domingo, 8 de março de 2015

O governo tinha a intenção de criar espaços de convivência.

O decreto lei nº 41, de 3 de agosto de 1940, do prefeito Prestes Maia demonstrava claramente a intenção do governo municipal de criar espaços de convivência. O uso de colunatas, arcadas e recuos nas entradas dos edifícios era um artifício arquitetônico quem garantia proteção no caso de intempéries e sinalizam a probabilidade de ter um espaço permeável nos térreos.
Fachada do Hotel Excelsior - São Paulo
Além disto, espaços para pausa eram criados em determinados pontos do percurso. Assim, dentro de um edifício com limites urbanos muito bem definidos, pelos lotes com o desenho da cidade Histórica, eram criados lugares que possibilitavam as trocas e sociabilidades entre os usuários da região central, funcionando como espaços semipúblico ao longo das grandes vias.
A presença de colunatas era comum nos edifícios do centro Novo. Entre eles, destacam-se os cinemas que buscavam atrair o público passante, seja pela presença de cartaz e anúncios de filmes em suas entradas, seja pela presença de elementos arquitetônicos que tornassem agradável sua estadia e permitissem ver o movimento nas ruas.
No Largo do Paissandu, por exemplo, o Cine Paissandu (1958) apresentava em seu pavimento térreo uma série de pilotis com pé direito duplo que realizava a transição entre a rua e o espaço interno do edifício, criando um espaço de espera fortemente conectado com a calçada, numa área de interesse a verticalização.
O edifício, projetado pela firma Severo e Villares S.A, era composto pela torre de escritórios acima e pelo cinema com 2.100 lugares – recuado do volume vertical.
Os cinemas localizados na Avenida Ipiranga também utilizavam as colunatas como esse espaço de transição entre o público e o privado. O Cine Marabá (1944) apresentava pilotis à frente como sugeria a legislação. O pé-direito alto e os elementos ornamentais com motivos marajoara da entrada criam um espaço de transição entre o edifício e a rua.
Ainda na Avenida Ipiranga, localiza-se um edifício de grande relevância nesse contexto: o Cine Ipiranga e Hotel Excelsior (1941). O edifício, projetado por Rino Levi, apresentava em seu embasamento um cinema, enquanto um hotel se distribuía em sua torre.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os edifício modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)