domingo, 12 de dezembro de 2010

Transformações no centro de São Paulo na década de 20

Nos anos vinte a sociedade brasileira viveu um período de grande efervescência e profundas transformações.

O ano de 1922, em especial, aglutinou uma sucessão de eventos que mudaram de forma significativa o panorama político e cultural brasileiro. A semana de Arte Modalterna, a criação do Partido Comunista, o movimento tenentista, a criação do Centro Dom Vital, a comemoração do centenário da Independência e a própria sucessão presidencial de 1922 foram indicadores importantes dos novos ventos que sopravam, colocando em questão os padrões culturais e políticos da Primeira República.

A cidade de São Paulo não poderia ficar fora destes novos ventos e começou com a lei nº 2.445 de 05 de janeiro de 1922 que autoriza a Prefeitura a despender até a quantia de 427:752$000, com a execução de diversas obras no Viaduto de Santa Iphigenia. Obras de alargamento da via carretável, afastamento dos passeios laterais, reforma do calçamento e limpeza e pintura da estrutura de metal do viaduto.

A cidade se apontava para os novos tempos que se avizinhavam lei nº 2.451 de 14 de outubro1922 que autorizou a Prefeitura a modificar o emplacamento das ruas e prédios da cidade de São Paulo. Assim, a Prefeitura estava autorizada a modificar o emplacamento das ruas e prédios da cidade de São Paulo, de acordo com a presente lei, devendo a nova numeração começar a vigorar da data que for por ela designada, com antecedência de sessenta dias.

Também por força de lei municipal a Alameda Barão de Limeira passou a ter seu término na Av: São João e para isso a lei n° 2.491 de 30 de maio1922 declara de utilidade pública diversos prédios e terrenos situados às ruas General Osório, Conselheiro Nébias, Victoria, São João e Aurora. Depois foi a vez da lei n° 2.505 de 27 junho de 1922 que aprovou o acordo feito pela Prefeitura para a aquisição do prédio nº 176 da Avenida São João, necessário ao prolongamento da Alameda Barão de Limeira. Eram os passos largos dados em direção a tornar a São Paulo provinciana na metrópole eu hoje conhecemos.alt

Do ponto de vista econômico, a década de vinte foi marcada por altos e baixos.

Se nos primeiros anos o declínio dos preços internacionais do café gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira, como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes, por outro também se verificou uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas. Passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929. A diversificação da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já existentes e o surgimento de novos estabelecimentos ligados a indústria de base foram importantes sinais do processo de complexificação pelo qual passava a economia brasileira.

Junto com estas mudanças observadas no quadro econômico processava-se a

ampliação dos setores urbanos com o crescimento das camadas médias, da classe trabalhadora e a diversificação de interesses no interior das próprias elites econômicas.

Em seu conjunto estas transformações funcionariam como elementos de estímulo a alterações no quadro político vigente colocando em questionamento as bases do sistema oligárquico da Primeira República(1).

(1)FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. A Crise dos anos 20 e a Revolução de Trinta . Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. 26f.