A expansão desenvolvimentista do Estado de São Paulo pode
ser explicada pela conjunção de vários fatores, quase todos associados ao
segmento da economia cafeeira. Em contraste com os outros ciclos econômicos, o
café constituiu um estímulo a maior desenvolvimento no Estado.
Banco Nacional do Comércio |
A fim de compreendermos as razões que levaram São Paulo a
alcançar a hegemonia econômica desde os primórdios do século XX, far-se-á
necessária uma breve retrospectiva a respeito da inserção da economia
brasileira no cenário internacional neste período.
No tempo em que algumas nações européias e os Estados
Unidos já se encontravam em fase avançada na constituição de suas economias, o
Brasil, na condição de economia periférica, redefinia sua relação com o sistema
econômico internacional. Implementava-se a divisão internacional do trabalho, pela
qual as economias periféricas tornavam-se primário-exportadoras, baseadas em
uma nova relação social: o trabalho assalariado. A base produtiva dos países
periféricos era um mero prolongamento do espaço econômico das economias
centrais, detentoras de tecnologia e industrializadas.
Neste contexto, São Paulo se encaixava como o centro
gerador do principal ativo do país: o café. Produto primário, pilar de nossa
economia, o café serviu de canal para que o Brasil se inserisse nesta nova
relação com a economia mundial. Muitos estudos mostram que o impulso inicial do
desenvolvimento econômico brasileiro foi proporcionado pela cultura cafeeira.
A partir dos anos 20, observa-se a desagregação dos
vários setores do complexo cafeeiro. Assim, os segmentos produtivos que se
originaram do capital cafeeiro, agora, tornam-se autônomos e por vezes com
interesses opostos aos dos cafeicultores. Portanto, o comércio, o banco, a
indústria, as ferrovias derivadas do café passam a adquirir identidade própria.
Iniciam-se nesses anos do imediato pós-guerra acentuadas tendências de
crescimento do mercado interno. A Cidade de São Paulo passa por grandes
transformações urbanas com a expansão de redes de esgoto e de energia elétrica.
Observa-se o auge e o declínio da economia primário-exportadora, e, também, da
dependência do capital externo com vistas à sustentação do preço internacional
do café.
A notável efervescência da
economia refletia um potencial aumento do mercado consumidor. Esse próspero
cenário se desenvolvia com forte expansão da atividade bancária. Sob a ótica da
história econômica, pode-se afirmar que os anos 20 se constituem em um período
de transição para o Brasil moderno. Esse período se configura num fértil campo
de estudos sobre os bancos em São Paulo, à época, uma cidade que sentia os
efeitos da rápida urbanização.
Conforme os bancos comerciais
foram ampliando suas atividades e, portanto expandindo sua capacidade de
criação de meios de pagamento, o governo passou a encará-los como parte da
política monetária. Deste modo, as autoridades econômicas procuraram instituir
controles mais rigorosos sobre seus aspectos operacionais e estruturais, além
de estabelecerem regras, visando desencorajar a especulação cambial. Os
objetivos do poder público em ambos os casos seriam alcançados através de um
conjunto de medidas estipuladas pelo Decreto 14.728 (que regulava o serviço de
fiscalização das operações bancárias e cambiais).
Além do mais, à medida que a
dinâmica das transações econômicas internas se acelerava, a participação dos
bancos no processo de circulação monetária também se intensificava. Percebendo
a constituição da nova conjuntura, o governo deu início a implantação de
mecanismos que agilizassem e dessem respaldo às vicissitudes da circulação
monetária, criando assim a Carteira de Redescontos e a Câmara de Compensação,
ambos setores do Banco do Brasil.
Bibliografia:Chavantes Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário
em São Paulo na Década de 20 – fev 2004
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