domingo, 22 de abril de 2012

O artesanato circunstancial do Edifício Thomaz Edson


Outro dispositivo no mesmo Decreto-lei (artigo 3º) determinavam que edifícios construídos na área central, a partir de altura de 40m, deveriam atender recuos  laterais 2,5m em relação às divisas do lote;e a partir  de 65m esses recuos deveriam ser de 4,5m no mínimo. Essas regulamentações esclarecem os corpos mais baixos e a torre (e sua pequena saliência) na configuração final do Edifício Thomaz Edson.
Analisando-se a planta do pavimento tipo (do 1º ao 11º) é possível perceber que partir do 12º andar- em se cumprindo os recuos – não era razoável manter o corpo criado para os fundos do lote: não haveria área útil que o justificasse; assim, foi conformada a torre como uma volumetria parcialmente autônoma; que também sofreu um decréscimo do 19º ao 24º pavimento; atendendo a um recuo de 4,5m. Diante desses dispositivos, enquanto o edifício atingia altura um escalonamento em forma piramidal era consequentemente definido; diferente, por tanto, do escalonamento decorrente dos recuos sucessivos identificados na Rua Marconi e outros logradouros da cidade.
Não há dúvida de que a legislação determinava os contornos da volumetria; entretanto, essas causas não são suficientes para explicar outras escolhas de projeto como a modulação estrutural, a disposição do núcleo regido ( elevadores, escadas e instalações sanitárias), as correções nas porporções e o domínio sobre a intenção formal: aqui entendida como o ideário moderno, ou parte dele.
Por meio da planta do tipo ( até 12º piso) é possível compreender a concepção estrutural do corpo principal paralelo à rua: uma malha de pilares no sentido perpendicular, distanciados regularmente (vãos de 5,04m), modula o espaço e estabelece ao alinhamentos das fileiras de pilares;o núcleo rígido e apoios embutidos nas paredes laterais encerram o sistema de apoios. No bloco voltado para os fundos, a estrutura está contida nas paredes laterais, sem grande destaque. Duas observações fazem-se necessárias quanto a modulação estrutural; primeiro, a modulação no sentido horizontal (5,04) sofre pequena correção se aproxima das divisas laterais e a modulação no sentido vertical (perpendicular a rua) também é ajustada em função da ligeira curvatura da fachada principal. Essas sutilezas evidenciam os contraditórios entre a ideia de um sistema (reprodução seriada) e a composição mais afeita às correções circunstanciais e de execução mais artesanal.

Bibliografia: Edificios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma – Alessandro José Castroviejo Ribeiro- Tese de Doutorado.