segunda-feira, 9 de julho de 2012

Eiffel: adaptação a partir do arranha-céu cartesiano


Edificio Eiffel

Um olhar sobre o Edifício Eiffel (1956) na atual Praça da República não revela de imediato o que está por de trás de sua forma. A filiação ao arranha-céu cartesiano (1938) de Le Corbusier pode ser entendida de imediato, mas é preciso recorrer a suas plantas para compreendê-lo melhor e, de alguma maneira, desvendar como foi alcançado sua com figuração final.
A praça da república ocupa o antigo Largo dos Curros, cujas primeiras demarcações já estão presentes nas plantas da cidade de São Paulo de 1810 (Engº Rufino José Felizardo e Costa). Nas cartas de 1841(C.A.Bresser) e 1842 ( J. Jacques Costa Ourique) encontra-se definida com a denominação Campo dos Curros vendo, posteriormente se chama Largo 7 de abril.
Em carta de 1890 (logo após a Proclamação da República) de Jules Martin aparece com a atual denominação com seus limites já perfeitamente definidos.
O mapa cadastral Sara-Brasil (1930) reintera essa conformação, acrescida do edifício da escola Normal e respectivo Jardim de Infância. Em 1940, quando da realização do Plano de Avenidas do engenheiro depois prefeito, Prestes Maia, seu traçado é novamente modificado. Prolongamento da Av São Luiz implicou a demolição do Jardim de Infância e redefinição de três quadras adjacentes. Dê uma delas, acertados os cortes de alinhamento  das vias, surgiu o terreno de forma triangular – onde hoje se encontra o Edifício Eiffel.
O prolongamento da Av São Luiz nos anos 40 e simultâneo alargamento alterou em um de seus lados os traçados configurados em 1890. Contudo, apesar dos acertos geométricos, a praça guarda praticamente as mesmas proporções características associadas às suas origens de logradouro destinado às paradas de tropas de muares do período colonial. No entanto, o mesmo não se pode dizer com respeito à volumetria no entorno da praça, hoje altamente verticalizada.
O terreno configurou-se então como um triângulo retângulo- apesar do pequeno chanfro e do dente de um de seus catetos. O lado maior tem a face voltada para a Praça da República. De qualquer modo, trata-se de um terreno de configuração irregular, resultante de uma das muitas operações cirúrgicas feitas sobre arruamentos antigos. O edifício é de uso habitacional com apartamentos de piso duplo, de três e dois dormitórios: nos pavimentos térreos, sobrelojas e 1º andar o uso é destinado ao comércio. Um subsolo para garagem complementar o programa.
Um programa, um lote triangular e uma legislação, que estimulava a verticalização e o máximo aproveitamento do lote, compõem os ingredientes  a serem considerados pelo projeto arquitetônico. Em resposta a essas demandas, Oscar Niemeyer , com colaboração de Carlos Lemos, adota um partido referenciado ao modelo do arranha-céu cartesiano: no estrito senso uma transposição direta, porém, sujeita aos imperativos das condições locais.
O arranha-céu cartesiano é uma variação do arranha-céu cruciforme proposto para a Cidade Contemporânea. Como estrutura formal já aparece em alguns estudos para habitação por volta de 1935.

Bibliografia: Edifícios Modernos e o centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma- Autor Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de Doutorado