quinta-feira, 29 de agosto de 2013

São Paulo dos anos 40

Os anos 40 foram o início de uma nova era. A cidade abandonou os padrões estéticos europeus e adotou construções audaciosas, fundamentadas na verticalização e privilegiadas pela crescente indústria local e por um novo olhar. O olhar para o moderno.
Os anos 40 marcaram, no Brasil, o período final da ditadura imposta por Getúlio Vargas. Foi um momento de abertura política, de grande crescimento da indústria nacional e de modernização, tanto na economia, como na sociedade brasileira. Com o fim do Estado Novo, o processo de rearticulação da vida democrática, como salienta Feldman, trouxe de volta a disputa política – partidária e a constituição de órgão público mais abrangente e preocupado com as questões urbanas emergentes. Havia no país uma nova mentalidade positivista que impulsionava a um futuro promissor.
Os bondes faziam a ligação dos bairros da cidade
Em São Paulo, com a retomada da abertura política, havia a possibilidade de dar ao país uma resposta à derrota política sofrida em 1932. A vitória agora, se dava com outras armas e com outros combatentes. A indústria, o crescimento alucinante da cidade e o poderio econômico dos novos mecenas ricos imigrantes, destacavam a cidade das demais e a colocavam no topo nacional.
Nos anos 50 havia uma cidade à espera da ousadia e do arrojo de alguns homens que a despertassem para o necessário voo. Esta nova mentalidade seria muito utilizada pela mídia da época e por acadêmicos paulistanos como uma doutrina a ser seguida e uma espécie de mola propulsora de novos avanços.
A era pós Vargas trouxe aos arquitetos paulistas dois novos clientes: o burguês e o operário
A sociedade paulistana nos anos que seguiram após a abertura política e, sobretudo ao período do IV Centenário se apoiou no seu promissor futuro e se tornou o centro germinador de ideias e símbolos.
São Paulo, em meados do século XX, era uma cidade em franco crescimento. Segundo dados da revista Acrópole de 1952, “São Paulo, em 1940, possuía cerca de 1.326.261 habitantes e, em 1950, 2.227.512 habitantes”.  Do ponto de vista espacial,. A cidade cresceu de maneira assustadora: em 1930 era cerca de 130 quilômetros quadrados; em 1954 ultrapassava os 400 quilômetros quadrados. Desta forma, a cidade se tornou solo fértil para diversas transformações. No entanto, não podemos atribuir somente ao crescimento populacional ou espacial transformação de São Paulo em metrópole. Segundo Meyer, São Paulo tornou-se metrópole não apenas pelas dimensões assumidas, mas também pelos novos problemas sociais, pelo conforto com novos temas urbanos e, sobretudo, por uma nova sociedade, mais urbanizada e com grande poder econômico. O quadro da arquitetura paulista começou a alterar-se, tendendo a um pensamento coletivo voltado a modernidade.

Bibliografia: Monteiro, Ana Carla de Castro Alves – Os hotéis da Metrópole – O contexto histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940 – 1960)