadas por um corredor interno. Até certo ponto as geometrias de arestas regulares prevalecem. Quando o arranjo espacial se aproxima dos limites irregulares do lote, os espaços tendem a ser mais disformes, mais agudos, ou seja, passam a ser destinados às atividades de menor importância ou mais flexíveis como armários e depósitos. É relevante o espaço/armário incrustado na transição entre o Jaçatuba e o São Bartolomeu. Em planta ele é incorporado como um apêndice secundário de uma sala; na fachada, separado por uma moldura, é o elemento neutro que faz a transição entre os dois edifícios contíguos: permitindo, assim, que o Jaçatuba seja percebido como uma unidade plástica volumétrica. A solução em planta não permite uma geometria sem arestas e harmoniosa, mas pelas soluções compositivas espaciais e plásticas, no caso, pelas molduras nas fachadas foi possível estabelecer uma correlação entre conteúdos internos e externos, os harmonizado.
Há no Jaçatuba uma coincidência entre estrutura e unidade formal: os espaços e suas dimensões correspondem de certa maneira à disposição dos elementos de apoio. Nos pavimentos tipo não há nenhuma distinção entre elementos estruturais , de concreto armado e os elementos de vedação: com certeza, pilares e vigas independentes, encontram-se embutidos nas alvenarias, porém; seus espaçamentos coincidem, quase sempre, com as paredes divisórias. A exceção fica no piso térreo, ali alguns pilares afloram-se, destacando-se dos tijolos de vidro.
Se a estrutura ainda não é um elemento de expressão primordial na sistematização e modulação especial do Jaçatuba o será no ABC e Renata Sampaio Ferreira.

Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma. Alessandro José Castroviejo Ribeiro- Tese de Doutorado -= pág 158