sábado, 1 de dezembro de 2012

A Galeria Ipê

Galeria Ipê

Depois de quase duas décadas da construção da primeira galeria e de várias modificações em seu projeto, a Galeria Ipê, entre as ruas 7 de abril e Braulio Gpomes foi finalmente iniciada em 1951. Em 1949, a família Rengel, proprietária de um lote à rua 7 de abril encomendou ao arquiteto Plinio Croce o projeto de um edifício com uma torre de escritório e o térreo para lojas.
No memorial apresentado à Administração Municipal pela Construtora Monteiro Machado Ltda, responsável pela execução da obra, o edifício aparece descrito como “uma construção formada por dois blocos ligados pelo corredor de circulação sendo a área fechada na altura do primeiro andar por uma claraboia, constituindo o teto das lojas. Em cada bloco, formado por dois conjuntos de três salas e sanitários há um poço de iluminação e ventilação dos corredores e sanitários (...) O bloco terá dez andares e o bloco do fundo onze andares (apartamento para zelador e administração do prédio)”. A referência dos blocos respondia à exigência da legislaçãovigente no período (Ato nº 13.66 de 1938), que impedia construções acima de dez pavimentos com fachada para a rua 7 de abril.
Cabe destacar a clareza do projeto, o trabalho com a estrutura moldada e a repetição da planta e materiais na fachada favorece compreensão do conjunto. Os dois blocos que compõem o edifício são simétricos e espelhados através do eixo paralelo à rua, no meio do lote. A fachada para o fundo recuada do limite do terreno recebeu um tratamento homogêneo, com um desenho repetitivo, cadenciado, de espaços opacos (alvenaria) e transparente (janelas contínuas) e com o uso de vãos modulados.
Já a fachada voltada para a rua, exibe um cuidadoso desenho com brises horizontais coloridos por pastilhas cerâmicas azuis e um detalhe no térreo e primeiro pavimento. Esses dois andares foram recuados do limite frontal do lote e, os demais, continuaram no alinhamento. Com isso, uma proteção ao pedestre ficou delineada, com cerca de um metro de profundidade, construindo novamente uma relação de aproximação entre a escala do pedestre e o acasso à área comercial. A presença da marquise a área comercial da escala do pedestre que circula pelas ruas centrais, protege as vitrines e indica um acesso.
Neste caso em especial, a própria situação do lote, proprocionou um desenho especial para a marquise que aparece inclinada a partir da Galeria 7 de abril, edifício vizinho a ipê.
Toda a dimensão do pé-direito foi vedada com vidros, fixos na parte de baixo dos brises e com abertura projetada para a área externa na parte superior. No primeiro pavimento, o desenho singular da fachada e o recuo em relação aos demais andares, marcam uma base diferenciada do conjunto realçando ainda mais o acesso à galeria. A faixa de lambris azul delimita o início as lojas e reforça a separação entre esta e o corpo do edifício.
Bibliografia: Edificios e Gaçlerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50-60 – Aleixo, Cinthya Augusta Poleto – Tese de mestrado- escola de Engenharia de São Carlos.