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Edifício califórnia |
A obra de Niemeyer no centro de São Paulo tem sido por
diversas razões colocadas num segundo plano: duas são as razões relevantes: a
primeira está associada ao caráter comercial dos empreendimentos, a segunda diz
respeito às relações entre a arquitetura moderna e a cidade tradicional, objeto
desta tese.
A respeito dessas considerações Niemeyer realizou seis
obras no Centro de São Paulo. Obras comerciais, para escritórios e habitação.
Obras implantadas em diferentes lotes: uma tipologia quase completa de
situações urbanas no Centro além de uma representativa readaptação de tipos
corbusierianos.
Edifício e galeria Califórnia um encaixe entre ruas.
O projeto do edifício e Galeria Califórnia , de Oscar
Niemeyer Carlos Lemos, foi realizado em 1951. Situado em área de intensa
transformação no Centro de São Paulo, o empreendimento, dado seu porte, exigiu
o remembramento de lotes que se estendem da Rua Barão de Itapetininga à Rua Dom
José de Barros: dando lugar a uma implantação singular, que permitiu alta
densidade associada à permeabilidade do interior da quadra.
Nos mapas de 1881 a quadra de origem da Califórnia estava
parcelada em lotes estreitos e ocupando em três de seus lados: as edificações encontravam-se
no alinhamento da rua e o miolo quadra não havia edificação. No Sara Brasil
está ocupação intensifica-se pelos quatro lados e o interior da quadra é
ocupado por construções maiores. No Vasp-Cruzeiro (1954), as tipologias já
estão modificadas e o lote onde se construiria o Edifício e Galeria Califórnia
encontrava-se desocupado, na forma final de um “L”. Como muitos edifícios no
centro da cidade, o Edifício e Galeria Califórnia é o resultado dos novos
parâmetros de ocupação. Atendendo às normas e visando obter o maior aproveitamento
possível, o edifício foi implantado junto aos alinhamentos do lote, ocupando
toda a extensão das faces lindeiras às duas ruas limítrofes. Cada uma dessas
faces foi desenvolvida até a altura máxima determinada pela largura do
logradouro. A partir dessa altura ou gabarito eram obrigatórios, os
escalonamentos (os recuos sucessivos). Nas ruas Barão de Itapetininga e Dom
José de Barros eram admitidas alturas no
alinhamento de 2,5 vezes a largura da rua. Desta maneira era possível atingir a
altura máxima de 60m para ruas com largura entre 12 e 18m.
Definidas as testadas do lote, a parte interna foi
conformada por meio da distribuição dos conjuntos de escritórios em quatro corpos distintos, voltadas para um
grande pátio interno. Dois corpos encontram-se voltados para as rua Barão de
Rio Itapetininga e Dom José de Barros.
Os outros dois postados no interior do lote, em forma de
“L”, ao lado de um dos cantos do pátio. Os dois primeiros corpos estão
encostados nas dividas e possuem abertura para as ruas e para o pátio interno.
Os blocos mais estreitos têm uma face encostada nas divisas de fundo e lateral
e outra com as aberturas também voltadas para o pátio. Uma bateria de seus
elevadores, situada nesse vértice interno do lote, concentra a circulação vertical.
Os corredores de acesso aos escritórios, embora extensos, serão lagos e se
beneficiam de aberturas nos intervalos dos blocos de escritórios. Esses corredores
ora correm pela divisa no trecho em “L”, ora penetram pelo meio dos blocos
maiores.
Bibliografia:
Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e
forma. Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de doutorado.
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