domingo, 24 de junho de 2012

Oscar Niemeyer: situação abrangente


Edifício califórnia

A obra de Niemeyer no centro de São Paulo tem sido por diversas razões colocadas num segundo plano: duas são as razões relevantes: a primeira está associada ao caráter comercial dos empreendimentos, a segunda diz respeito às relações entre a arquitetura moderna e a cidade tradicional, objeto desta tese.
A respeito dessas considerações Niemeyer realizou seis obras no Centro de São Paulo. Obras comerciais, para escritórios e habitação. Obras implantadas em diferentes lotes: uma tipologia quase completa de situações urbanas no Centro além de uma representativa readaptação de tipos corbusierianos.
Edifício e galeria Califórnia um encaixe entre ruas.
O projeto do edifício e Galeria Califórnia , de Oscar Niemeyer Carlos Lemos, foi realizado em 1951. Situado em área de intensa transformação no Centro de São Paulo, o empreendimento, dado seu porte, exigiu o remembramento de lotes que se estendem da Rua Barão de Itapetininga à Rua Dom José de Barros: dando lugar a uma implantação singular, que permitiu alta densidade associada à permeabilidade do interior da quadra.
Nos mapas de 1881 a quadra de origem da Califórnia estava parcelada em lotes estreitos e ocupando em três de seus lados: as edificações encontravam-se no alinhamento da rua e o miolo quadra não havia edificação. No Sara Brasil está ocupação intensifica-se pelos quatro lados e o interior da quadra é ocupado por construções maiores. No Vasp-Cruzeiro (1954), as tipologias já estão modificadas e o lote onde se construiria o Edifício e Galeria Califórnia encontrava-se desocupado, na forma final de um “L”. Como muitos edifícios no centro da cidade, o Edifício e Galeria Califórnia é o resultado dos novos parâmetros de ocupação. Atendendo às normas e visando obter o maior aproveitamento possível, o edifício foi implantado junto aos alinhamentos do lote, ocupando toda a extensão das faces lindeiras às duas ruas limítrofes. Cada uma dessas faces foi desenvolvida até a altura máxima determinada pela largura do logradouro. A partir dessa altura ou gabarito eram obrigatórios, os escalonamentos (os recuos sucessivos). Nas ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros eram admitidas  alturas no alinhamento de 2,5 vezes a largura da rua. Desta maneira era possível atingir a altura máxima de 60m para ruas com largura entre 12 e 18m.
Definidas as testadas do lote, a parte interna foi conformada por meio da distribuição dos conjuntos de escritórios  em quatro corpos distintos, voltadas para um grande pátio interno. Dois corpos encontram-se voltados para as rua Barão de Rio Itapetininga e Dom José de Barros.
Os outros dois postados no interior do lote, em forma de “L”, ao lado de um dos cantos do pátio. Os dois primeiros corpos estão encostados nas dividas e possuem abertura para as ruas e para o pátio interno. Os blocos mais estreitos têm uma face encostada nas divisas de fundo e lateral e outra com as aberturas também voltadas para o pátio. Uma bateria de seus elevadores, situada nesse vértice interno do lote, concentra a circulação vertical. Os corredores de acesso aos escritórios, embora extensos, serão lagos e se beneficiam de aberturas nos intervalos dos blocos de escritórios. Esses corredores ora correm pela divisa no trecho em “L”, ora penetram pelo meio dos blocos maiores.

Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma. Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de doutorado.