sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Galeria Itapetininga em detalhes

Galeria Itapetininga

O edifício foi organizado da seguinte forma:do primeiro ao nono pavimento foram distribuídos os escritórios, com treze salas comerciais por andar, três voltadas para a rua Barão, duas voltadas para o primeiro saguão interno e as demais distribuídas ao redor da segunda abertura de iluminação e ventilação. Nos dois andares seguintes foram localizados sete apartamentos, um com dois quartos, dois de um quarto e o restante quitinetes, iluminadas e ventiladas pelas duas aberturas no miolo do lote. No décimo terceiro andar, três apartamentos de um quarto e três quitinetes. Esses imóveis atendiam aos novos profissionais liberais, pessoas solteiras, jovens casais ou estudantes de famílias ricas que vinham para São Paulo estudar. Provavelmente, eram alugados ou comprados por muitos profissionais que possuíam escritórios no edifício ou próximos a ele.
A circulação vertical, concentrada em uma barra longitudinal, organiza a distribuição dos fluxos e o acesso aos andares. A localização da caixa de elevadores e escada distanciada da face lateral do edifício construiu com a empena limite do edifício um corredor de distribuição nos andares. Analisando o projeto, observa-se a previsão para a instalação futura de mais um elevador caso o público usuário do edifício aumentasse muito.
O projeto, assinado por Antônio Sônio Severo, faz uso dos princípios de racionalização dos espaços e materiais recorrentes no movimento moderno. A organização precisa dos espaços de circulação vertical e horizontal, a sobreposição de plantas-tipo nos pavimentos de escritórios e a modulação estrutural definem com clareza o partido do edifício. Mesmo assim, ainda encontramos indícios dos esquemas tradicionais de distribuição nos andares de apartamentos.
A distribuição dos espaços nos apartamentos, bastante confusa, seguiu a divisão dos andares de escritório, gerando distorções, como quartos estreitos e longos demais ou apartamentos de um quarto com duas salas. Muitas destas ocorrências buscavam resolver problemas de ventilação e iluminação das unidades, solucionadas apenas com a criação de outras aberturas no corpo do edifício, fragmentando ainda mais o conjunto. Outra característica de alguns desses apartamentos é a ausência de cozinhas. Lilian Fessler Vaz, pesquisando a ocorrência dessas construções no Rio, denominadas Casa de Apartamentos as descreve como lugares “em que as unidades habitacionais não se (limitavam) apenas aos quartos, mas também a pequenos apartamentos sem cozinha, sem virtude da existência de restaurante no próprio prédio ou nas proximidades”. A coexistência de “unidades habitacionais de tamanho e número de compartimentos diversos (...) e de unidades habotacionais junto a escritórios”, completa a descrição desse tipo de edificação. Analisando os andares de apartamentos e projeto como um todo, pode-se dizer que ele responde a essa definição. O prof. Dr. José Eduardo Lefèvre, informou ao pesquisador Fernando Atique que, em São Paulo, as Casas de Apartamentos eram denominadas pelo termo Hotel, geralmente construídos próximo as estações ferroviárias, como também no centro comercial e financeiro. Parece que tais edifícios atendiam  principalmente a solteiros recém-formados ou em início de carreira.

Bibliografia: Edifícios e Galerias Comerciais. Arquitetura e Comércio na Cidade de São Paulo, anos 50 e 60. Cynthia Augusta Poleto Aleixo – Tese de Mestrado- Universidade de São Carlos.