Niemeyer se apropria de um modelo americano para criar em
um contexto pré- existente nitidamente adverso às idealidades nele contida?
Tudo parece indicar um caminho de tensões e ambiguidades.
Uma primeira digressão se acha na orientação do lote: no
Edifício Eiffel a linha norte-sul coincide com um dos catetos, portanto,
encontra-se deslocada a 45º da posição ideal sugerida no arranha-céu
cartesiano. Esse deslocamento a princípio não é ruim para as condições
encontradas em São Paulo, pois propicia três orientações satisfatórias para as
fachadas: norte, nordeste e leste.
A segunda refere-se à definição da volumetria final.
Nesse caso, as alterações volumétricas foram maiores, não sendo possível manter
a conformação de um único bloco trapezoidal numa mesma altura, como as diversas
formas derivadas do arranha-céu trapezoidal numa altura, como nas diversas
formas derivadas do arranha-céu cartesiano. Um corpo central eleva-se acima dos
demais, no dobro de suas alturas.
A legislação da época estabelecia limites de altura, em
função da dimensão dos logradouros, a partir dos quais eram admitidos nos escalonamentos progressivos, que estabelecia
critérios, máximos e mínimos construtivos a partir da largura das ruas. No caso
do Eiffel, um edifício de esquina, havia três requisitos diferentes a serem
conciliados. Dois realtivos às ruas laterais e um terceiro em relação à Praça
da república. Uma dificuldade a mais se apresentava: as ruas Araujo e Marques
de Itu não possuem a mesma largura. Portanto, as alturas de cada uma das partes
constitutivas do edifício, voltadas para elas, seriam diferentes se mantidos os
alinhamentos frontais na divisa do lote. Era comum na época edifícios com
variações de volumetria em decorrência de ruas com larguras diferentes. Portanto,
as alturas de cada uma das partes constitutivas do edifício, voltadas, para
elas seriam diferentes se mantidos os alinhamentos frontais na divisa do lote.
Era comum na época edifícios com
variações de volumetria em decorrência de ruas comçlarguras desiguais. Na face
voltada para a República a legislação permitia que as construções atingissem
até 80m de altura.
A solução adotada por Niemeyer procurou conciliar
legislação e máximo aproveitamento, sacrificando a uniformidade volumétrica
presente nos projetos do arranha-céu cartesiano. Por isso, a configuração final
do Eiffel resultou na expressão de três corpos. Dois iguais, definidos pela,
altura da rua de menor largura (rua A raujo) e um a torre maior de
aproximadamente 80m.
Se a uniformidade e simetria foram prejudicadas na
elevação das massas, nas soluções de plantas elas se mantiveram coesas até onde
a legislação permitia: pois, o que se prolonga a partir do 12º pavimento são a
torre mais elevada e o corpo saliente da circulação vertical – elevadores e
escadas – à ela conectada.
Se o arranha-céu cartesiano encontra-se isolado na
quadra, no Eiffel acontece o contrário. O edifício está amarrado aos limites do
lote, encostado nas divisas laterais e sujeito a alinhamentos frontais. Essa
condição retira do edifício parte de suas condições de figura na trama urbana,
embora sob determinadas visuais se tenha a torre desgarrada comparecendo com
força expressiva autônoma.
O edifício como objeto solto no espaço, como figura, nos
termos de Le Corbusier não acontece na singularidade do caso concreto: não só
pelas amarras do lote, mas também pelo uso determinado ao pavimento térreo, que
substitui os paradigmáticos pilotis por uma galeria comercial nos moldes de uma
configuração urbana tradicional, na qual o comércio surge no chão.
Bibliografia:
Edifícios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo dificuldades de textura e
forma – Alessandro José Castroviejo Ribeiro – Tese de Doutorado