Durante a administração de Armando de Arruda Pereira,
mais precisamente no ano de 1953, os proprietários de um terreno com frente
para a rua 7 de abril e Braulio Gomes, vizinhos da Galeria Ipê, contrataram a
Construtora Serson Ltda para instalar ali uma nova galeria.
O projeto do engenheiro Saul Renato Serson, contava com
uma galeria lineares piso único, com pé direito de quatro metros e meio. Ao
longo dela estariam distribuídas trinta e sete salas divididas
proporcionalmente pelo comprimento do terreno, ficando apenas as lojas das
extremidades sujeitas a pequenas variações de tamanho ocasionadas pela
oscilação na inclinação do lote com área pública. Na parte central da galeria,
Serson posicionou o bloco de sanitários feminino e masculino, ventilados e
iluminados por um átrio. O memorial tratava o projeto como uma simples “reforma
a ser executada em prédio sito na zona central, com frente para as duas ruas,
bastante velho, com aproximadamente 35 anos de uso”. Apesar do esforço da
construtora e dos investidores em classificar a obra como uma reforma, a
arquitetura simples e bastante modesta desse primeiro projeto não foi aceita
pelos órgãos municipais que exigiram o cumprimento do ato 1.366 de 1938 (que
regula o gabarito dos edifícios nas ruas centrais), resultando no arquivamento
do processo em 1954, a pedido do vice-prefeito em exercício Porphyrio da Paz.
A atitude da Administração Municipal frente a construção
de uma galeria térrea sugere que internamente o poder municipal pretendia
exercer um controle sobre as construções no Centro Novo. É preciso lembrar que
esses anos foram de singular importância para São Paulo e para a nova área
central em processo de afirmação. Aliada ao desejo dos investidores, a
Prefeitura atua, através de seu quadro de profissionais responsáveis pela
aprovação e correção dos projetos, priorizando o adensamento e a verticalização
da área central, ainda que até certo ponto controlados pela legislação em
vigor.
Em 1956, um novo projeto foi encaminhado para aprovação,
agora de um edifício composto por uma torre com cinquenta e três escritórios e
quinze lojas na galeria térrea. Para erguer um edifício de tal porte, a família
Mello freire se associou a outros investidores, incluindo o proprietário da
Sociedade Comercial Construtora S/A, empresa responsável pela construção do
novo projeto.
O desenho cuidadoso da galeria e do edifício como um todo,
assinado por João Serpa Albuquerque, atendia as exigências do mercado
imobiliário para a região e da “boa” arquitetura corrente. O edifício foi
organizado em dois blocos, solução recorrente para os casos de terrenos
estreitos e com exigências de um alto índice de aproveitamento do solo, como é
o caso da maioria desses edifícios.
Bibliografia:
Aleixo, Cynthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e
Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 –Tese de mestrado Escola de
Engenharia de São Carlos.