sábado, 21 de junho de 2014

A fragilidade do setor Bancário Paulista no começo do século XX

Os bancos (particularmente, os nacionais) elevaram seus encaixes procurando se precaver da eventual falência de seus devedores. Simultaneamente ocorre uma retração dos depósitos, fato decorrido tanto da contração dos demais setores da economia quanto da abrupta redução da liquidez.
1º Agencia do Banco do Brasil em São Paulo
A letargia instalada no âmago da economia paulista resultou no fechamento da maior parte dos bancos de capital nacional de São Paulo, sendo que, em 1906, apenas dois estabelecimentos que compunham este grupo conseguiram sobreviver - o Banco Commercio e Indústria de São Paulo e o Banco de São Paulo. Aliás, é oportuno mencionar que SAES destaca que um dos fatores determinantes para a configuração da fragilidade dos bancos de capital nacional, frente a eventuais conjunturas adversas pelas quais se deparavam, foi a ausência de órgãos governamentais responsáveis pela gestão monetária e creditícia no país até a década de 1920. Mas, por que apenas estes dois bancos, com sede na capital, conseguiram sobreviver à devastadora contração econômica que se seguiu nos primeiros anos do século XX afetando a todos os setores da economia? O caso do Banco do Comércio e Indústria é emblemático, pois ratifica empiricamente as teorias a respeito da dinâmica que envolvia a estrutura do grande capital cafeeiro.
As conexões que interligavam vários acionistas deste estabelecimento creditício (cujo capital inicial advinha dos negócios ligados ao café) com outras empresas de grande porte foram fundamentais para amenizar o impacto da recessão econômica sofrida pelo banco. Boa parte destes acionistas também desempenhava funções administrativas nestas corporações, e que, por se tratarem de grandes empreendimentos, puderam enfrentar a conjuntura econômica adversa com maior destreza. Tendo em vista, a ligação financeira existente entre essas grandes corporações e o Banco do Comercio e
Indústria compreende-se claramente as razões pelas quais esta instituição financeira não foi tragada pela crise que assolava os demais setores da economia. A insolvência de dezenas de pequenas firmas devedoras dos demais bancos de capital nacional comprometeu a estrutura operacional de diversos estabelecimentos bancários levando-os a situações de falências e concordatas.
No início do século XX, a fiscalização ainda precária e a falta de normas que exigissem o detalhamento de suas operações, apresentavam-se como claras indicações de que os bancos ainda não teriam desenvolvido plenamente seu papel de criadores de meios de pagamento, dada a manutenção de seus elevadíssimos encaixes.
O período pós-1906 é marcado pela vigorosa alavancagem da participação dos estabelecimentos financeiros estrangeiros no mercado bancário de São Paulo, onde, dentro de poucos anos assumiriam a hegemonia deste mercado. Esta 2ª fase ainda abrange outro importante acontecimento - a reestruturação e o desenvolvimento do 5º Banco do Brasil. Este instituto estaria embutido de dupla função: agente de controle estatal sobre o setor bancário nacional e banco comercial.
Falaremos do Banco do Brasil abordando no que diz respeito a sua função reguladora, descartando-se sua participação como banco comercial no mercado bancário paulista, a não ser em casos previamente ressaltados.
Aliás, TOPIK, procura demonstrar no transcorrer de seu livro que, ao contrário do que o senso comum acredita, o Estado Brasileiro era um dos mais intervencionistas da América Latina, antes mesmo da Grande Depressão Mundial. Segundo o autor, um dos mais importantes instrumentos de intervenção do Governo Central junto ao segmento financeiro estabelecido no país, foi o Banco do Brasil.
Sentindo a necessidade de estabelecer um banco que atuasse como instrumento público federal, as autoridades monetárias juntamente com o aval do Congresso Nacional, reorganizou o antigo Banco da República com novas bases recriando o 5º Banco do Brasil através do Decreto nº 1.455, de 30 de dezembro de 1905.


Bibliografia:Chavantes   Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário em São Paulo na Década de 20 – fev 2004

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