sábado, 10 de novembro de 2012

Edifício que é “Passeio Arquitetônico”


O edifício Metrópole desenvolveu esse passeio arquitetônico por meio dos cinco pavimentos da galeria comercial aberta que se implantam em frente a uma praça arboriza e com grande vitalidade onde se encontrava a Biblioteca Municipal. O deslocamento pela galeria comercial apresentava aos seus usuários espaços abertos com uma diversidade de visuais, perspectivas, cores e ângulos. As partes eram bem desenvolvidas e o projeto parecia levar profundamente a ideia de urbanidade em seus espaços internos.
O projeto do conjunto Metrópole foi realizado através de uma parceria entre Giancarlo Gasparini e Salvador Candia. O conjunto é formado por uma torre com salas comerciais e por uma galeria comercial com cinco pavimentos e implanta-se em um lote privilegiado da cidade, com acesso por três vias, adjacente a um dos espaços públicos mais agitados nas décadas de 1950 e 1960, nas proximidades das grandes avenidas do Plano. O terreno era de propriedade de Flávio Antônio Noschese, Heloísa Helena Coelho Pereira Noschese e Danilo Noschese. A localização privilegiada foi um dado essencial para a concepção do projeto.
O perímetro formado pelas escadas rolantes, jardim interno e os acessos do edifício configuram um espaço semi-público muito relacionado com a Praça Dom José Gaspar, de grande vitalidade na região do Centro Novo. Ali, os diversos elementos iluminação natural, ideia de continuidade dos jardins, contribuem par a riqueza do lugar. O desenho de Gasparini demonstra a ideia de se utilizar da percepção de um encontro de vias como dão de projeto.
O pavimento térreo configura-se como continuação do espaço urbano ao seu redor. Sua presença nesta região de Centro Novo, nas proximidades de um conjunto de outras galerias, estabelece um diálogo direto com o contexto urbano. Atravessar o edifício mostra-se interessante não apenas por encurtar o caminho, diminuindo o tempo do trajeto e desgastando-se menos fisicamente, mas também pela dinâmica espacial de seu interior.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo Arquitetura e Cidade (1938/1960)

domingo, 4 de novembro de 2012

Cultura no Centro Novo

Di Cavalcante - Carnaval

Com o surgimento das galerias aconteceram novas formas de se relacionar entre os habitantes da metrópole. Esta sociabilidade diversa estava ligada aos novos hábitos da vida moderna que se manifestava nos novos espaços construídos da cidade: cinemas, lojas de departamento, galerias de arte, museus, cafés e livrarias.
O Centro Novo converteu-se em um polo de atividades artísticas e culturais da cidade. Ali foram criados os primeiros museus, instaladas as primeiras galerias de arte, construídos os principais cinema, de maneira que, em um perímetro de poucas quadras, era possível encontrar diversos eventos de interesse da população que por ali circulava.
A vocação do Centro Novo para o lazer já se apresentava em meados do século XIX. A denominação original da Praça da República como Praça dos Curros deu-se pelas frequentes touradas que ali aconteciam. Ainda na região, estava implantado o Velódromo, nas proximidades das ruas da Consolação e Martim Prado, No local onde hoje existe o teatro Cultura Artística era um local destinado a apostas e foi transferido em 1914 para o Jardim América.
A partir da década de 1930, a área do Centro Novo passou por uma forte efervescência cultural. Muitos dos episódios mais marcantes da história da arte paulistana aconteceram em edifícios localizados nesta região, especialmente nas proximidades da rua Barão de Itapetininga.
A I Exposição de Arte Moderna da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM) ocorreu em 1932, onde hoje se localiza a Galeria Guatapará, na rua Barão de Itapetininga. Neste mesmo local, aconteceu a Exposição de Nelson Nobrega, Joaquim Lopes Figueira e Waldemar da Costa, em 1935.
Na verdade, a rua Barão de Itapetininga além de ter sido famosa pela presença de diversas boutiques de luxo da época, abrigou muitos eventos artísticos. Nesta via, no andar térreo do Prédio Alves Lima aconteceu a I Exposição Individual de Flávio de Carvalho, com desenhos, pinturas e esculturas, em 1934, no edifício Alves Lima.
A Galeria Itá tem grande destaque por ter abrigado uma série de famosas exposições de arte. Em 1934, aconteceu uma exposição de Candido Portinari; em 1939, o III Salão de Maio contou com a presença de artistas abstratos e construtivistas, com destaque para Alexander Calder, Açlberto Magnelli e Josef Albers. 

Bibliografia:Costa, Sabrina Studart Fontenele - Relações entre urbano e os edifícios modernos no Centro de Sâo Paulo Arquitetura e Cidade (1938 - 1960).