sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A primeira Galeria do Centro Novo em detalhes

Casa Guatapará

O memorial descritivo do projeto de reforma dava as aberturas existentes conservadas e novo rasgo no concreto armado do forro vedados com vidros Saint Gobain, grantindo assim, uma perfeita iluminação e ventilação nos saguões. No estrangulamento das entradas para o Edifício Guataparazinho, pelas ruas Barão e 24 de Maio, foram colocadas apenas vitrines para manter a largura da passagem praticamente constante ao longo da galeria. A ligação entre as quadras foi projetada de forma direta sem obstáculos e as lojas foram adequadas às dimensões da planta existente por isso foram dispostas de forma irregular, ocupando todo espaço disponível. Elas não apresentam acessos independentes de serviço ou saída de emergência, o que também não era exigido na legislação. Os sanitários foram construídos para atender à galeria, embora algumas lojas os possuíssem, a maioria utilizava o bloco coletivo. Compondo o conjunto e marcando o ritmo da passagem na galeria comercial, foram colocadas colunas postiças e floreiras distribuídas nas paredes laterais sobre o piso de pastilhas cerâmicas.
No edifício original, característico da década de 20, com um tratamento arquitetônico requintado na fachada e vários elementos ornamentais como pequenos portões sobre algumas janeçlas, mísulas decoradas com elementos florais, medalhões e balcões definidos com guarda-corpos de balaústre – grande parte foi conservada. Além das características arquitetônicas, mantiveram-se também as atividades de outrora, as salas continuaram ocupadas por escritórios, agora de profissionais liberais e prestadores de serviços, enquanto o térreo permaneceu com sua característica notadamente comercial, ampliada e remodelada pela galeria. Com a galeria, a dinâmica do edifício foi transformada, o traçado regular e direto e o tratamento arquitetônico datado dos anos 30 atrás o conjunto eclético as novas necessidades e anseios do comércio varejista que estava migrando para o centro novo. A possibilidade de instalar-se a Rua Barão de Itapetininga, uma das mais nobres e famosas ruas da cidade, entusiasmou pequenos comerciantes que viam na locação ou compra de pequenos espaços, como os propostos pela Galeria Guatapará uma possibilidade de estar no Centro Novo.

Bibliografia: Aleixo, Cinthia Augusta Poleto – Edifícios e Galerias Comerciais Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50 -60.