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Edifício Renata Ferreira Sampaio |
No ABC, o tema se antevê é o da curtaim-wall, ou das
paredes externas envidraçadas, preenchendo o vão entre pilares e vigas. A
fachada é definida pela malha estrutural, pilares e vigas de concreto armado,
explicitados em sua modulação: somente modificada nos desiguais juntos à parede
na transição das fachadas. De certa maneira, aquilo que é conhecido como lógica
estrutural e espacial é rebatido didaticamente nas fachadas.
No Renata Sampaio Ferreira, por uma operação distinta, o
que se vê é uma parede cortina composta por elementos vazados de concreto, a
conformar um plano que protege a primeira pele constituída por esquadrias de
madeira e vidro. Essa segunda parede se estrutura por meio de uma lógica modular
própria, onde montantes verticais descarregam suas cargas sobre lajes
prolongadas a partir de vigas de borda, de forma que suas armações
relacionam-se à estrutura principal indiretamente, guardando ritmo e paginação
própria.
Do ABC para o edifício Renata Sampaio, nota-se uma
transformação significativa na linguagem de Bratke: seja por novas práticas
estruturais e pormenores construtivos seja na busca de novos tratamentos
plásticos que expressassem valores de caráter mais nacional, seja na procura de
novas tipologias para edifícios verticais. Nas práticas construtivas
procurou-se uma acomodação às condições da indústria nacional envolta num
ideário tomado como paradigma, como os elementos vazados usados para sombrear a
fachada tropical, para camuflar instalação de ar condicionado, para compor plasticamente
uma fachada sul (elementos vazados recobrem paredes cegas de alvenaria). O
edifício deixa de ser um monobloco, como no ABC, onde, comparecem os clássicos
elementos de base, deslinhas desenvolvimento e coroamento, para separar a torre
do embasamento; pela linha de sombra criada a partir de seu “arranque” formal.
No fazer arquitetônico de Bratke é possível notar um
processo pelo qual a linguagem tradicional vai se transformando numa novas
linguagem . Os três aqui analisados nos permitem em parte constatar essa
transformação: porém, as passagens não são tão diretas, imediatas. Os rastros
entre um fazer, e outro se encontram ali. Entretanto, muitas vezes denotam
caminhos distintos. As esquadrias desenhadas sempre pela mesma racionalidade
exemplificam a familiaridade: apesar dos diferentes materiais, madeira e ferro,
guardam em suas paginações, três linhas divisórias: que separam ventilação e
iluminação. Por outro lado, nos raciocínios espaciais e estruturais as
diferenças são marcantes: ora pelo programa, ora pela busca da formulação da
ossatura independente em seu sentido mais original.
Bibliografia: Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e forma- Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de doutorado.