Latrina Romana |
Uma constatação feita pela Comissão quanto ao asseio é bastante curiosa, pois há uma clara relação entre a origem dos habitantes e as condições de limpeza da habitação: ”O soalho jamais se lava com excepção daquela habitação ocupada por famílias alemãs, ou de gente do norte da Europa onde o anseio é quase sempre irrepreensível”. Essa observação aplica-se como luva ao cortiço da rua Triumpho, 49. Nesse cortiço, existiam oito cubículos e sua proprietária, Maria Alvina Fanisnem, era de nacionalidade alemã. A área livre do cortiço tinha ao todo 156 metros quadrados, onde estava instalada a latrina. “(...) limpa, mas carece de retoques no cimento no chão”, uma torneira para água, três sarjetas e dois ralos. A área era parcialmente cimentada. Nas prescrições, a Comissão recomendava ladrilhar o restante da área, remover material empilhado no telhado e substituir a cerca de tábuas por gradil. Nos 8 cubículos moravam 28 pessoas: em 7 cubículos moravam indivíduos de origem alemã e apenas em um único cubículo habitavam 4 adultos de origem italiana. As boas condições de asseio foram registradas pela Comissão nos cubículos habitados pelas famílias de origem alemã. Mesmo em três cubículos condenados, para os quais a Comissão propunha a interdição, ela faz notar a limpeza. Eles possuíam dimensões bastante desproporcionais ao número de moradores – 18 e 19 metros cúbicos: “capacidade insuficiente, muito baixo conquanto muito limpo e aceado”. Portanto a interdição era mais em razão das más condições da construção e das suas reduzidíssimas dimensões do que por causa das condições de limpeza.
No cubículo que apresentava excesso de lotação, habitava a família de Theodoro Oeckinghaus, composta por dois adultos e dois menores. A capacidade cúbica de 18 metros e o aluguel de quinhentos mil reis. No outro cubículo interditado morava sozinha a viúva Elisa Dila. Apesar de um pouco maior 19 metros cúbicos, o aluguel era 1/3 menor do que é pago pela família Oeckinghaus, dez mil reis. Talvez o menor valor do aluguel fosse devido a um contrato mais antigo.
O único cubículo de moradores italianos era o de João Logarini. Na ficha não constava a informação de suas dimensões, mas o aluguel era o mais elevado sessenta mil reis. Nele funcionava uma venda na frente e, segundo a observação da Comissão, “(...) carecendo de aceio geral”. As prescrições previam: “Fazer o aceio do soalho caiar as paredes e fazer a pintura nova”.
Outro cortiço habitado por “gente do norte da Europa”, também limpos e asseados, era o da rua dos Gusmões, 101, de propriedade de Julio Viccari. Dispunha de quatro cubículos, todos alugados para suecos distribuídos em três famílias com menores e uma sem menores. As dimensões dos cubículos não constam na ficha, no entanto a área livre era de 91 metros quadrados, onde estavam instaladas 2 latrinas “a melhor” sarjeta e 1 ralo. Entre as reformas recomendadas pela Comissão em suas prescrições estão: “(...) ladrilhar a parte da área entre as casinhas e a sarjeta existente. Cimentar a latrina em redor cimentar as pequenas áreas do fundo das casinhas.Bibliografia:
Os Cortiços de Santa Ifigênia Sanitarismo e Urbanização (1893)