Os bancos (particularmente, os nacionais) elevaram seus
encaixes procurando se precaver da eventual falência de seus devedores.
Simultaneamente ocorre uma retração dos depósitos, fato decorrido tanto da
contração dos demais setores da economia quanto da abrupta redução da liquidez.
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1º Agencia do Banco do Brasil em São Paulo |
A letargia instalada no âmago da economia paulista
resultou no fechamento da maior parte dos bancos de capital nacional de São
Paulo, sendo que, em 1906, apenas dois estabelecimentos que compunham este
grupo conseguiram sobreviver - o Banco Commercio e Indústria de São Paulo e o Banco
de São Paulo. Aliás, é oportuno mencionar que SAES destaca que um dos fatores
determinantes para a configuração da fragilidade dos bancos de capital
nacional, frente a eventuais conjunturas adversas pelas quais se deparavam, foi
a ausência de órgãos governamentais responsáveis pela gestão monetária e
creditícia no país até a década de 1920. Mas, por que apenas estes dois bancos,
com sede na capital, conseguiram sobreviver à devastadora contração econômica
que se seguiu nos primeiros anos do século XX afetando a todos os setores da economia?
O caso do Banco do Comércio e Indústria é emblemático, pois ratifica empiricamente
as teorias a respeito da dinâmica que envolvia a estrutura do grande capital
cafeeiro.
As conexões que interligavam vários acionistas deste
estabelecimento creditício (cujo capital inicial advinha dos negócios ligados
ao café) com outras empresas de grande porte foram fundamentais para amenizar o
impacto da recessão econômica sofrida pelo banco. Boa parte destes acionistas também
desempenhava funções administrativas nestas corporações, e que, por se tratarem
de grandes empreendimentos, puderam enfrentar a conjuntura econômica adversa
com maior destreza. Tendo em vista, a ligação financeira existente entre essas
grandes corporações e o Banco do Comercio e
Indústria compreende-se claramente as razões pelas quais
esta instituição financeira não foi tragada pela crise que assolava os demais
setores da economia. A insolvência de dezenas de pequenas firmas devedoras dos
demais bancos de capital nacional comprometeu a estrutura operacional de
diversos estabelecimentos bancários levando-os a situações de falências e
concordatas.
No início do século XX, a fiscalização ainda precária e a
falta de normas que exigissem o detalhamento de suas operações, apresentavam-se
como claras indicações de que os bancos ainda não teriam desenvolvido
plenamente seu papel de criadores de meios de pagamento, dada a manutenção de seus
elevadíssimos encaixes.
O período pós-1906 é marcado
pela vigorosa alavancagem da participação dos estabelecimentos financeiros
estrangeiros no mercado bancário de São Paulo, onde, dentro de poucos anos
assumiriam a hegemonia deste mercado. Esta 2ª fase ainda abrange outro
importante acontecimento - a reestruturação e o desenvolvimento do 5º Banco do
Brasil. Este instituto estaria embutido de dupla função: agente de controle
estatal sobre o setor bancário nacional e banco comercial.
Falaremos do Banco do Brasil abordando
no que diz respeito a sua função reguladora, descartando-se sua participação
como banco comercial no mercado bancário paulista, a não ser em casos
previamente ressaltados.
Aliás, TOPIK, procura
demonstrar no transcorrer de seu livro que, ao contrário do que o senso comum
acredita, o Estado Brasileiro era um dos mais intervencionistas da América
Latina, antes mesmo da Grande Depressão Mundial. Segundo o autor, um dos mais
importantes instrumentos de intervenção do Governo Central junto ao segmento
financeiro estabelecido no país, foi o Banco do Brasil.
Sentindo a necessidade de
estabelecer um banco que atuasse como instrumento público federal, as
autoridades monetárias juntamente com o aval do Congresso Nacional, reorganizou
o antigo Banco da República com novas bases recriando o 5º Banco do Brasil
através do Decreto nº 1.455, de 30 de dezembro de 1905.
Bibliografia:Chavantes Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário
em São Paulo na Década de 20 – fev 2004