Foi conhecida também como a igreja dos sinos quebrados. A Santa Ifigênia da rua do mesmo nome, na esquina da Rua da Conceição. Igreja antiga, querida dos paulistanos oriunda do século XVIII, igreja que encheu a cidade com o som insistente, constante, dos seus sinos inumeráveis durante quase dois séculos. Os sinos enchiam a cidade inteira, chegando mesmo a incomodar os pacatos paulistanos de duzentos anos atrás. A Câmara de São Paulo, em sessão de 8 de maio de 1835, recebeu uma indicação no sentido de representar ao bispo diocesano contra o abuso dos dobres dos sinos. Nessa mesma oportunidade o vereador Joaquim Olinto de Carvalho ofereceu um projeto de postura que,, afinal, foi aprovado na sessão de 16 de junho desse mesmo ano “sobre dobres de sinos”. Os sinos de Santa Ifigênia quebravam muito, tanto tocavam nas tardes roceiras da cidade provincial. Dobravam a propósito de tudo, como os dos demais templos, de incêndio, de festas, de batizados, de enterros, pela chegada de bispos ou sacerdotes importantes, pela chegada de gente graúda do governo. Em tudo isso, pelo seu bimbalhar festivo se destacava o sino da igreja de Nossa senhora da Conceição. Vira e mexe lá vinha um pedido do vigário para a Câmara pedindo um sino novo, ou “authorisme pa mandá-lo fundir de novo, no q. gastará 50 e tantos mil RS”. Numerosos foram os sinos quebrados. Necessário frisar que tudo isso era ocasionado por abuso dos vigários, dos cristãos, dos diretores da irmandade religiosas. Mais de uma vez a Câmara, que mantinha suas responsabilidades sobre as igrejas, viu-se obrigada a tomar providências. Em 1836 por exemplo, as posturas de fevereiro dispunham sobre os dobres dos sinos, em casos de incêndio, de inundação, de morte e de grandes acontecimentos. Em caso de incêndio sobre ameaça de multa, todas as igrejas deveriam bater os sinos. Em caso de morte as pancadas deveriam ser lentas, como convinha aos instantes dramáticos em que o homem volta a sua condição de pó. A intimidade da Câmara com as igrejas nessa primeira metade do século XIX parecia intimidade de namorados, enfeitada, é bem de ver, de não poucos arrufos. Era como se a Câmara cuidasse mais das necessidades da alma e das crenças do que do corpo e da saúde dos munícipes, que pisavam nas ruas, sujas, vielas, incomodados por animais. Saindo-se fora do perímetro limitado pelo Pátio do Colégio e mais algumas ruas, o paulistano era um tipo infeliz. Mas fora disso a Câmara aprimorava os seus cuidados pelos templos. Bibliografia: Igrejas de São Paulo. Arroyo, Leonardo |
A rua é para os dicionários apenas um alinhado de fachadas por onde se anda nas povoações. Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator na vida das cidades, a rua tem alma!
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Santa Ifigênia
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