Os cinemas localizados na Avenida Ipiranga também
utilizavam as colunatas como esse espaço de transição entre o público e o
privado. O Cine Marabá (1944) apresentava pilotis à frente como sugeria a
legislação. O pé direito alto e os elementos ornamentais com motivos marajoara
da entrada criam um espaço de transição entre o edifício e a rua.
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Cine Maraba na Av: Ipiranga |
Ainda na Avenida Ipiranga, localizava-se um edifício de
grande relevância nesse contexto: o Cine Ipiranga e Hotel Execelsior (1941). O
edifício, projetado por Rino Levi apresentava em seu embasamento um cinema,
enquanto um hotel se distribuía em sua torre.
O conjunto totalizava 22 andares e dispunha de entradas
isoladas para os diversos usuários. Um foyer com uma colunata na frente marcava
o acesso ao edifício criando um espaço de transição entre o edifício e a rua.
Naquele espaço era possível marcar encontros, reunir
pessoas, ou decidir por um filme enquanto se aguardava o início de uma sessão.
A monumentalidade é garantida pelo pé direito alto no
acesso, típica dos edifícios de cinema da época que remetiam ao glamour e
fantasia dos filmes que ali apresentavam.
Os cinemas faziam parte de um conjunto de equipamentos
urbanos que estavam associados à mudança no modo de vida da sociedade. Assistir
aos filmes mais recentes, estar em dia com as novidades cinematográficas,
reconhecer as melhores salas eram atividades associadas a um modo de vida
moderno, fazendo parte da vida social desta população urbana e atraindo um
público cada vez maior e mais heterogêneo.
Segundo Sevecenko, “o cinema, assim como os bondes e os estádios, alinha
multidões de estranhos enfileirados ombro a ombro num arranjo tão fortuito e normativo
como alinha de montagem”.
A região onde se implantou o Cine Ipiranga, nas
proximidades do cruzamento da avenida homônima e da São João, seria
caracterizada pela presença de várias salas, tornando a região conhecida como ”Cinelândia
Paulista”.
Bibliografia:
Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os
edifício modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)