sábado, 7 de junho de 2014

Sistema bancário paulista e seus caminhos.

No que concerne a primeira e a segunda metas, pode-se afirmar que, conforme os bancos comerciais foram ampliando suas atividades e, portanto expandindo sua capacidade de criação de meios de pagamento, o governo passou a encará-los como parte da política monetária. Deste modo, as autoridades econômicas procuraram instituir controles mais rigorosos sobre seus aspectos operacionais e estruturais, além de estabelecerem regras, visando desencorajar a especulação cambial. Os objetivos do poder público em ambos os casos seriam alcançados através de um conjunto de medidas estipuladas pelo Decreto 14.728 (que regulava o serviço de fiscalização das operações bancárias e cambiais).
Além do mais, à medida que a dinâmica das transações econômicas internas se acelerava, a participação dos bancos no processo de circulação monetária também se intensificava. Percebendo a constituição da nova conjuntura, o governo deu início a implantação de mecanismos que agilizassem e dessem respaldo às vicissitudes da circulação monetária, criando assim a Carteira de Redescontos e a Câmara de Compensação, ambos setores do Banco do Brasil.
Salientando o terceiro objetivo, nota-se a disposição governamental em fortalecer o sistema bancário nacional, num cenário onde os bancos estrangeiros, principalmente os ingleses, tinham absoluta hegemonia8. Ao final dos anos 20, pela melhoria da eficiência operacional dos bancos domésticos, mas, principalmente, por meio de normas bancárias (formuladas em sua maioria por banqueiros da época) que propiciaram a equidade de condições competitivas, os estabelecimentos nacionais já dominavam o mercado bancário no país.
É certo que a intervenção estatal na gestão de políticas creditícias, no que concerne ao incentivo à expansão do crédito às atividades econômicas, não foi a tônica governamental. Porém, cabe salientar que alguns agentes do governo tiveram grande disposição de estimular os bancos a ampliar seus empréstimos aos setores produtivos com vistas ao crescimento econômico.
Uma vez descrito o ambiente econômico e financeiro pelo qual o Estado de São Paulo atravessava, além da apresentação de um resumo das finalidades da regulação econômica, cremos agora, ser oportuno a exposição do teor de cada capítulo.
Visto que o governo tinha por prioridade o controle da moeda e do câmbio, a atividade bancária, que a partir da década de 20 contribuiu decisivamente para o aumento da liquidez, passou a ser tratada como um instrumento de aperfeiçoamento da política monetária e cambial, cabendo à legislação oferecer os subsídios para que tal objetivo fosse alcançado.
Para uma melhor compreensão da conjuntura, descreveremos, em breves comentários, a retrospectiva da estrutura do sistema bancário no Brasil e suas transformações, em grande medida ocasionadas, inicialmente, por um maior controle do mercado de câmbio ocorrido nos anos finais da Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, pela Reforma Bancária de 1921.
Tendo em vista que várias das autoridades econômicas responsáveis pela implantação das regulações das atividades bancárias também conservavam elos administrativos ou econômicos com bancos paulistas examinaremos quais as contribuições dadas por esses agentes, não só no sentido de fortalecer as instituições financeiras domésticas, quanto também para o estabelecimento de um sistema bancário mais “saudável” e melhor estruturado.
Tratar-se-á dos motivos que levaram a ascendência, no Estado de São Paulo, dos bancos de capital nacional ao longo da última década da Primeira República e, por conseguinte as razões do declínio da participação do conjunto dos bancos estrangeiros, que até o final da década de 1910, possuíam posição de completa hegemonia no mercado bancário paulista.

Bibliografia:Chavantes   Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário em São Paulo na Década de 20 – fev 2004


domingo, 1 de junho de 2014

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

A expansão desenvolvimentista do Estado de São Paulo pode ser explicada pela conjunção de vários fatores, quase todos associados ao segmento da economia cafeeira. Em contraste com os outros ciclos econômicos, o café constituiu um estímulo a maior desenvolvimento no Estado.
Banco Nacional do Comércio
A fim de compreendermos as razões que levaram São Paulo a alcançar a hegemonia econômica desde os primórdios do século XX, far-se-á necessária uma breve retrospectiva a respeito da inserção da economia brasileira no cenário internacional neste período.
No tempo em que algumas nações européias e os Estados Unidos já se encontravam em fase avançada na constituição de suas economias, o Brasil, na condição de economia periférica, redefinia sua relação com o sistema econômico internacional. Implementava-se a divisão internacional do trabalho, pela qual as economias periféricas tornavam-se primário-exportadoras, baseadas em uma nova relação social: o trabalho assalariado. A base produtiva dos países periféricos era um mero prolongamento do espaço econômico das economias centrais, detentoras de tecnologia e industrializadas.
Neste contexto, São Paulo se encaixava como o centro gerador do principal ativo do país: o café. Produto primário, pilar de nossa economia, o café serviu de canal para que o Brasil se inserisse nesta nova relação com a economia mundial. Muitos estudos mostram que o impulso inicial do desenvolvimento econômico brasileiro foi proporcionado pela cultura cafeeira.
A partir dos anos 20, observa-se a desagregação dos vários setores do complexo cafeeiro. Assim, os segmentos produtivos que se originaram do capital cafeeiro, agora, tornam-se autônomos e por vezes com interesses opostos aos dos cafeicultores. Portanto, o comércio, o banco, a indústria, as ferrovias derivadas do café passam a adquirir identidade própria. Iniciam-se nesses anos do imediato pós-guerra acentuadas tendências de crescimento do mercado interno. A Cidade de São Paulo passa por grandes transformações urbanas com a expansão de redes de esgoto e de energia elétrica. Observa-se o auge e o declínio da economia primário-exportadora, e, também, da dependência do capital externo com vistas à sustentação do preço internacional do café.
A notável efervescência da economia refletia um potencial aumento do mercado consumidor. Esse próspero cenário se desenvolvia com forte expansão da atividade bancária. Sob a ótica da história econômica, pode-se afirmar que os anos 20 se constituem em um período de transição para o Brasil moderno. Esse período se configura num fértil campo de estudos sobre os bancos em São Paulo, à época, uma cidade que sentia os efeitos da rápida urbanização.
Conforme os bancos comerciais foram ampliando suas atividades e, portanto expandindo sua capacidade de criação de meios de pagamento, o governo passou a encará-los como parte da política monetária. Deste modo, as autoridades econômicas procuraram instituir controles mais rigorosos sobre seus aspectos operacionais e estruturais, além de estabelecerem regras, visando desencorajar a especulação cambial. Os objetivos do poder público em ambos os casos seriam alcançados através de um conjunto de medidas estipuladas pelo Decreto 14.728 (que regulava o serviço de fiscalização das operações bancárias e cambiais).
Além do mais, à medida que a dinâmica das transações econômicas internas se acelerava, a participação dos bancos no processo de circulação monetária também se intensificava. Percebendo a constituição da nova conjuntura, o governo deu início a implantação de mecanismos que agilizassem e dessem respaldo às vicissitudes da circulação monetária, criando assim a Carteira de Redescontos e a Câmara de Compensação, ambos setores do Banco do Brasil.


Bibliografia:Chavantes   Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário em São Paulo na Década de 20 – fev 2004