domingo, 7 de outubro de 2012

Edifício Itália: o arranha céu que conhecemos

Edifício Itália

Os argumentos que explicam pela legislação a questão da altura e dimensão de um edifício no centro novo de São Paulo sempre enveredam por um acordo coma municipalidade. Os construtores mencionam que a prefeitura adotou como módulo a diagonal do cruzamento entre a São Luiz e a Ipiranga. O que de fato explica em parte a altura final do edifício em torno de 151m e 45 pavimentos. A legislação já previa alturas superiores acima de 80m nos pontos focais. Entretanto, os  corpos elevados, quando isolados não poderiam ocupar mais do que 35% de sua área do lote. A área do lote é de 2.382metros quadrados, a do andar-tipo é de aproximadamente 1.045metros quadrados, o que corresponde a 43,8% do lote, portanto acima do permitido em lei. Como se vê a exceção ultrapassou a diagonal.
A altura da torre se explica por esses acordos. As alturas das duas alas encostadas nas divisas explicam-se em parte pela altura mínima exigida para edificações no alinhamento da via e não pelo índice máximo permitido na região central. De fato a condição desses corpos, restrita na altura mínima, se justifica, assim como o embasamento mais baixo do que exigido, pela estratégia em fazer a torre mais expressiva e solta: as alas criam um pano de fundo e o embasamento, que ocupa toda a área do terreno, desprende-se da torre por meio de pilotis; na essência um térreo para lojas.
Esses arranjos compositivos das volumetrias são importantes para afirmar essa condição do edifício isolado no lote. Xavier, Lemos e Corona sublinham: “até a altura permitida para construções na divisa, desenvolve-se, em cada alinhamento, volume baixo de tratamento diverso da torre, fazendo-lhe contraponto e garantindo uma harmonização que dificilmente seria obtida somente com as construções lindeiras”. Essa explicação aclara uma questão relevante para os modernos “[...] fugindo à tradição fachadista e aos correspondentes pátios internos, garante com sua planta elíptica, um tratamento continuo à fachada”.
A organização do espaço interno, essencial numa boa arquitetura, distendeu-se até àquela conformação elíptica, emprestando-lhe um rigor de limite exato para empolgar com sua ressonância de ritmos numa autêntica manifestação monumental. O Edifício Itália é para ser visto por todos os lados, a noção de fachada foi totalmente eliminada, como o preconiza a moderna arquitetura
Índice ideal de insolação e noção de fachada totalmente eliminada, são pontos centrais preconizados pela doutrina da arquitetura moderna. Sob esse olhar o edifício Itália é exemplar: o que se vê é precisamente a torre e sua orientação no sentido norte-sul; um pequeno desvio à direita não modifica substancialmente a orientação. No Itália o edifício não tem uma forma prismática e os brises estão postos igualmente em todas as faces. Embora os brises sejam ajustáveis eles parecem atender igualmente aspectos funcionais e formais.
A curvatura da torre acompanha a curva de visibilidade na esquina das avenidas Ipiranga e São Luiz.
O edifício Itália configura-se como uma torre solta e soberana, no entanto, ainda continua atada no rés do chão pela galeria comercial.

Bibliografia: Ribeiro, Alessandro José Castroviejo – Edificios Modernos e o Centro Histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma- Tese de doutorado- USP - 2010

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