segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Arquitetos modernos construíram a cidade de São Paulo

Salas de cinema, teatros, museus, edifícios-galerias apresentavam-se como programas já existentes, mas numa escala diferenciada. Estes novos espaços eram objetos de estudo dos arquitetos modernos que participavam de maneira mais ativa da construção da cidade legal.
Neste contexto os espaços produzidos pelos arquitetos modernos com recursos da iniciativa privada eram cada vez mais fundamentais para a construção da paisagem urbana. Ao iniciar o desenho urbano que deveria acompanhar as principais vias. A intenção era contribuir para a consolidação da imagem da cidade moderna evocada pelas grandes avenidas que estavam em execução e pelos grandes edifícios que deveriam compor o perfil das vias.
Edifício Itália visto do Edifício Copan - São Paulo
Neste sentido, mostrava-se fundamental também a construção de edifícios com caráter monumental que se destacassem na malha urbana.
Prova disto, era a existência de um artigo no Decreto-lei nº 92 que determinava que nos pontos focais ou de grande interesse arquitetônico das vias do circuito se novas avenidas poderiam ser admitidas alturas além dos limites previstos . 25% da área do lote se este for interno, 30% se for esquina, e 35% se for isolado de todos os lados por ruas. Esta altura máxima era o dobro dessas mínimas obrigatórias estabelecidas – 39 metros – para a avenida Ipiranga, um trecho da São João, Largo do Paissandu, Praça Julio de Mesquita, Largo do Arouche, Praça da república e rua Vieira de Carvalho.
Esta questão dos pontos focais como área de interesse já se apresentava no já citado texto do Plano de Avenidas. Lá se defendia que “os novos edifícios públicos devem de preferência procurar as boas artérias e pontos focais, e não as artérias os edifícios para polos à mostra”. Isto demonstrava que as vias do Plano seriam executadas em função de uma maior eficiência na circulação de veículos, enquanto que o surgimento de perspectivas visuais da cidade moderna ocorreria numa segunda etapa com a implantação de edifícios seguindo a nova legislação.
Neste sentido, a presença do Edifício Itália na paisagem do Centro Novo ganhou destaque pela sua relação com as novas vias do circuito do anel central. O edifício atingiu a altura de 151 metros (45 andares) e foi considerado por muitos anos o edifício mais alto da América Latina e o mais alto do mundo em estrutura de concreto armado.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os edifício modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)