Rua Formosa

Com o objetivo de sanear o Vale do Anhangabaú, a Câmara Municipal projetou uma nova via que ligaria a atual Avenida São João ao Largo da Memória.



A rua deveria ter um traçado de vanguarda, bem diferente das ruas íngremes e sinuosas do centro velho. Por isso, a nova rua seria reta e larga o suficiente para dar livre trânsito às pessoas e, ao mesmo tempo, proporcionar uma constante renovação do ar. Nascia assim o plano da Rua FORMOSA.

Não é preciso dizer que o proprietário das terras, Barão de Itapenininga, se opôs de imediato a proposta da obra. Longas conversações foram realizadas, pois a abertura da Rua Formosa, paralela a margem esquerda do Anhangabaú, tomaria parte da horta da chácara do Chá.


Aberta pelo município, a Rua Formosa foi inaugurada em 1855.1 No acordo realizado entre a Câmara e o Barão de Itapetininga, Joaquim José dos Santos Silva, este ficou com a posse dos terrenos que, divididos em lotes, mais tarde foram vendidos. Para o governo municipal, interessava apenas o leito da rua aberta.


A rua Formosa, representava tudo que a elite paulistana, da segunda metade do século XIX, desejavam para os outros loteamentos de São Paulo, por isso a escolha do nome para a rua, foi também a primeira vitória dos vereadores que abriu caminho para evolução das intervenção no Morro do Chá.


A partir da abertura desta rua, a Chácara e o Morro do Chá tal qual eram conhecidos, estavam com os dias contados.


Em 1910, o Vale do Anhangabaú foi todo ajardinado, transformando-se no Parque do Anhangabaú, com edifícios de arquitetura européia dos dois lados do vale. O antropólogo belga Claude Lévi-Strauss o descreveu em 1935:


"Desemboca-se à beira da ravina do rio Anhangabaú, atravessado por uma ponte que é uma das principais artérias da cidade. A baixada é ocupada por um parque no gosto inglês, canteiros ornados de estátuas e quiosques, enquanto na vertical dos dois taludes elevam-se os principais edifícios: o Teatro Municipal, o Hotel Esplanada, o Automóvel Club, os escritórios da companhia canadense que fornece a luz e os transportes".

Em 1950 o mensageiro José da Silva faz a seguinte descrição da rua: “As duas mãos dos trilhos dos bondes marcam a época que por ali eles transitavam no calçamento de paralelepípedos. O seu entorno é dominado pelo Viaduto do Chá; prédio do Lar Brasileiro, com o símbolo da Cia. Gulf de gasolina no topo; os baixos da Cia. Light de energia elétrica.


O Cine Cairo fica logo ali, na mesma calçada. Do outro lado da Avenida São João, o majestoso prédio dos Correios e Telégrafos.


A rua tem certas particularidades. Um restaurante só para mulheres mantido pela Liga das Senhoras Católicas, nos baixos do viaduto. Da rua, o cheiro da comida faz os sentidos acordarem. O lado par das construções da rua foi mutilado a favor do Vale do Anhangabaú. Os números ficaram ímpares.


O dia mais lembrado é um desfile de 7 de Setembro no Vale do Anhangabaú, com todo aquele aparato militar”.

Fiz questão de passear na rua Formosa para ver o que dela restou e no que ela se transformou no correr do tempo. A rua continua tendo sua numeração apenas do lado par. Principia a numeração na Av: São João. “Os baixo da Cia Light” deram lugar a área de carga e descarga do Shopping Ligth. Ao termino do prédio os bares e lanchonetes com um bonito e cuidado jardim em frente. No final da rua a saída do metrô Anhangabaú com acesso para o terminal de ônibus na Praça da Bandeira quase em frente e ao lado deste imenso trânsito de pedestres o Largo da Memória onde ainda resta a fonte da Memória no seu alto.

(1) – Atas da Câmara Municipal de São Paulo, Vol XLI, sessão do dia 27/07/1855, p. 109.


Correio na Esquina da Av: São João onde começa a rua Formosa