domingo, 1 de junho de 2014

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

A expansão desenvolvimentista do Estado de São Paulo pode ser explicada pela conjunção de vários fatores, quase todos associados ao segmento da economia cafeeira. Em contraste com os outros ciclos econômicos, o café constituiu um estímulo a maior desenvolvimento no Estado.
Banco Nacional do Comércio
A fim de compreendermos as razões que levaram São Paulo a alcançar a hegemonia econômica desde os primórdios do século XX, far-se-á necessária uma breve retrospectiva a respeito da inserção da economia brasileira no cenário internacional neste período.
No tempo em que algumas nações européias e os Estados Unidos já se encontravam em fase avançada na constituição de suas economias, o Brasil, na condição de economia periférica, redefinia sua relação com o sistema econômico internacional. Implementava-se a divisão internacional do trabalho, pela qual as economias periféricas tornavam-se primário-exportadoras, baseadas em uma nova relação social: o trabalho assalariado. A base produtiva dos países periféricos era um mero prolongamento do espaço econômico das economias centrais, detentoras de tecnologia e industrializadas.
Neste contexto, São Paulo se encaixava como o centro gerador do principal ativo do país: o café. Produto primário, pilar de nossa economia, o café serviu de canal para que o Brasil se inserisse nesta nova relação com a economia mundial. Muitos estudos mostram que o impulso inicial do desenvolvimento econômico brasileiro foi proporcionado pela cultura cafeeira.
A partir dos anos 20, observa-se a desagregação dos vários setores do complexo cafeeiro. Assim, os segmentos produtivos que se originaram do capital cafeeiro, agora, tornam-se autônomos e por vezes com interesses opostos aos dos cafeicultores. Portanto, o comércio, o banco, a indústria, as ferrovias derivadas do café passam a adquirir identidade própria. Iniciam-se nesses anos do imediato pós-guerra acentuadas tendências de crescimento do mercado interno. A Cidade de São Paulo passa por grandes transformações urbanas com a expansão de redes de esgoto e de energia elétrica. Observa-se o auge e o declínio da economia primário-exportadora, e, também, da dependência do capital externo com vistas à sustentação do preço internacional do café.
A notável efervescência da economia refletia um potencial aumento do mercado consumidor. Esse próspero cenário se desenvolvia com forte expansão da atividade bancária. Sob a ótica da história econômica, pode-se afirmar que os anos 20 se constituem em um período de transição para o Brasil moderno. Esse período se configura num fértil campo de estudos sobre os bancos em São Paulo, à época, uma cidade que sentia os efeitos da rápida urbanização.
Conforme os bancos comerciais foram ampliando suas atividades e, portanto expandindo sua capacidade de criação de meios de pagamento, o governo passou a encará-los como parte da política monetária. Deste modo, as autoridades econômicas procuraram instituir controles mais rigorosos sobre seus aspectos operacionais e estruturais, além de estabelecerem regras, visando desencorajar a especulação cambial. Os objetivos do poder público em ambos os casos seriam alcançados através de um conjunto de medidas estipuladas pelo Decreto 14.728 (que regulava o serviço de fiscalização das operações bancárias e cambiais).
Além do mais, à medida que a dinâmica das transações econômicas internas se acelerava, a participação dos bancos no processo de circulação monetária também se intensificava. Percebendo a constituição da nova conjuntura, o governo deu início a implantação de mecanismos que agilizassem e dessem respaldo às vicissitudes da circulação monetária, criando assim a Carteira de Redescontos e a Câmara de Compensação, ambos setores do Banco do Brasil.


Bibliografia:Chavantes   Ana Paula – A Consolidação do Setor Bancário em São Paulo na Década de 20 – fev 2004

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