O decreto lei nº 41, de 3 de agosto de 1940, do prefeito
Prestes Maia demonstrava claramente a intenção do governo municipal de criar
espaços de convivência. O uso de colunatas, arcadas e recuos nas entradas dos
edifícios era um artifício arquitetônico quem garantia proteção no caso de
intempéries e sinalizam a probabilidade de ter um espaço permeável nos térreos.
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Fachada do Hotel Excelsior - São Paulo |
Além disto, espaços para pausa eram criados em determinados
pontos do percurso. Assim, dentro de um edifício com limites urbanos muito bem
definidos, pelos lotes com o desenho da cidade Histórica, eram criados lugares
que possibilitavam as trocas e sociabilidades entre os usuários da região
central, funcionando como espaços semipúblico ao longo das grandes vias.
A presença de colunatas era comum nos edifícios do centro
Novo. Entre eles, destacam-se os cinemas que buscavam atrair o público
passante, seja pela presença de cartaz e anúncios de filmes em suas entradas,
seja pela presença de elementos arquitetônicos que tornassem agradável sua
estadia e permitissem ver o movimento nas ruas.
No Largo do Paissandu, por exemplo, o Cine Paissandu
(1958) apresentava em seu pavimento térreo uma série de pilotis com pé direito
duplo que realizava a transição entre a rua e o espaço interno do edifício,
criando um espaço de espera fortemente conectado com a calçada, numa área de
interesse a verticalização.
O edifício, projetado pela firma Severo e Villares S.A,
era composto pela torre de escritórios acima e pelo cinema com 2.100 lugares –
recuado do volume vertical.
Os cinemas localizados na Avenida Ipiranga também
utilizavam as colunatas como esse espaço de transição entre o público e o
privado. O Cine Marabá (1944) apresentava pilotis à frente como sugeria a
legislação. O pé-direito alto e os elementos ornamentais com motivos marajoara
da entrada criam um espaço de transição entre o edifício e a rua.
Ainda na Avenida Ipiranga, localiza-se um edifício de
grande relevância nesse contexto: o Cine Ipiranga e Hotel Excelsior (1941). O
edifício, projetado por Rino Levi, apresentava em seu embasamento um cinema,
enquanto um hotel se distribuía em sua torre.
Bibliografia:
Costa, Sabrina Studart Fontenele – relações entre o traçado urbano e os
edifício modernos no Centro de São Paulo (1938 / 1960)
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