Em 1894, cinco anos após a proclamação da República, a Escola Normal de São Paulo foi instalada em edifício especialmente construído para esse fim na Praça da República. A escola depois foi chamada de Escola Normal da Praça da República; em seguida, de Instituto de Educação Caetano de Campos; posteriormente, de EEPSG Caetano de Campos. Hoje funciona no local a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
A Escola Estadual Caetano de Campos nasceu em 1846, a partir das determinações do Ato Adicional de 12 de agosto de 1834, que conferia às províncias a atribuição de legislar sobre a instrução pública, inclusive criando estabelecimentos próprios para tal fim. Com essa responsabilidade, foram fundadas nas diversas províncias – Rio, Minas, Bahia e São Paulo – as primeiras Escolas Normais. Seu primeiro prédio foi junto à Catedral do Largo da Sé. Ao longo de sua história, a escola chegou a ser extinta duas vezes e mudou diversas outras de prédio; em 1875 instalou-se junto à Escola de Direito do Largo São Francisco, em um edifício que mais tarde sediaria a Câmara Municipal. Depois foi transferida para um sobrado na Rua do Carmo, para a Praça da República, para o antigo prédio do Colégio Porto Seguro, na Praça Roosevelt, e, finalmente, para a Rua Pires da Mota, no bairro da Aclimação, onde está até hoje.
A mudança para a Praça da República em 1894, bem como a sua saída em 1978, caracterizam momentos significativos no estudo da relação da escola com a cidade. A construção de um prédio escolar na Praça da República assumiu um significado especial nos rumos que a educação tomava no país e, em particular, na província de São Paulo, bem como afirmou o rumo de crescimento da cidade.
Se desde a colônia a educação esteve sob responsabilidade da Igreja ou de instituições religiosas, a construção da Escola Normal em terreno do antigo Largo dos Curros (atual Praça da República) marcou a orientação laica dos valores da Primeira República. Foi o governador da província de São Paulo (Francisco Rangel Pestana) que em 1890 autorizou a transferência de 200 mil cruzeiros que seriam dedicados à construção da Escola Normal.
O prédio novo da Escola Normal tornou-se um símbolo da República e fixou-se como referência e polo difusor de teorias científicas e pedagógicas. O conceito de Escola Modelo era aplicado à Escola Normal, para os alunos de 11 a 14 anos como para as crianças menores, no jardim-de-infância que se situava nos fundos da edificação
Quando em 1894, se inaugurou o prédio, a escola era circundada de residências de alto padrão. O investimento público na educação consolidou uma direção de crescimento da cidade – a direção oeste.
No andar térreo do prédio funcionava a Escola Modelo; em um anexo localizava-se o curso complementar; ao fundo, em uma construção independente, ficava o jardim-de-infância, demolido em 1940 para a ampliação da Avenida São Luís.
O edifício ocupa uma das faces da Praça da República e é absolutamente simétrico. Esse fato não se deve exclusivamente a razões de composição arquitetônica. As duas alas simétricas serviam como divisão entre os sexos: a ala leste era feminina e a ala oeste, masculina. O prédio também tinha função monumental, era símbolo de um novo regime, a República, representação de uma nova maneira de pensar o futuro do país.
O final do século XIX foi marcado pelo fortalecimento da indústria e, portanto, estava nascendo à cidade industrial. A história do edifício da Praça da República confunde-se com a da cidade, tanto na sua expansão como na sua transformação e arquitetura.
Quando da construção da Estação República do Metrô o Jardim-da-infância foi demolido e o edifício ameaçado de demolição pela Companhia do Metrô de São Paulo.
A ameaça de demolição pôde ser contida por uma mobilização da sociedade. Porém, o edifício deixou de ser escola e passou a sediar uma Secretaria de Educação do Estado.
A resistência à demolição do prédio reuniu as forças democráticas da sociedade de 1978. Acreditamos, no entanto que o patrimônio não é apenas o edifício histórico é também seu uso.
Em 1894 o edifício da Caetano de Campos simbolizava os ideais recém-vitoriosos de formação da República.
O distrito República é hoje o mais denso no que diz respeito à moradia de toda a Regional da Sé. Sendo assim, uma escola na região, não seria obsoleta: ao contrário, teríamos um equipamento que poderia ser muito bem aproveitado e desfrutado pela população do local.