quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Hotel Excelsior sob a ótica da arquitetura

A fachada do edifício do Hotel Excelsior enfatiza a volumetria adotada. O bloco inferior é marcado pelo uso de grandes pilares e de uma marquise que convidavam o público a entrar e usufruir tanto do cinema, como o hotel. No bloco horizontal foram utilizados grandes painéis envidraçados, pequenas sacadas e muitos elementos vazados. Estes elementos evidenciavam que as áreas comuns do hotel deveriam ter uma relação mais próxima com a cidade, emoldurando a linda vista da cidade e da Praça da República.
No bloco superior, predominantemente vertical, o ritmo contínuo das janelas se refere aos apartamentos do hotel.
Hotel Excelsior - Av Ipiranga - SP
O cinema foi o principal atrativo urbano deste projeto. Unir dois programas distintos era o desafio que norteava os arquitetos nos anos 40 e 50.
O Hotel Excelsior já passou por algumas pequenas reformas. A última em 2005, não desfigurou o conjunto arquitetônico e fez pequenas adequações ao uso atual do hotel. Foram adaptados dois apartamentos para deficientes físicos e as antigas copas deram lugar a suítes para uso dos motoristas das excursões que frequentam o hotel. Os apartamentos, segundo sua administração, mantêm vários elementos de época: as luminárias, os mármores dos banheiros; e os moveis que somente receberam um tratamento de patina e mantêm a linguagem da época.
Infelizmente, o Cine Ipiranga não apresenta o mesmo grau de conservação do hotel. As instalações beiram o abandono e não se verifica nenhuma intenção de preservação deste importante patrimônio.
As colunas de mármore receberam uma grossa camada de tinta e os móveis do lobby e da plateia estão em péssimo estado. Hoje há duas salas de projeção: uma para 1.200 lugares e outra para 300 lugares. A intenção dos administradores do hotel é transformar o cinema em Centro de Convenções. Porém, o locatário do cinema não compartilha da mesma opinião.
O arquiteto idealizador do Hotel Excelsior foi Rino Levi. Filho de imigrantes italianos, nasceu em 1901, em São Paulo.
Formou-se arquiteto na Itália e regressou ao Brasil em 1926 tendo marcado decisivamente a arquitetura paulistana pelo teor técnico de suas construções. Seus edifícios foram notados pelos detalhes construtivos, pelos esquemas funcionais e gráficos de circulação.
O projeto do Hotel Excelsior e do Cine Ipiranga é marcante pelo arrojo no uso correto, de materiais modernos e de técnicas construtivas, sobretudo na acústica do cinema.


Bibliografia: Monteiro – Ana Carla de Castro Alves – Os hotéis da Metrópole- O contexto histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940 – 1960)