quarta-feira, 15 de abril de 2015

A lei incentivava novas áreas de convivência urbana.

O artigo 9º do decreto lei nº 41 buscava incentivar a criação de novas áreas de convivência no Centro. Espaços onde as pessoas pudessem circular ou permanecer. Recuos, galerias, colunatas pressupõem um projeto de paisagem urbana ao longo dessas vias. Prestes Maia havia sugerido, já nas aquarelas do Plano de Avenidas, a presença de edifícios monumentais, viadutos e equipamentos urbanos ao longo das vias, configurando uma paisagem urbana modernizada.
No início da década de 1940 o poder público buscava executar tais espaços com leis de incentivo e regulação das construções pela iniciativa privada como observado no já citado decreto-lei nº 41.
Avenida Ipiranga esquina São João- 1950
Neste sentido a avenida Ipiranga revelava-se a “menina dos olhos” do poder municipal à época da construção do Perímetro de Irradiação. Esta avenida apresentava uma relação direta com a ideia de velocidade que estava presente nas experiências das grandes capitais e também na proposta do Plano de Avenidas.
Os carros que passavam pela via poderiam ver o deslocamento de uma multidão de pessoas que passavam para trabalhar, estudar, comprar ou simplesmente passear pelas calçadas. Ali eram oferecidas aos transeuntes áreas de repouso e de permanência como cafés, bares e restaurantes.
É interessante essa ideia de associar os espaços de passagens das multidões aos espaços de velocidade dos carros pelas vias, uma vez que o discurso da arquitetura moderna defendida fortemente a separação entre os dois fluxos da maneira mais radical possível.
A separação dos fluxos de pedestres e de veículos esteve presente no discurso de Le Corbusier e foi reafirmada em outros momentos da história da arquitetura moderna. Até mesmo o VIII Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), quando a ideia da importância dos espaços públicos e monumentais na vida da cidade foi ressaltada pelos arquitetos modernos na vida da cidade e a tese da separação entre espaços para pedestres isolados dos eixos de circulação foi bastante defendida no Congresso Internacional de Arquitetura Moderna de 1952. Em contrapartida a isso, na região do Centro Novo, a criação destes espaços de parada e as calçadas ao longo das novas vias pressupunha uma relação entre as duas atividades. As pessoas caminhavam em paralelo as vias de carros.
A multidão e os veículos eram cada vez mais numerosos na cidade de São Paulo
. Nice L. Muller afirmava sobre o Centro de São Paulo: “basta percorrê-lo, em qualquer hora do dia, para que se observe o formigamento de suas ruas, o deslocamento apressado da massa de pedestres, o movimento ininterrupto de veículos nas vias em que ainda é permitida a circulação”.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os edifício modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)