sábado, 20 de outubro de 2012

A permeabilidade das Galerias no Centro Novo


A concentração de galerias na região do Centro Novo aumento a possibilidade de deslocamento pela região. Os caminhos possíveis não se resumem aqueles estabelecidos pelas vias públicas, mas também pelas passagens criadas nos pavimentos térreos.
Esta rede de galerias torna as quadras muito mais permeáveis pela presença de espaços em meio à alta concentração de edifício na região. Estes espaços de circulação estabelecidos no térreo mudaram a densidade da malha urbana no nível do pavimento térreo. Novos percursos são criados dentro da malha tradicional. Esta ligação entre os caminhos é fortalecida pelo próprio projeto das galerias que muitas vezes estabelece ou ressalta a presença de uma vizinha. Exemplo mais conhecido é a conexão entre a Galeria Itá e a R. Monteiro onde a ligação entre as duas ruas por um caminho interno à quadra era um dado de projeto para a equipe de Rino Levi. A conexão entre os edifícios é ressaltada pelas grandes aberturas, pelos acessos facilitados, pelos desenhos das calçadas que se prolongam.
Entre a avenida São João e a rua Barão de Itapetininga- importantes eixos xulturais da região – a presença das galerias Guatapará, Itá-R.Monteiro e Grandes Galerias traçam um eixo paralelo às vias existentes:Dom José de Barros e Conselheiro Crispiniano. A presença de grandes aberturas nos edifícios Grandes Galerias e R. Monteiro ressaltam a relação destes edifícios com seu entorno, enfatizando a continuidade do espaço público. Os dois edifícipos apresentam pavimentos acima da cota do passeio público que abrem suas visuais para a vida pública nas calçadas. Estes pavimentos tem acesso facilitado pelas escadas rolantes.
Dentro do perímetro estudado, a quadra que se situa entre a Avenida Ipiranga e a São Luiz é a que apresenta maior permeabilidade. Ali, a galeria do Copan abra-se para a passagem da rua Normanda e para a passagem do edifício Conde Penteado. A galeria do edifício Itália possibilita “cortar-caminho” pela esquina da quadra, da mesma maneira que o conjunto Zarvos-Ambassador conecta a rua São Luiz com a Consolação, mesmo estando em níveis diferentes, Essa relação de continuidade entre as galerias foi estimulada inclusive pela legislação(lei 5.114, em seu artigo 4º) e criou um contexto espacial de grande permeabilidade na região do Centro Novo.
A inserção desses diversos edifícios Centro Novo tornou possível a conexão entre ruas paralelas e diminuiu elo a distância entre diversos espaços públicos. É possível, por exemplo, estabelecer uma conexão entre a galeria Nova Barão, das artes, 7 de abril e Ipê. Este mesmo conjunto quando conectado às galerias Itá- R. Monteiro ou Guatapará e Grandes Galerias realizam um percurso alternativo entre a Prça Dom José de Barros e o Largo Paissandu.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo Arquitetura e Cidade (1938-1960) Doutorado 2010.
                                                                                                 

domingo, 14 de outubro de 2012

Conjunto Metropolitano : a separação entre torre e embasamento

Edificio Metropolitano

No Edifício Itália a torre desprende se da base, mas as massas complementares ainda o fazem pesadamente preso ao chão. No Conjunto Metropolitano ocorrerm mudanças significativas: a separação entre torre e embasamento é mais evidente e limpa. A racionalidade começa na rua e estende-se para os interiores da galeria comercial: ali, a força da geometria abstrata domina os desacertos ou incômodos vindos da periferia do lote. Nesse fluxo houve uma inversão operativa significativa: o pátio interno – ou vazio_ é a racionalidade recôndita que potencializa intenções manifestadas no exterior.
            O Conjunto Metropolitano projetado foi fruto de concurso fechado em 1959, denominado de conjunto edifício “Maximus”, sob iniciatiova da Companhia Santista de Administração e Comércio e Sociedade Comercial e Construtora S/A
            Projetado por Salvador Candia e Giancarlo Gasperini, em 1960, encerra os anos 50 e inicia os 60. Não por acaso: sua forma, implantação, limguagem e programa são articulados de tal maneira que deixam claras as intenções e diferenças entre a arquitetura moderna e a cidade tradicional; embora não sem alguma dificuldade de forma. De textura nem tanto.
            Localizado na esquina da Praça Dom José Gaspar com Avenida São Luiz, o Conjunto tem seu lote decorrente em parte das ocupações na rua São Luiz já no início do século XX, mas principalmente como decorrência do Plano de Avenidas, a saber: o alargamento da São Luiz e da Braulio Gomes, o prolongamento da Marconi, ligação com a Basílio da Gama; além dom importante acerto da geometria entre a esquina do Conjunto com a Praça Dom José Gaspar (biblioteca). Esse desenho sugere (apenas em projeção) uma simetria “barroca” a enquadrar um pequeno eixo monumental compreendendo as ruas Braulio Gomes e Marconi. Dessa dilatação resultou-se uma reentrância que seria incorporada como indício de uma rua interna ligando a praça Dom José de Barros à rua Basílio da Gama. Começava assim um profícuo projetual que aprofundaria essa particularidade engendrada nas visões urbanísticas de Prestes Maia.
Jaime Cunha Jr fez uma abordagem do edifício Metrópole, em parte suas análises em torno do edifício e a cidade coincidem com os propósitos aqui enfrentados. A documentação do edifício é farta, sobretudo a narrativa da evolução das formas pelos croquis de estudos (2007). De início Cunha Jr relaciona já nos primeiros estudos a importância da ligação entre a Basília da Gama e Dom José Gaspar: ali, pelo recorte já citado. “O memorial descritivo da proposta menciona a importância de tal acesso para a viabilidade das atividades comerciais, e seu valor na estruturação do partido arquitetônico, que originou segundo as próprias palavras do arquiteto o “Centro de Gravidade” de todo o edifício”.
Bibliografia: Ribeiro, Alessandro José Castroviejo -  Edificios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma. Tese de doutorado 2010