domingo, 30 de setembro de 2012

Edifício Itália: do início como Círculo Italiano


O edifício Itália, 1956, de Adolf Franz Heep, aparenta ser uma torre isolada no lote, ou melhor, um dos poucos arranha-céus em São Paulo que no mapa se revelam ou explicitam uma vontade de ser do objeto moderno. A forte expressão de sua forma elíptica e os brises o reporta ao objeto tipo brasileiro, quanto às variações do arranha-céu cartesiano de Le Corbusier.
Sua configuração final distancia-se da origem ideal; ela também decorre da formação do lote e da legislação.
No mapa Sara-Brasil, 1930, é possível identificar o lote e a casa ocupada pelo Circolo Italiano em 1925. Lefèvre identifica um primeiro embrião já existente no mapa de 1881, que sofrendo acréscimos resultaria na sede da associação italiana.
Dois aspectos chamam atenção: um diz respeito à forma do lote, outro à implantação da casa. O que se observa do lote é que sua forma e perímetro pouco foram alterados até a implantação do edifício Itália: é notável o pequeno tramo perpendicular à Ipiranga. Nesse sentido, as correções de traçado feitas no alargamento da Ipiranga e São Luiz pouco o alteram: mas é marcante o arredondamento da esquina, até então concordadas como arresta de um triângulo. A casa ocupada pelo Círculo Italiano era em 1930, composta por três massas, estando as duas maiores na diagonal do terreno, o acesso principal ocorria pela Av. São Luiz. Essas situações vão, guardando-se as devidas distâncias programáticas e de volumetria, manter uma mesma ocupação no lote.
Nesses termos, o Edifício Itália continua e realça uma posição de esquina: invertendo a linha de visibilidade, mas não necessariamente, a posição das massas. No caso das casas a ocupação na diagonal do lote libera áreas para os jardins, no caso do arranha-céu vai permitir a liberação da torre e melhor aproveitamento da área construída. Nas duas obras a ocupação nos fundos do terreno garantia a liberação ou visibilidade dos blocos mais significativos. Mas com uma diferença; se na rua São Luiz prevalecia os palacetes isolados houve aparentemente um retrocesso, do ponto de vista do conforto ou da salubridade, as construções grudaram-se umas nas outras criando uma parede quase contínua.
Essa inversão na ocupação da São Luiz foi decisiva na definição formal do edifício Itália, que teve que responder ou atender às novas demandas.

Bibliografia: Ribeiro, Alessandro José Castroviejo – Edifício Modernos e o Centro Histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma.Tese de Doutorado- USP – pág 245 e 246