Edificio Eiffel |
Um olhar sobre o Edifício Eiffel (1956) na atual Praça da
República não revela de imediato o que está por de trás de sua forma. A filiação
ao arranha-céu cartesiano (1938) de Le Corbusier pode ser entendida de
imediato, mas é preciso recorrer a suas plantas para compreendê-lo melhor e, de
alguma maneira, desvendar como foi alcançado sua com figuração final.
A praça da república ocupa o antigo Largo dos Curros,
cujas primeiras demarcações já estão presentes nas plantas da cidade de São
Paulo de 1810 (Engº Rufino José Felizardo e Costa). Nas cartas de 1841(C.A.Bresser)
e 1842 ( J. Jacques Costa Ourique) encontra-se definida com a denominação Campo
dos Curros vendo, posteriormente se chama Largo 7 de abril.
Em carta de 1890 (logo após a Proclamação da República)
de Jules Martin aparece com a atual denominação com seus limites já
perfeitamente definidos.
O mapa cadastral Sara-Brasil (1930) reintera essa conformação,
acrescida do edifício da escola Normal e respectivo Jardim de Infância. Em
1940, quando da realização do Plano de Avenidas do engenheiro depois prefeito,
Prestes Maia, seu traçado é novamente modificado. Prolongamento da Av São Luiz
implicou a demolição do Jardim de Infância e redefinição de três quadras
adjacentes. Dê uma delas, acertados os cortes de alinhamento das vias, surgiu o terreno de forma
triangular – onde hoje se encontra o Edifício Eiffel.
O prolongamento da Av São Luiz nos anos 40 e simultâneo
alargamento alterou em um de seus lados os traçados configurados em 1890.
Contudo, apesar dos acertos geométricos, a praça guarda praticamente as mesmas
proporções características associadas às suas origens de logradouro destinado às
paradas de tropas de muares do período colonial. No entanto, o mesmo não se
pode dizer com respeito à volumetria no entorno da praça, hoje altamente
verticalizada.
O terreno configurou-se então como um triângulo
retângulo- apesar do pequeno chanfro e do dente de um de seus catetos. O lado
maior tem a face voltada para a Praça da República. De qualquer modo, trata-se
de um terreno de configuração irregular, resultante de uma das muitas operações
cirúrgicas feitas sobre arruamentos antigos. O edifício é de uso habitacional
com apartamentos de piso duplo, de três e dois dormitórios: nos pavimentos
térreos, sobrelojas e 1º andar o uso é destinado ao comércio. Um subsolo para
garagem complementar o programa.
Um programa, um lote triangular e uma legislação, que
estimulava a verticalização e o máximo aproveitamento do lote, compõem os
ingredientes a serem considerados pelo
projeto arquitetônico. Em resposta a essas demandas, Oscar Niemeyer , com
colaboração de Carlos Lemos, adota um partido referenciado ao modelo do arranha-céu
cartesiano: no estrito senso uma transposição direta, porém, sujeita aos
imperativos das condições locais.
O arranha-céu cartesiano é uma variação do arranha-céu
cruciforme proposto para a Cidade Contemporânea. Como estrutura formal já
aparece em alguns estudos para habitação por volta de 1935.