sábado, 3 de dezembro de 2011

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Igreja de N. S. do Rosário dos Homens Pretos

Foi concretizada no início do século XVIII. É a igreja que reunia os homens pretos e pobres da cidade de São Paulo numa associação para promover a vida cristã. Por que os pretos teriam escolhido justamente Nossa Senhora do Rosário? Este problema logo se impôs. È em Artur Ramos que vamos encontrar a explicação para o fato da preferência dos pretos de São Paulo pela virgem do Rosário. Notou o mestre que os escravos de procedência bantu, principalmente do Congo, associaram-se no Brasil em confrarias religiosas. “tendo por patronos santos católicos”. “Destas confrarias, acrescenta, as mais importantes eram a de S. Bendito, a de N.S. do Rosário dos Negros Congos, sendo que esta última já era a sua padroeira na África, por influência dos colonizadores portugueses”. As observações do ilustre estudioso dos fenômenos culturais afro-brasileiros foram feitas na Bahia e em algumas regiões do Norte do Brasil, apresentando assim a possibilidade de não poderem ser aplicadas ao sul, ou seja, em São Paulo. Engano, porém. Elas podem ser aplicadas perfeitamente em São Paulo do século XVIII, onde se realizavam de certa forma adulterada, os autos populares dos Congos e Cucumbys, para os quais “o rei e a rainha eram eleitos pela irmandade de N.S. do Rosário”. Com efeito, os estatutos da \irmandade de Nossa senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo também dispunham sobre essa eleição para os festejos.
A igreja foi fundada no antigo largo do Rosário, confluência da hoje se encontra no Largo do Paissandu, vigilante de suas tradições e da curiosidade histórica.
Francisco  Nadyr Filho revela que em 1721 os membros da irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Homens Pretos enviaram uma representação ao rei de Portugal, pedindo licença para edificar um templo em que pudessem solenizar os mistérios do Rosário da Mães de deus. Em 1721, é bom que se destaque, e solicitavam que “os favorecesse com lhes mandar um sino, e um ornamento para três altar-mor e dois colaterais”. A petição foi encaminhada, segundo o mesmo autor, pelo rei, ao Provedor da Fazenda, de Santos, Timóteo Correa de Góis, para informar. Contudo, nenhum vestígio deixou a petição depois disso. Como que desapareceu nos arquivos do Provedor, sem solução.
A igreja teve três fases distintas em sua história: a) o da obtenção de provisão de ereção e instituição do templo; b) o da obtenção de fundos para a construção, pois a Irmandade era pobre, integrada por pretos e escravos de relações com alguns brancos; c) o do pedido de terreno à Câmara.
O livro de tombo da Sé, afirma que a virgem do Rosário fora “colocada pelos pobres escravos e pretos com toda a devoção na Capela que edificarão por graça do Exmo. Sr. D. Antônio de Guadelupe”.
Ao comentar a nomeação do administrador perpétuo das obras da igreja, datada de 5 de novembro de 1745, Azevedo Marques deixa bem claro que : “ cerca de 10 anos antes já existia uma pequena e pobre capela sustentada pelos devotos, e nela foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Era uma capelinha meio oculta na parte de cima do córrego Anahngabau em 1721.
Bibliografia:
Igrejas de São Paulo - Leonardo Arroyo.