A forma desse edifício, como foi visto, surgiu
severamente condicionada pelas normas urbanísticas e à geometria do terreno.
Sob essas condições, foi possível pelo edifício e pela
galeria reinterpretar uma quadra moderna consolidada sob um tecido pré-existente,
originário da segunda metade do século XIX. Sua volumetria dá continuidade e
completa a ocupação característica das ruas Dom José de Barros e Barão de
Itapetininga, especialmente esta última, cuja massa edificada constituiu um
notável conjunto contínuo de edificações de mesma implantação e altura. Tal condição
tem alto valor porque concilia unidade da morfologia urbana e expressão individual
de cada edifício; limitada ao gabarito de cada face conforme larguras do
logradouro público.
Esse condicionamento, porém, não são propícios à adoção
de determinados preceitos da arquitetura tal como o desenvolvimento de volumes autônamos
sobre o embasamento ou com recuos em todas as faces. Tratando-se de um
empreendimento comercial, não é possível tampouco a liberação integral do
térreo pelo sistema de pilotis. Não obstante, ainda que de forma contida ou híbrida
tais dimensões encontram lugar na obra realizada. De um lado a subdivisão dos
blocos em prismas trapezoidais parece querer torná-los formas autônomas: os
estreitamentos na circulação, soltando os blocos internos ilustram tal
condição. Se a solução é parcial, o benefício para a melhoria da iluminação de
algumas partes notadamente dos corredores, é inegável. Se não é possível adotar
integralmente a solução de pilotis, o princípio fundamental desse dispositivo
foi alcançado, uma vez que a presença da galeria restituía cidade o nível do
chão sob a forma de espaço de utilização pública.
Esse edifício, cuja forma arquitetônica parece ser o
resultado de uma tensão entre as normas e parâmetros tradicionais e o impulso
para adoção dos princípios da Arquitetura Moderna, alcançou, programaticamente,
por meio de um pátio interno, uma solução de alta qualidade para iluminação e
aeração de suas faces internas; principalmente levando-se em conta que a
orientação das fachadas estava determinada por circunstâncias foi possível
solucionar satisfatoriamente as fachadas: o brise-soleil na face voltada para a
Barão de Itapetininga atende à orientação nordeste, e sua ausência nas demais
faces se justifica ora por ser desnecessário, ora pelo conforto asseguradopelo
desenho do pátio interno.
Bibliografia:
Edifícios Modernos e o centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e
forma – Alesandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de Doutorado.