sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Maior proprietário de imóveis do distrito de Santa Ifigênia

Ao se trabalhar com dados específicos para cada um dos cubículos, a riqueza e a maior precisão das informações nos permitem avaliar melhor as condições das habitações dos operários. Cabe esclarecer que há uma diferença entre o número de cubículos registrados na parte superior da ficha e os descritos na inferior. Por exemplo, há 426 cubículos no campo superior da ficha e 399 no inferior. “Essa diferença deve-se ao fato de que nem todos os cubículos foram descritos pelos membros da Comissão de Examepor  e Inspecção”.
Duas casinhas de Carlos Girardi, o maior proprietário de casinhas na zona do distrito de Santa Ifigênia, apresentava lotação excedente em 80 a 60%, respectivamente. Embora com um menor excesso de lotação, todas as casinhas de sua propriedade tinham excedente ocupacional. Dos seus três cortiços, dois tinham excesso de habitantes, 58 e 55%; do terceiro não se dispõe de informação. As casinhas, em número de seis, e os 3 cortiços eram convertidos em 54 cubículos ocupados por 282 pessoas, resultando um excedente de 91 indivíduos. O critério para definir o excesso de locação não está muito claro. No Relatório, a Comissão afirma que o número de habitantes em excesso foi indicado pelos moradores. Nessas duas casinhas, há cubículos com 11,30 metros cúbicos por pessoa, onde há o registro de um excedente de 7 pessoas, como há cubículos com 20,71 metros cúbicos por pessoa e, mesmo assim, há o registro de excesso de locação de 2 indivíduos. Pelo Código Sanitário, o aposento de dormir deveria dispor de no mínimo, 14 metros cúbicos livres por indivíduo, como já foi mencionado.
Nas casinhas, há também o registro de um cubículo com apenas dois habitantes e, portanto, com uma capacidade cúbica de 62 metros por moradores, acima do que seria legislado. Nesse cubículo não há registro de excedente.
As duas casinhas com maior excesso de locação, situadas na rua General Osório, abrigavam 51 adultos e um só menor. É difícil dizer se essas casinhas eram ocupadas por famílias jovens sem filhos menores, por famílias maduras com filhos já maiores ou por indivíduos sem família. Quanto à nacionalidade, se tomarmos a do locatário, a única que está discriminada na ficha, e supormos que todos os habitantes tivessem a mesma origem que ele, o que é uma suposição bastante plausível, ou seja, de que em cada cubículo convivessem apenas indivíduos da mesma origem nacional, teríamos pessoas com diversas nacionalidades habitando essas casinhas; italianos seriam 16 adultos e 1 menor; espanhóis, 15 adultos; brasileiros, 13 adultos. Há, portanto 33% de italianos, 29% de espanhóis e 25% de brasileiros; para 13% não há informação.

Bibliografia:
Os Coetiços de Santa Ifigênia sanitarismo e Urbanização 1893.