domingo, 3 de abril de 2011

Vale do Anhangabaú

Centro Velho de São Paulo 450 Anos de História – Guimarães Laís de Barros Monteiro Samarão

Todos os Centros da Paulicéia –Ponciano, Levino

A Chácara mais central de São Paulo era a do Barão de Itapetininga, chegando até o último quartel do século XIX. Era a Chácara do Chá, que se iniciava na Rua Nova de São José, atual Líbero Badaró, e se estendia até o Campo dos Curros, Hoje Praça da República, tendo como limite Norte a Avenida São João, e Sul os campos do Bexiga.

Chamou-se Chácara do Chás porque esse vegetal se disseminava por toda a encosta do Vale do Anhangabaú, nomeando a região, Morro do Chá.

O Rio Anhangabaú, cujo trecho superior foi canalizado sob a Av: 23 de Maio, na margem esquerda receTeatro Municipal e início da Xavier de Toledobia como afluente o Rio Saracura, atualmente sob a Av Nove de Julho. Esse rio tinha um pequeno afluente que era o Ribeirão do bexiga, entre as atuais Rua Santo Amaro e Santo Antônio, o qual cortava os Campos do Bexiga onde situava-se um pouso de tropeiros. Exatamente no ponto em que esses três rios se encontravam, havia uma ponte de pedra que se chamava Ponte do Lorena. Em 1790, o capitão-geral Bernardo José de Lorena mandou construir a ponte 7 de abril (antiga Ponte dos Piques). Era uma ponte de madeira que o tempo e as enchentes de verão acabou por derrubar. Ou seja, o cidadão, para ir do planalto até os lados de onde está hoje o Teatro Municipal, tinha de descer a encostas, atravessar o vale, passar pela Ponte do Lorena sobre o rio Anhangabaú e subir, dando volta. Era um grande exercício, principalmente na época das chuvas.

Além dos problemas minerais o pobre Anhangabaú, nos primeiros anos do século XVII, o Matadouro Municipal era na rua Humaitá, ne Bela Vista, e um córrego levava para o ribeirão toda sorte de detritos, restos de sangue, caveiras, chifres, o que deixava as águas avermelhadas e o ar fétido. Como se não bastasse, a região era um ajuntamento de bandidos.

Essa Ponte do Lorena, uma das três pontes de pedra da cidade, era muito importante para o acesso ao centro, eis que desse partiam três ladeiras convergindo para a região da ponte.

Nas terras da chácara foi aberta a Rua Formosa, ligando a região dos Piques com a Ladeira do Acu, hoje Avenida São João, rua muito significativa na estrutura da Cidade Nova, O Piques era um local de grandes atividades comerciais, para onde convergiam tropas de mula que chegavam à cidade pela Estrada do Piques ou pelo Caminho de Santo Amaro.

Em 10.07.1854, o Correio Paulistano noticiava que a Chácara do Chá era um entrave ao acesso da região norte da cidade. Assim, era, tanto que o habitante do Piques que quisessem ir para os lados de Santa Ifigênia, tinha que atravessar o desfiladeiro junto à Rua Nova de São José, ou galgar a íngreme Rua da Palha ( Hoje Sete de Abril)

Cresciam a cada dia as reclamações para a facilitação do trajeto entre aqueles dois pontos, do Piques com a região norte da cidade. Em 1855, na Chácara do Chá foi aberta a rua Formosa, dando início ao arruamento do Morro do Chá, ou seja, da formação da Cidade Nova.

Mas a população e a imprensa da época continuaram com suas reclamações, visando a ligação da rua Formosa com o Campo dos Curros, cuja ligação até então se fazia por intermédio da Rua da Palha e Rua São João. A Ladeira da Palha (atual Ladeira da Memória) continuava pela Rua da Palha.

O Largo da Memória era delimitado pela Ladeira da Palha, Ladeira dos Piques e Rua do Paredão que hoje é a rua Xavier de Toledo, cuja topografia ainda pode ser observada no presente.

No ponto de convergência das duas ladeiras há o Chafariz da Memória.

Atravessada a Ponte do Lorena, entrava-se na Cidade Nova, onde, uma rua larga” até um ponto um pouco mais elevado, ficava a Ermida de Nossa Senhora da Consolação, que era o fim da cidade. Daí para frente, era aa estrada para Itu e Sorocaba.

Do lado norte dessa região, a Ladeira de São João, já em 1887, estava calçada com paralelepípedos.

No ano de 1850, uma grande enchente na região do Piques arrasou a velha Ponte do Lorena e em seu lugar foi edificada uma nova ponte reta.

Durante muitos anos, a Rua Formosa era exclusiva ligação entre as ruas de São João e da Palha, tempo que a cidade ficou praticamente inalterada. Essas ruas, por sua vezes, faziam ligação da Rua Formosa com o Campo dos Curros.

Na presidência de João Teodoro Xavier, a Baronesa de Tatuí (viúva do Barão de Itapetininga) ofereceu à municipalidade o terreno para a abertura da rua que ligaria o Campo dos Curros à Rua Formosa, impondo a condição de que a rua de ligação recebesse o nome de sue falecido marido, nome que permanece até os dias atuais – Rua Barão de Itapetininga.

O Bairro do Chá começou a ser edificado em 1879, já que Bouvard transformou uma área do Morro do Chá no jardim atualmente existente na lateral esquerda do Teatro Municipalidade.

Em 1888, a rua Barão de Itapetininga foi substancialmente alterada e com ela toda a região.

Logo se iniciaram as obras do Viaduto do Chá.

Quanto à Rua Santa Ifigênia, em 1842, era uma saída para o Caminho do Ó! Era uma das regiões mais antigas da cidade, ao lado da Sé.