Galeria Itapetininga |
O edifício foi organizado da seguinte forma:do primeiro
ao nono pavimento foram distribuídos os escritórios, com treze salas comerciais
por andar, três voltadas para a rua Barão, duas voltadas para o primeiro saguão
interno e as demais distribuídas ao redor da segunda abertura de iluminação e
ventilação. Nos dois andares seguintes foram localizados sete apartamentos, um
com dois quartos, dois de um quarto e o restante quitinetes, iluminadas e
ventiladas pelas duas aberturas no miolo do lote. No décimo terceiro andar,
três apartamentos de um quarto e três quitinetes. Esses imóveis atendiam aos
novos profissionais liberais, pessoas solteiras, jovens casais ou estudantes de
famílias ricas que vinham para São Paulo estudar. Provavelmente, eram alugados
ou comprados por muitos profissionais que possuíam escritórios no edifício ou
próximos a ele.
A circulação vertical, concentrada em uma barra
longitudinal, organiza a distribuição dos fluxos e o acesso aos andares. A
localização da caixa de elevadores e escada distanciada da face lateral do
edifício construiu com a empena limite do edifício um corredor de distribuição
nos andares. Analisando o projeto, observa-se a previsão para a instalação
futura de mais um elevador caso o público usuário do edifício aumentasse muito.
O projeto, assinado por Antônio Sônio Severo, faz uso dos
princípios de racionalização dos espaços e materiais recorrentes no movimento
moderno. A organização precisa dos espaços de circulação vertical e horizontal,
a sobreposição de plantas-tipo nos pavimentos de escritórios e a modulação
estrutural definem com clareza o partido do edifício. Mesmo assim, ainda
encontramos indícios dos esquemas tradicionais de distribuição nos andares de
apartamentos.
A
distribuição dos espaços nos apartamentos, bastante confusa, seguiu a divisão
dos andares de escritório, gerando distorções, como quartos estreitos e longos
demais ou apartamentos de um quarto com duas salas. Muitas destas ocorrências
buscavam resolver problemas de ventilação e iluminação das unidades,
solucionadas apenas com a criação de outras aberturas no corpo do edifício,
fragmentando ainda mais o conjunto. Outra característica de alguns desses
apartamentos é a ausência de cozinhas. Lilian Fessler Vaz, pesquisando a ocorrência
dessas construções no Rio, denominadas Casa de Apartamentos as descreve como
lugares “em que as unidades habitacionais não se (limitavam) apenas aos quartos,
mas também a pequenos apartamentos sem cozinha, sem virtude da existência de
restaurante no próprio prédio ou nas proximidades”. A coexistência de “unidades
habitacionais de tamanho e número de compartimentos diversos (...) e de
unidades habotacionais junto a escritórios”, completa a descrição desse tipo de
edificação. Analisando os andares de apartamentos e projeto como um todo,
pode-se dizer que ele responde a essa definição. O prof. Dr. José Eduardo Lefèvre,
informou ao pesquisador Fernando Atique que, em São Paulo, as Casas de
Apartamentos eram denominadas pelo termo Hotel, geralmente construídos próximo
as estações ferroviárias, como também no centro comercial e financeiro. Parece
que tais edifícios atendiam
principalmente a solteiros recém-formados ou em início de carreira.
Bibliografia: Edifícios e Galerias Comerciais. Arquitetura e Comércio na Cidade
de São Paulo, anos 50 e 60. Cynthia Augusta Poleto Aleixo – Tese de Mestrado-
Universidade de São Carlos.