sábado, 27 de outubro de 2012

Nem todas as galerias são especo de sociabilidade


Nem todas as galerias apresentam esta capacidade de atrair e congregar as pessoas em seus espaços internos. Alguns edifícios presentes na Rua São Luiz apresentam esta possibilidade de transitar por eles, sugerindo novos caminhos, mas não conseguem agregar pessoas sobre seus espaços, criando os tais espaços de sociabilidade. Muitos destes edifícios apresentam mais claramente a função de circulação do que a de permanência.
Edificio Itália
O térreo do Edifício Itália, por exemplo, era utilizado como espaço de passagem do público da avenida Ipiranga e da São Luiz.
Em geral, dois fatores contribuem diretamente para o sucesso do empreendimento perante o público passante da região: programa e projeto de arquitetura. Entenda-se sucessocomo capacidade de atrair os transeuntes do Centro Novo que por ali passam a passeio, trabalho ou outra obrigação. Sobre o programa, em geral, a diversidade de atividades garante um uso mais intenso destes espaços. Cafés e bares funcionam como áreas de encontros e debates. Galerias com cinemas – como a Califórnia, Olido, Metrópole – atraem um público em outros períodos além do horário comercial. Com relação à arquitetura, o uso de marquises nas fachadas marca o acesso ao edifício, os desenhos dos corredores não tão estreitos, com desenhos diferenciados da linha reta, mostram-se como percursos mais atraentes, o pé-direito alto deixa o espaço interior mais agradável.
Na Avenida São Luiz, dois edifícios apresentam este caráter de área de passagem. O edifício Louvre, de Artacho Jurado, apresenta 45 lojas e sobrelojas. O edifício apresenta 312 apartamentos distribuídos em 23 andares. Com as lojas do térreo recuadas- respeitando o recuo obrigatório de 4 metros – o conjunto de pilotis do acesso acabam por sustentar o edifício e diminuir o peso do grande volume do edifício. Uma grande varanda onde se instalam as sobrelojas abre-se para a copa das árvores da Avenida São Luiz e realiza sua conexão com o térreo a partir de escadas rolantes. A área de pilotis não realiza uma passagem no sentido de conectar duas vias, uma vez que a galeria ocorre paralela à avenida São Luiz e com uma planta fechada. No entanto, cede espaço de um empreendimento privado para o espaço púbçlico ao criar a área de sobra abaixo da projeção do prédio.
Ao lado do Louvre encontra-se o edifício Conde Penteado, de autoria do engenheiro Ricardo Capote Valente. O edifício de uso mito – com lojas no térreo e vinte pavimentos de apartamentos respeita os limites e recuos impostos pela legislação. O prédio de apartamentos foi construído acima da antiga passagem construída pela rua interna da Vila Normanda. Esta passagem realiza uma ligação com a área de circulação do COPAN. O térreo tem quatro lojas com sobrelojas, duas com frente para a rua São Luiz, as outras com acesso pela rua interna.
O conjunto presente nesta quadra – edifícios Conde Penteado, COPAN e Itália, criam uma das quadras mais permeáveis do Centro Novo.

Bibliografia: Costa, Sabrina Studart Fontenele – Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo. Arquitetura e Cidade (1938-1960)

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