domingo, 1 de julho de 2012

As formas do Edifício California


A forma desse edifício, como foi visto, surgiu severamente condicionada pelas normas urbanísticas e à geometria do terreno.
Sob essas condições, foi possível pelo edifício e pela galeria reinterpretar uma quadra moderna consolidada sob um tecido pré-existente, originário da segunda metade do século XIX. Sua volumetria dá continuidade e completa a ocupação característica das ruas Dom José de Barros e Barão de Itapetininga, especialmente esta última, cuja massa edificada constituiu um notável conjunto contínuo de edificações de mesma implantação e altura. Tal condição tem alto valor porque concilia unidade da morfologia urbana e expressão individual de cada edifício; limitada ao gabarito de cada face conforme larguras do logradouro público.
Esse condicionamento, porém, não são propícios à adoção de determinados preceitos da arquitetura tal como o desenvolvimento de volumes autônamos sobre o embasamento ou com recuos em todas as faces. Tratando-se de um empreendimento comercial, não é possível tampouco a liberação integral do térreo pelo sistema de pilotis. Não obstante, ainda que de forma contida ou híbrida tais dimensões encontram lugar na obra realizada. De um lado a subdivisão dos blocos em prismas trapezoidais parece querer torná-los formas autônomas: os estreitamentos na circulação, soltando os blocos internos ilustram tal condição. Se a solução é parcial, o benefício para a melhoria da iluminação de algumas partes notadamente dos corredores, é inegável. Se não é possível adotar integralmente a solução de pilotis, o princípio fundamental desse dispositivo foi alcançado, uma vez que a presença da galeria restituía cidade o nível do chão sob a forma de espaço de utilização pública.
Esse edifício, cuja forma arquitetônica parece ser o resultado de uma tensão entre as normas e parâmetros tradicionais e o impulso para adoção dos princípios da Arquitetura Moderna, alcançou, programaticamente, por meio de um pátio interno, uma solução de alta qualidade para iluminação e aeração de suas faces internas; principalmente levando-se em conta que a orientação das fachadas estava determinada por circunstâncias foi possível solucionar satisfatoriamente as fachadas: o brise-soleil na face voltada para a Barão de Itapetininga atende à orientação nordeste, e sua ausência nas demais faces se justifica ora por ser desnecessário, ora pelo conforto asseguradopelo desenho do pátio interno.
Bibliografia: Edifícios Modernos e o centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma – Alesandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de Doutorado.

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