Edificio Montreal |
O edifício Montreal, 1954, ocupa a esquina formada pelas
Avenidas Ipiranga e Cásper Líbero: antiga Rua Conceição que ligava o triângulo
histórico à estação da Luz. Por se tratar de um imóvel de esquina, é possível alcançar
grande desenvolvimento em altura: 80m. Embora relativamente restrito em suas
dimensões, o terreno se beneficia de uma orientação muito favorável sob o
aspecto da insolação para um edifício residencial: a face norte encontra-se na
inflexão da esquina. Da mesma forma, a posição de esquina permite o destaque da
volumetria, permitindo ao observador desfrutar de amplitude visual. Por outro
lado, sua forma trapezoidal, com três faces voltadas para as vias públicas,
permitiria examinar várias alternativas de implantação do edifício, em
particular aquelas que permitiriam desenvolver um volume autônomo em relação à
massa contínua da ocupação predominantemente no quarteirão. Contudo, a escolha
do arquiteto foi por definir o volume do edifício imp´lantado sobre os
alinhamentos prediais: condições que permitiram maior aproveitamento do lote.
Projetando-se dentro das normas dos alinhamentos, foi
proposto como solução final um volume encurvado de 22 pavimentos e dois outros
complementares - quase imperceptíveis – a uma altura correspondente a 39m ou 11
andares: um voltado para a Avenida Ipiranga, outro para a Casper Líbero. O
corpo elevado dobrando a esquina se explica como em outras situações
mencionadas, pela possibilidade de rebatimento da volumetria pela via mais
largura até a profundidade de 20m, depois dessa distância era obrigatória
ater-se ao gabarito no alinhamento conforme solução adotada nos corpos menores.
Dada à condição de esquina não foi necessário cumprir dispositivo que exigia
recuo lateral mínimo de 2,5m acima de 39m.
Este edifício teve dois projetos um como prédio de
apartamentos e outro que foi o realmente construído de edif´cio para
finalidades comerciais. Sendo assim, o aproveitamento do imóvel é elevado até o
último limite, seja em termos de gabarito e taxa de ocupação, seja em relação
ao agenciamento de algumas partes. A fim de permitir o máximo aproveitamento do
pavimento térreo para lojas comerciais, o saguão de acesso foi localizado no
subsolo do edifício, a exemplo do Edifício Triângulo. Assim, as soluções de
projeto nascem comprometidas sob vários
aspectos, não apenas em relação às necessidades comerciais e às demandas de
mercado, mas subordinadas às normas urbanísticas e seus parâmetros reguladores.
Nem por isso o resultado arquitetônico deixa de alcançar êxito e revelar,
muitas vezes, resultados inesperados. No caso deste edifício, chega mesmo a
haver considerável autonomia entre forma e conteúdo, entre solução plástica e compromissos
pragmáticos.
Bibliografia:
Ribeiro, Alessandro José Castroviejo – Edifícios Modernos e o Centro Histórico
de São Paulo: dificuldades de textura e forma – tese de doutorado.