Nem todas as galerias apresentam esta capacidade de
atrair e congregar as pessoas em seus espaços internos. Alguns edifícios
presentes na Rua São Luiz apresentam esta possibilidade de transitar por eles,
sugerindo novos caminhos, mas não conseguem agregar pessoas sobre seus espaços,
criando os tais espaços de sociabilidade. Muitos destes edifícios apresentam
mais claramente a função de circulação do que a de permanência.
Edificio Itália |
O térreo do Edifício Itália, por exemplo, era utilizado
como espaço de passagem do público da avenida Ipiranga e da São Luiz.
Em geral, dois fatores contribuem diretamente para o
sucesso do empreendimento perante o público passante da região: programa e
projeto de arquitetura. Entenda-se sucessocomo capacidade de atrair os
transeuntes do Centro Novo que por ali passam a passeio, trabalho ou outra
obrigação. Sobre o programa, em geral, a diversidade de atividades garante um
uso mais intenso destes espaços. Cafés e bares funcionam como áreas de
encontros e debates. Galerias com cinemas – como a Califórnia, Olido, Metrópole
– atraem um público em outros períodos além do horário comercial. Com relação à
arquitetura, o uso de marquises nas fachadas marca o acesso ao edifício, os
desenhos dos corredores não tão estreitos, com desenhos diferenciados da linha
reta, mostram-se como percursos mais atraentes, o pé-direito alto deixa o
espaço interior mais agradável.
Na Avenida São Luiz, dois edifícios apresentam este
caráter de área de passagem. O edifício Louvre, de Artacho Jurado, apresenta 45
lojas e sobrelojas. O edifício apresenta 312 apartamentos distribuídos em 23
andares. Com as lojas do térreo recuadas- respeitando o recuo obrigatório de 4 metros
– o conjunto de pilotis do acesso acabam por sustentar o edifício e diminuir o
peso do grande volume do edifício. Uma grande varanda onde se instalam as
sobrelojas abre-se para a copa das árvores da Avenida São Luiz e realiza sua
conexão com o térreo a partir de escadas rolantes. A área de pilotis não
realiza uma passagem no sentido de conectar duas vias, uma vez que a galeria
ocorre paralela à avenida São Luiz e com uma planta fechada. No entanto, cede espaço
de um empreendimento privado para o espaço púbçlico ao criar a área de sobra
abaixo da projeção do prédio.
Ao lado do Louvre encontra-se o edifício Conde Penteado,
de autoria do engenheiro Ricardo Capote Valente. O edifício de uso mito – com lojas
no térreo e vinte pavimentos de apartamentos respeita os limites e recuos
impostos pela legislação. O prédio de apartamentos foi construído acima da
antiga passagem construída pela rua interna da Vila Normanda. Esta passagem
realiza uma ligação com a área de circulação do COPAN. O térreo tem quatro
lojas com sobrelojas, duas com frente para a rua São Luiz, as outras com acesso
pela rua interna.
O conjunto presente nesta quadra – edifícios Conde
Penteado, COPAN e Itália, criam uma das quadras mais permeáveis do Centro Novo.
Bibliografia:
Costa, Sabrina Studart Fontenele – Relações entre o traçado urbano e os
edifícios modernos no Centro de São Paulo. Arquitetura e Cidade (1938-1960)