quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Busca de soluções para os cortiços de Santa Hifigênia


Os inspetores não se limitaram a descrever a situação, mas também apresentam propostas de demolição ou de reforma em vista da situação de cada edifício, e propõem duas plantas para “habitações operárias de caracter urbano”, uma delas define inclusive “o mínimo das construções deste gênero toleradas dentro da cidade, e uma planta para “as vila operárias” a serem construídas em “terrenos fora da cidade”.
Estabeleciam, assim, um parâmetro que viria a ser elemento de conflito entre higienistas e engenheiros civis.
O Relatório apresenta ainda outro item de grande importância para a constituição do urbanismo enquanto prática de projetar e intervir na configuração do espaço urbano: o da especialização de áreas da cidade para determinadas ocupações.
Em suma, praticamente os especialistas estabelecem condições mínimas para a construção ou reforma dos cortiços em bairros urbanos e já dispõem a localização para as vilas operárias, “de preferência, nos subúrbios em terrenos escolhidos e saneados”, com fácil acesso aos empregos por meio do transporte ferroviários ou, quando dentro do perímetro da cidade, a serem implantadas em “terrenos ainda desocupados no Bexiga, Bella Cintra, Pacaembu, Pary, Mooca e Cambucy”.
A leitura do relatório de 1893 mostra que os autores detinham o pleno conhecimento das modernas práticas sanitárias difundidas internacionalmente por meio de projetos, soluções exemplares apresentadas em exposições, congressos, escritos teóricos, livros e artigos em revistas especializadas, manuais técnicos e demais publicações. Apoiada na teoria mesológica, de ampla adoção para as intervenções urbanas, a ação governamental amplia a área de sua responsabilidade, antes pontualmente restrita à realocação de cemitérios, hospitais e matadouros para áreas afastadas da parte mais urbanizada da cidade e ao cuidado de avaliar os lugares de implantação em relação à topografia e direção dos ventos. Como forma de assegurar, ainda que precariamente, a entrada de luz e ar nos cômodos, a Prefeitura exige, a partir de 24 de maio de 1893, supervisiona as plantas das casas a serem construídas como condição prévia ao fornecimento do necessário alinhamento no lote. Complementa desse modo leis que, já em 1871, haviam estipulado a exigência do pedido de alinhamento feito à Câmara para as novas construções.
Como parte da reorganização administrativa, a Prefeitura estabeleceu, para efeito de cobrança de impostos, a divisão da cidade em quatro perímetros: primeiro o Triângulo Central e o Centro Novo, estendendo-se até a Pça da República; em continuidade, o segundo perímetro comportava extensa área a leste e a área a oeste formava o terceiro perímetro, restando ao quarto uma área ainda em urbanização e definida a partir do limites das anteriores.

Bibliografia:
Os cortiços de Santa Ifigênia: sanitarismo e urbanização 1893 pág 22.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cortiços de Santa Ifigênia

Prédio de Cortiço

Em 1893, como resposta as constantes reclamações tanto de particulares, dos políticos exigidos pelo incessante crescimento da cidade o intendente municipal designa uma comissão de especialistas para analisar as condições de higiene da “zona afetada pela febre amarela”. No relatório encaminhado ao Prefeito Cesário Ramalho da Silva os integrantes da Comissão de exame e inspecção das habitações operárias e cortiços no distrito de Santa Ifigênia apresentaram detalhes as más condições sanitárias de determinadas ruas e casa desse bairro. A situação de emergência autorizava-os a adentrar o espaço privado das habitações “em bem da higiene urbana”, pois, como enfatizavam os inspetores, a área construída “ponto vulnerável do sistema de defesa”. E mais reivindicavam em nome da higiene pública o poder e o dever das autoridades governamentais de “em certos casos suprimir garantias” e até “mandar demolir, retocar e reformar” sem obrigação, em certas circustâncias, de indenizar o proprietário.
E as primeiras observações foram: “Ai a depressão do terreno no interior dos quarteirões é uma bacia rodeada pelo aterro das ruas, cujo calçamento fica de ordinário mais alto do que a área dos quintais.
A drenagem superficial é assim imperfeitíssima sem o concurso de um bom serviço de esgoto
A umidade copiosa do terreno, não rato, forma nestes terrenos deprimidos, pequenas lagoas que as águas pluviais alimentam e que só desaparecem pela ação do calor solar.
Em mais de um ponto a drenagem é mesmo impossível por se achar o encanamento do esgoto em nível superior. Em outros sítios a carga adicional de água no tempo de chuva faz refluir da rede de esgoto matérias aí contidas ou retardadas, o que demonstra as condições desfavoráveis em que essa rede funciona”.
Em seus relatórios a comissão coordenada pelo engenheiro Luis Cesar do Amaral Gama e formada por seu colega Theodoro Sampaio e três médicos, utiliza expressões que conjugam noções técnicas e figuras de linguagem. Assim, se suas avaliações iniciam-se afirmando do ponto de vista técnico a necessidade impositiva de “uma plano de saneamento” de “manter em nível elevado a higiene {....} [e] cuidar da unidade urbana a habitação”
Várias são as denominações para designar essas moradias coletivas: ”habitações comuns, estalagens, cortiços, hotéis de 3ª ou 4ª ordem, casas de dormida, prédios transformados em hospedaria, vendas e tascas, quase todas com aposentos nos fundos para aluguel”.
Preocupados com as péssimas condições sanitárias dos cortiços e demais habitações coletivas dessa área bastante populosa e próxima ao “centro velho” da cidade, os inspetores percorreram casa a casa e anotaram minuciosamente em fichas os nomes dos proprietários e de seus respectivos inquilinos.

Bibliografia:
Os cortiços de Santa Ifigênia: sanitarismo e urbanização (1893) pág 21


domingo, 11 de dezembro de 2011

Mudança de Local da Irmandade de N.S. Rosário dos Homens Pretos

Em 1898 surgiram os primeiros indícios de que a igreja iria ser destruída para alargamento da praça e sua subseqüente mudança para o Largo do Paissandu, quando foi inaugurada solenemente aos 15 de abril de 1906, com a benção do cônego João Nepomuceno Manfredo Leite. A irmandade de Nossa Senhora do Rosário, sem a licença do ordinário da Diocese, procurou alienar parte da igreja, ou seja, a sacristia. Por isso foi privada de celebrar ou mandar celebrar qualquer ato religioso pro portaria de 19 de julho de 1898 anulada, aliás, em dezembro pelo cônego Ezechias Galvão da Fontoura. Em 1903 a Câmara Municipal votou a lei nº 670 que declarava “de utilidade publica, para o fim de serem desapropriados, os terrenos e prédios necessários ao aumento do largo do Rosário, pertencentes a Irmandade de Nossa Senhora do Rosario dos Homens Pretos”.  A Irmandade pediu a indenização de 500 contos, mas os entendimentos como prefeito chegaram a bom termo com uma indenização de 250 contos. Alegava a Irmandade que “a igreja de Nossa Senhora do Rosario dos Homens Pretos é um monumento histórico de nossa pátria. Data de 1725 a sua ereção naquele local, conforme documentos que possuímos. Os nossos avôs construíram-na em dias santificados, isto é, quando os seus senhores davam licença. Na então Capitania de São Paulo e Minas caminhavam, em 1725, Domingos de Mello Tavares, ermitão de Nossa Senhora do Rosário na busca dos cruzados precisos para a ereção da igreja.
Logo que angariou 10 mil cruzados, pediu licença as autoridades competentes para regularizar a constituição da Irmandade, o que teve lugar anos depois, por Portaria e mando de D. João, então Principe Regente de Portugal. Vê, pois, Vª Exa, que tem a igreja do Rosario um alto valor estimativo para nós e para o país. Não devemos, por conseguinte, transformá-la em arquitetura que faça desaparecer amanhã o seu valor histórico.
Assim, foi derrubada a tradicional igreja e escolhido o Largo Paissandu para a edificação do templo novo que perpetuasse a tradição do antigo. Os moradores do Largo protestaram, alegando a beleza da praça do Paissandu, que seria sacrificada com a construção. Mas prevaleceu a opinião da Câmara. A pedra fundamental do novo templo foi lançada no dia 24 de julho de 1904 e a igreja inaugurada no dia 15 de abril de 1906.

Bibliografia:
Igrejas de São Paulo - Leonardo Arroyo

domingo, 4 de dezembro de 2011

Festejos de Nossa Senhora do Rosário

Festejos de N. S. do Rosário

Era o festejo dos pretos devotos que não poucas vezes iam a excessos. João Amaro requereu, na sessão de cinco de janeiro de 1833, licença “para fazer danças de pretos no dia seis do corrente no Pateo do Rosário. Ordenando a edilidade que ele se dirigisse ao juiz de paz, “que lhe deferirá na conformidade das leis”. O juiz, realmente, deferirá de forma favorável aos devotos e a Câmara, sempre vigilante do bem comum, mandava o fiscal cobrar “as contas dos pretos de forma do artigo 8° das Posturas.
Por ocasião das solenidades que, antigamente, se efetuavam n igreja de Nossa Senhora do Rosário, em honra desta Santa, se realizavam também, em frente à mesma igreja, festejos populares, postando-se aí um numeroso bando de pretos africanos, que executavam com capricho, a célebre música denominada Tambaque,(espécie de Zé Pereira), cantando e dançando com as suas parceiras, que, adornadas de rodilha de pano branco na cabeça, pulseiras de prata, e de rosário de contas vermelhas e de ouro ao pescoço, pegavam no vestido e faziam requebrados, sendo por isso vitoriados com uma salva de palmas pela numerosa assistência; e, quando terminava a festa da igreja, os mesmos africanos acompanhavam, tocando quantos instrumentos esquisitos haviam, e cantando, o Rei e a Rainha, com a sua corte, composta de grande número de titulares e de damas, que se apresentavam muito bem vestidos. O Rei e a Rainha, logo que chegavam a casa, ofereciam aos titulares, que adotavam os títulos que então possuíam os antigos estadistas do tempo do império, e as damas, um suculento jantar, durante o qual trocavam-se amistosos brindes entre os convivas, mandando as majestades distribuir bebidas aos tocadores do mesmo Tambaque, e que ficavam na rua esperando a saída dos mesmos personagens, os quais, no meio de ensurdecedor barulho, voltavam para a igreja, a fim de tomarem parte na solene procissão de Nossa Senhora do Rosário. Os filhos menores de idade dos pretos africanos, acompanhados de suas mães, também assistiam as mesmas festas, apresentando-se bem vestidos, com um gorro de lã, feito de crochet, na cabeça, e trazendo, como adorno, ao pescoço um rosário de contas vermelhas e de ouro, com grande número de bugigangas, tais como dentes de onça, figas de guiné e de ouro, olho de cabra, pacova, etc..sendo que tudo isso era para livrar os pequenos filhos dos mesmos pretos africanos de algum mau olhado ou de outra  qualquer feitiçaria.
Mas nem tudo eram festas. Havia também os cerimoniais fúnebres, tocados de reminiscências africanas e tolerados pela igreja até certo ponto. Esse certo ponto foi a vizinhança que se desenvolvia em torno da igreja. São Paulo crescia e os cidadãos que vinham morar para o largo do Rosário começaram a se inquietar com a cantoria dos negros pela noite a dentro quando morria um membro da irmandade.

Bibliografia:
Igrejas de São Paulo , Leonardo Arroyo, págs 208 e 209

sábado, 3 de dezembro de 2011

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Igreja de N. S. do Rosário dos Homens Pretos

Foi concretizada no início do século XVIII. É a igreja que reunia os homens pretos e pobres da cidade de São Paulo numa associação para promover a vida cristã. Por que os pretos teriam escolhido justamente Nossa Senhora do Rosário? Este problema logo se impôs. È em Artur Ramos que vamos encontrar a explicação para o fato da preferência dos pretos de São Paulo pela virgem do Rosário. Notou o mestre que os escravos de procedência bantu, principalmente do Congo, associaram-se no Brasil em confrarias religiosas. “tendo por patronos santos católicos”. “Destas confrarias, acrescenta, as mais importantes eram a de S. Bendito, a de N.S. do Rosário dos Negros Congos, sendo que esta última já era a sua padroeira na África, por influência dos colonizadores portugueses”. As observações do ilustre estudioso dos fenômenos culturais afro-brasileiros foram feitas na Bahia e em algumas regiões do Norte do Brasil, apresentando assim a possibilidade de não poderem ser aplicadas ao sul, ou seja, em São Paulo. Engano, porém. Elas podem ser aplicadas perfeitamente em São Paulo do século XVIII, onde se realizavam de certa forma adulterada, os autos populares dos Congos e Cucumbys, para os quais “o rei e a rainha eram eleitos pela irmandade de N.S. do Rosário”. Com efeito, os estatutos da \irmandade de Nossa senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo também dispunham sobre essa eleição para os festejos.
A igreja foi fundada no antigo largo do Rosário, confluência da hoje se encontra no Largo do Paissandu, vigilante de suas tradições e da curiosidade histórica.
Francisco  Nadyr Filho revela que em 1721 os membros da irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Homens Pretos enviaram uma representação ao rei de Portugal, pedindo licença para edificar um templo em que pudessem solenizar os mistérios do Rosário da Mães de deus. Em 1721, é bom que se destaque, e solicitavam que “os favorecesse com lhes mandar um sino, e um ornamento para três altar-mor e dois colaterais”. A petição foi encaminhada, segundo o mesmo autor, pelo rei, ao Provedor da Fazenda, de Santos, Timóteo Correa de Góis, para informar. Contudo, nenhum vestígio deixou a petição depois disso. Como que desapareceu nos arquivos do Provedor, sem solução.
A igreja teve três fases distintas em sua história: a) o da obtenção de provisão de ereção e instituição do templo; b) o da obtenção de fundos para a construção, pois a Irmandade era pobre, integrada por pretos e escravos de relações com alguns brancos; c) o do pedido de terreno à Câmara.
O livro de tombo da Sé, afirma que a virgem do Rosário fora “colocada pelos pobres escravos e pretos com toda a devoção na Capela que edificarão por graça do Exmo. Sr. D. Antônio de Guadelupe”.
Ao comentar a nomeação do administrador perpétuo das obras da igreja, datada de 5 de novembro de 1745, Azevedo Marques deixa bem claro que : “ cerca de 10 anos antes já existia uma pequena e pobre capela sustentada pelos devotos, e nela foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Era uma capelinha meio oculta na parte de cima do córrego Anahngabau em 1721.
Bibliografia:
Igrejas de São Paulo - Leonardo Arroyo.

domingo, 20 de novembro de 2011

Igreja de Santa Cecilia

A Igreja de santa Cecília, no largo do mesmo nome, e, historicamente, quase centenária. Vem daqueles recuados anos de 1860 quando, na sessão da Câmara de 27 de setembro, foi lido “um abaixo assinado os moradores no distrito da freguesia de Santa Ifigênia significando que lado de vinte e uma assinaturas que desejando construírem um templo á Santa Cecília tem em vistas um terreno sito no largo além do tanque do Arouche”. E mais, terreno situado “entre a Rua da América e a estrada de Campinas, pedindo se lhes dê o mencionado terreno que se acha devoluto, afim de nele construírem o mencionado templo”.  
Igreja de Santa Cecilia
No terreno doado os devotos construíram a primeira capela e Azevedo Marques informa que a data do lançamento da primeira pedra é de 2 de abril de 1861. Que foi neste ano não há dúvida alguma, conforme relata em seus “Apontamentos para a História da Paróquia da Santa Cecília o cidadão Francisco Inácio Xavier de Assis Moura. Ele mesmo dá a comissão encarregada das obras, que esteve integrada por Henrique Pupo de Moraes, o capitão Francisco de Paula Xavier de Toledo, Francisco Leandro de Toledo, Joaquim José Ferreira, Damaso Nogueira de Sá, Bernardo de Figueiredo e outros. Encarregados de levantar uma “capela dedicada a São José e Santa Cecília no bairro do Arouche no lugar denominado tanque do Teobaldo”.
Naturalmente as pretensões dos devotos de São José e Santa Cecília eram bem modestas, pois a primeira capela foi humilde e frágil, “feita de madeira, sem arquitetura, nem solidez”, na descrição daquele mesmo cidadão Assis oura. Tinha somente o altar-mor, simples também, com as duas imagens de padroeiros “e dois pequenos corredores aos lados da pequena capela-mor”. Mas o suficiente para os devotos agasalharem seus pedidos e suas crenças.
E o suficiente para que começasse a crescer na paisagem quase desnuda do bairro nos meados do século XIX, por onde passavam tropas de burros, boiadas, cavaleiros a caminhos de Campinas, rumo àquele pouso último que era a Água Branca. Com efeito, já em 1869, aos 13 de abril, o edital de patrimônio da capela foi dado na Câmara Eclesiástica. O protetor e zelador da capela de “São José e Santa Cecília” informava ao vigário capitular, em requerimento, que à capela “fora Doda com uns terrenos no mesmo bairro e ao lado da capela pelos capitães Bento José Alves Pereira e sua mulher para nesse terreno construírem o necessário patrimônio da Capela”.  E pedia o zelador ao padre Joaquim Manuel Gonçalves “as diligencias precisas para semelhante fim”.
Durante onze anos a humilde capela atendeu às necessidades dos devotos do bairro então incipientes e de pouca população. Vivia sob a estola da freguesia da Consolação, de cuja igreja saia o padre muitas vezes para dizer os ofícios religiosos diante de modesto altar de São José e de Santa Cecília. Em 1880, porém, segundo ainda o cidadão Assis Moura, foi fundada a Irmandade de São José e Santa Cecília, cujo objetivo era a construção da nova capela, já que a primitiva, ou estava sendo dominada pela velhice, ou já não atendia ao desenvolvimento do bairro.
Aos 17 de julho de 1882 o bispo concedia licença “para a demolição da capela e construí-la novamente”. Os trabalhos foram feitos com certa rapidez pois dois anos depois, isto é, aos 21 de novembro de 1884 estava acabada a nova igreja, sendo concedida a benção necessária “usando da formula breve- Benedictio loci”.

Bibliografia:
Igrejas de São Paulo, Leonardo Arroyo

domingo, 13 de novembro de 2011

Igreja de Nossa Senhora da Consolação

Igreja da Consolação

A igreja de Nossa Senhora da Consolação foi fundada em 1799 pelos seus devotos, à margem do caminho de Pinheiros, hoje Rua da Consolação. Estrada de Pinheiros, segundo outras expressões, que vinha do Pátio do Colégio para as cercanias da igreja de Santo Antônio, enveredava pelo Anhangabaú e daí subia em direção à aldeia de Pinheiros, longa estrada palmilhada durante séculos pelos nossos avoengos, encontradiça nos documentos mais antigos da vila. Situava-se em terras de Angela Vieira que se estendiam até hoje Avenida Paulista, que cobriam o Caminho do Aniceto, por onde se ia antigamente também para “o Pacaembú, Eboaçava, Freguesia do Ó, ficando os terrenos em questão para cá do marco de meia légua, que delimitava a sesmaria do Rocio, portanto pelas proximidades da Avenida Paulista”.
A afirmação de que a igreja foi fundada por seus devotos em 1799 baseia-se num documento transcrito por Jacinto Ribeiro e constitui a informação mais antiga que encontramos a respeito do templo. Isso não obstante Azevedo Marques afirmar que sua edificação foi posterior a 1760, baseado em menções de Pedro Tques de Almeida Pais Leme e frei Gaspar da Madre de Deus. A verdade é que, nesses dois autores citados pelo autor dos Apontamentos Históricos, não encontramos tais menções. O documento transcrito por Jacinto Ribeiro traz a data de abril de 1799 e trata-se de um requerimento dirigido ao então bispo diocesano, D. Mateus de Abreu Pereira.
O despacho do bispo foi favorável. E já no ano seguinte, “com auxilio de esmolas angariadas deram inicio à construção da capela, a qual foi benta e inaugurada no ano seguinte, obtendo provisão para que na mesma fosse celebrado missa e mais atos divinos”. Ao contrário do que geralmente é aceito, a mais antiga referência da igreja de Nossa Senhora da Consolação nos atos oficiais da Câmara não é de 1832, ou mais explicitamente, de 18 de junho de 1832, que, entre outras coisas diz... “do lado da Consolação, da igreja em diante”... Não, não é. No dia 23 de novembro de 1803registrava-se na Câmara um ofício que expunha as necessidades de água que padeciam “os moradores do bairro de Nossa Senhora da Consolação desta cidade”, o que implicava na existência de uma igreja, como sempre foi, geralmente, do hábito e da técnica, ou seja, o bairro tomar o nome do orago do templo que ai se encontrava localizado.
Em 1829 há uma nova informação provando a existência da capela da Consolação. É o que se lê do ofício da Câmara ao Sr. Francisco de Castro do Canto e Mello, que “se oferecera para a reedificação da estrada que segue da capela da Consolação até a Ponte dos Pinheiros”. Ainda mais; na planta da cidade de São Paulo de 1810, figura a capela de Nossa Senhora da Consolação, podendo-se afirmar que tão logo o bispo despachou a petição de Luiz da Silva e “mais irmãos devotos” começaram eles a edificação do templo que, como tantos outros, se revestia de simplicidade própria da época e de seus recursos. Zona ruim era essa que cercava a humilde igreja da Consolação, cheia de pantanais, barro, lama, grandes buracos de águas estagnadas.
A Câmara, na sessão de 15 de março de 1834 , ordenara ao seu fiscal que examinasse “outro pantanal que há na estrada diante da Igreja da Consolação na subida do morro.
Bibliografia:
Igrejas de São Paulo - Arroyo Leonardo

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Santa Ifigênia





Foi conhecida também como a igreja dos sinos quebrados. A Santa Ifigênia da rua do mesmo nome, na esquina da Rua da Conceição. Igreja antiga, querida dos paulistanos oriunda do século XVIII, igreja que encheu a cidade com o som insistente, constante, dos seus sinos inumeráveis durante quase dois séculos. Os sinos enchiam a cidade inteira, chegando mesmo a incomodar os pacatos paulistanos de duzentos anos atrás. A Câmara de São Paulo, em sessão de 8 de maio de 1835, recebeu uma indicação no sentido de representar ao bispo diocesano contra o abuso dos dobres dos sinos. Nessa mesma oportunidade o vereador Joaquim Olinto de Carvalho ofereceu um projeto de postura que,, afinal, foi aprovado na sessão de 16 de junho desse mesmo ano “sobre dobres de sinos”. Os sinos de Santa Ifigênia quebravam muito, tanto tocavam nas tardes roceiras da cidade provincial. Dobravam a propósito de tudo, como os dos demais templos, de incêndio, de festas, de batizados, de enterros, pela chegada de bispos ou sacerdotes importantes, pela chegada de gente graúda do governo. Em tudo isso, pelo seu bimbalhar festivo se destacava o sino da igreja de Nossa senhora da Conceição. Vira e mexe lá vinha um pedido do vigário para a Câmara pedindo um sino novo, ou “authorisme  pa mandá-lo fundir de novo, no q. gastará 50 e tantos mil RS”.


Numerosos foram os sinos quebrados. Necessário frisar que tudo isso era ocasionado por abuso dos vigários, dos cristãos, dos diretores da irmandade religiosas. Mais de uma vez a Câmara, que mantinha suas responsabilidades sobre as igrejas, viu-se obrigada a tomar providências. Em 1836 por exemplo, as posturas de fevereiro dispunham sobre os dobres dos sinos, em casos de incêndio, de inundação, de morte e de grandes acontecimentos. Em caso de incêndio sobre ameaça de multa, todas as igrejas deveriam bater os sinos. Em caso de morte as pancadas deveriam ser lentas, como convinha aos instantes dramáticos em que o homem volta a sua condição de pó. A intimidade da Câmara com as igrejas nessa primeira metade do século XIX parecia intimidade de namorados, enfeitada, é bem de ver, de não poucos arrufos. Era como se a Câmara cuidasse mais das necessidades da alma e das crenças do que do corpo e da saúde dos munícipes, que pisavam nas ruas, sujas, vielas, incomodados por animais. Saindo-se fora do perímetro limitado pelo Pátio do Colégio e mais algumas ruas, o paulistano era um tipo infeliz. Mas fora disso a Câmara aprimorava os seus cuidados pelos templos.

Bibliografia:
Igrejas de São Paulo. Arroyo, Leonardo


domingo, 30 de outubro de 2011

Rua dos Gusmões

Recebeu este nome em 1865 para homenagear vários Gusmões e todos ilustres.
Na Vila de Santos, como cirurgião do Presídio, vivia um certo Francisco Lourenço, português, casado com uma senhora de nome Maria Alvares, natural da mesma vila de Santos. Pais foram esses dois os pais dos Gusmões. Varios  filhos, entre os quais alguns de certa notoriedade. E tudo isso se relaciona com o nome da atual rua dos Gusmões.
Alexandre de Gusmão
Um dos Gusmões foi o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o grande inventor do aeróstato, que precedeu a Mantpellier, francês, nessa descoberta genial.
Os outros Gusmões conhecidos foram: Simão Alvares, jesuíta que foi um famoso pregador do seu tempo. Depois mencionamos o nome de Frei  Patrício de Santa Maria, franciscano, latinista emérito. Depois ainda, como um dos Gusmões célebres, citamos o Padre João Alvares de Santa Maria, carmelita, também tido como grande orador sacro.
Mas você dirá: - Então era tudo padre? Eram todos sacerdotes? Que família abençoada essa de D. Maria Álvares:
Todavia, há um Gusmão que não foi padre, o único. Esse é o Alexandre de Gusmão, doutor pela Universidade de Coimbra uam das maiores figuras da Corte de D. JoãoV. Era muito culto e letrado e por isso chegou a secretário particular do Rei.
E quer você saber os títulos de honra que esse Gusmão possuía? Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo, além de fidalgo ilustre da Casa Real. Era membro da Academia de História Portuguesa e Conselho Ultramarino. Representava com fino trato diplomático os interesses de Portugal na política externa, assinando e propondo tratados, alguns dos quais de grande importância para a demarcação das nossas fronteiras com a América Espanhola.
Foi esse quem, como embaixador das Cortes de Lisboa junto a Santa Sé, obteve para o seu rei  o Título de “Fidelíssimo”, D João, o Fidelíssimo. E foi nessa época que Alexandre de Gusmão muito influiu na criação dos bispados de S. Paulo, de Mariana e de Belém do Pará,
E ainda não parou nisso esse célebre Gusmão, que foi Alexandre e o único que não era padre. Como embaixador na França, sua ambição não foi demasiada, pois que rejeitou o título de Príncipe Romano que o Papa Benedito XIII lhe quis conferir.
Alexandre tinha dois filhos, Viriato e Trajano, que muito adorava e que foram vítimas de um incêndio que destruiu toda a sua casa, nela perecendo carbonizados os dois meninos. E fpoi depois desse lamentável episódio que Alexandre de Gusmão, resistindo por mais ou menos um ano à sua dor, veio a falecer.

Bibliografia:
São Paulo de Antigamente; História pitoresca de suas ruas, Manuel Vitor

domingo, 23 de outubro de 2011

Primeiro foi chamada Rua Alegre, talvez por que fosse realmente uma rua alegre naqueles tempos. Depois chamou-se rua do Seminário, pela aproximação de algum grande Seminário, no tempo. E assim foi até que se denominou Brigadeiro Tobias.
Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, o homem que, na época era considerado um dos mais atilados políticos.
Brigadeiro Tobias de Aguiar
Nascido em Sorocaba, em 1795, Tobias de Aguiar se impôs pela sua  capacidade como homem público.
Tornou-se amigo do Padre Diogo Antônio Feijó e daquele Francisco de Paula Melo, aquele mesmo orfãozinho que deu o seu nome a Rua Paula Souza.
Hoje esta rua lembra um herói que participou de muitas lutas e agitações da Independência. E pelos seus méritos, acabou sendo nomeado para o Conselho da Província, governando até 1835. Mas não descansou pois que novamente o foram buscar para presidência do Conselho em 1840.
Como administrador, como deputado que também foi em diversas legislaturas, o Brigadeiro Tobias de Aguiar foi agraciado com a Ordem de Cristo e depois a Imperial Ordem da Rosa.
Sua faina inovadora não parava apenas no desempenho dos seus cargos. Ia mais além, e por isso se meteu numa rebelião de Sorocaba, com a cumplicidade de Diogo Antônio Feijó. Derrotado, teve de fugir para o Rio Grande do Sul. Mas foi preso e encerrado na Fortaleza de Lage, no Rio, onde permaneceu até ser anistiado.
Liberado, veio para São Paulo, onde teve recepção entusiástica. O povo não esquece os benefícios que recebe como não esqueceu os nomes daqueles que desde logo se projetaram na sua admiração. E quem sabe foi nesse momento, então, que a rua do Seminário recebeu esse nome? E o nome Seminário foi dado a outra viela adjacente.
Morreu em um barco que vinha do Rio para São Paulo em 1857. Seus despojos estão na igreja da Ordem Terceira de S. Francisco.

Bibliografia:
São Paulo de Antigamente, historias pitoresca de suas ruas, Manoel Vitor.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Avenida Duque de Caxias


Duque de Caxias

As terras da Avenida estão no antigo terreno da chácara do Campo Redondo, depois chamada de Campos Elíseos. E ainda nessa antiga grande chácara que encontramos a origem da grande artéria.
Ali era anteriormente, campo, vasto campo, dentro do qual o progresso veio depois traçar ruas e ruas, entre as quais a grande via que agora usamos.
Chama-se Duque de Caxias porque no tempo em que a chácara foi retalhada, o Brasil vinha saindo da Guerra do Paraguai e, então, para homenagear os vultos civis e militares, foram sendo dados os seus nomes e aquelas novas ruas abertas.
O Duque de Caxias merece respeito e admiração excepcional do povo brasileiro.
Antes de duque, último título nobiliárquico que teve, foi sucessivamente barão, visconde, conde, marquês e depois finalmente duque, tudo isso merecido em virtude de seus atos e intenso valor patriótico.
Chamava-se Luís Alves de Lima e Silva. Nasceu no estado do Rio, em 1802, num arraial denominado Porto da estrela.
O menino Luís, desde criança teve tanto pendor militar que aos cinco anos era reconhecido cadete do 1º Regimento de Infantaria da Corte. Claro que isso empolgou e não mais esqueceu a carreira das Armas e para melhor nela se integrar cursou a Real Academia Militar.
Já moço, sua ação, seu nome, sua vida, teria de coincidir com a Campanha da Independência, e , por isso nós o vemos no posto de tenente, na Campanha da Bahia. Logo depois, quando o Padre Diogo Antônio Feijo foi ministro da Justiça, ele era tido como o grande colaborador na repressão do movimento restaurador dos Caramurus.
Sempre fiel ao Imperador, em 1840 foi ele o grande pacificador da rebelião estourada no Maranhão. E foi nessa ocasião que ganhou o primeiro título de Barão de Caxias. Para merecer os títulos de Visconde e Conde, Caxias se destacou na invasão da província Cisplatina, derrotando Oribe. E depois disso, sua glória maior, já como um dos valentes e consagradas oficiais do Exército. Caxias entrou na Guerra do Paraguai como comandante das Forças Brasileiras, vencendo o ditador Solano Lopes nas memoráveis batalhas de Tuiuty, Humaitá e Uruguaiana.
Acabada a Guerra do Paraguai , ele foi elevado ao posto de Marechal, entrando também na política, como senador pelo Estado do Rio Grande do Sul.
Foi Conselheiro de Estado, Ministro da Guerra e membro do Partido Conservador.
Terminou seus dias coberto de glórias, falecendo, já cansado e avançado em anos, em 1880.


Bibliografia:
São Paulo de Antigamente; Historia pitoresca de suas ruas; Manoel Vitor

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Largo do Paissandu


Igreja de Santa Ephigenia no Largo de Paissandu

O largo do Paissandu, na sua história, é algo de complicado.  Comecemos pelo nome Paissandu que vem com as primeiras investidas do Brasil na Guerra do Paraguai. Foi naquele ano de 1864, quando o Império influindo na política interna do Uruguai, lançou um pelotão do Exército, comandado pelo general Menna Barreto, para atacar Paissandu. O cerco da praça durou quase um ano, terminando por abrirem as tropas o caminho que desejavam até Montevidéo.
Como o nome Paissandu ficara célebre naquela fase preparatória da Campanha do Paraguai, ao término da luta foi esse nome dado ao Largo.
Antes, no entanto chamava-se Tanque do Zuninga, um tanque que de fato deu nome a toda aquela vasta zona quinhentista e que saia de um riacho chamado Iacuba, riacho esse que hoje, ou ficou seco ou foi canalizado na época.
O fato é que o riacho se espalhava ali pela Avenida São João, Paissandu e adjacências em diversas lagoas que se alastravam sujas, invadindo o terreno e dificultando o trânsito. Por causa destas lagoas o atual Largo do Paissandu chamava-se primeiramente Praça das Lagoas, nome que o povo lhe dava com muita justiça, tantos era os alagados que por ali se estendiam.
Acontece é que nas imediações é que se localizava o Tanque do Zuniga, debatida origem de tantas outras ruas da velha São Paulo. E ele era tanque exatamente porque num recesso baixo do terreno, as águas das lagoas se juntavam em aspecto de tanque.
E o largo Paissandu de hoje também foi chamado Largo do Tanque, ou Tanque do Zuniga, abandonando-se o nome das lagoas.
Onde está o córrego Iacuba se construiu a Avenida Rio Branco e pensar que toda esta água o progresso da cidade bebeu. Mudando o cenário de tal forma que hoje ninguém se lembra como foi o local que agora aparece a pujança do desenvolvimento urbano, com uma linda e tradicional igreja no centro, sem nada saber que ali era um barranco que descambava para a rua do Seminário e para todas aquelas ladeiras que hoje terminam sob o viaduto de Santa Ifigênia

Bibliografia:
São Paulo de Antigamente, historias pitoresca de suas ruas;  Vitor Manuel

sábado, 1 de outubro de 2011

Rua General Osório


Ao defrontarmos com a atual rua General Osório, temos de evocar os bucólicos tempos do campo Redondo, a velha chácara que ali existia e que foi retalhada pela invasão do progresso, a fim de serem abertas as ruas e praças que então se iam fazendo necessárias.
A velha Chácara do Campo Redondo era assim chamada porque o seu limte tinha mesmo aspecto redondo, abrangendo toda aquela zona onde hoje se situam as ruas Duque de Caxias, Visconde do Rio Branco e outras.
Coicidindo esse retalhamento urbano com o final da Guerra do Paraguai, os edis paulistanos no afã de agradar aos heróis, passaram a dar os seus nomes a algumas nas novas ruas abertas.
E aí está hoje, em vez do Campo Redondo, ou de chácara, esse lugar se chama rua General Osório.
Manuel Luís Osório nasceu em 10 de maio de 1808, em terras que pertenciam à Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio (RS), que, posteriormente, tomou o nome de Osório, pelo motivo do seu nascimento.  Foi criado na fazenda do avô materno. Seu pai, Manuel Luís da Silva Borges, filho do casal descendente de açorianos Pedro Luís e Maria Rosa da Silveira, ambos naturais da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, na ilha de Santa Catarina, era um destacado e condecorado militar que lutou no Estado Oriental (atualUruguai) nas guerras de 1811 e no período de 1816 a 1821..
Quarto filho de uma humilde família de 14 filhos, aprendeu a ler e escrever sem ter feito estudos regulares. Em 1º de maio de 1823, com 15 anos incompletos, alistou-se como voluntário na Cavalaria da Legião de São Paulo e acompanhou o regimento de seu pai na luta contra as tropas portuguesas do brigadeiro Dom. Álvaro da Costa, estacionadas na Cisplatina (atual Uruguai), durante a Guerra da Independência do Brasil (1822 - 1823). Contava apenas 15 anos quando teve seu batismo de fogo à margem do arroio Miguelete (13 de maio), nas proximidades de Montevidéu, em um combate contra a cavalaria portuguesa. Um ano depois, foi designado cadete e, mais tarde, alferes do 3º Regimento de Cavalaria da primeira linha.
Em 1824, inscreveu-se na Escola Militar. Preparava-se para seguir os estudos militares quando sua inscrição foi anulada devido à guerra iminente no Sul do país. Teve de enfrentar nova campanha, na Guerra Cisplatina, entre 1825 e 1828. Em 12 de outubro de 1825, junto ao arroio Sarandi, sob o comando de Bento Manuel, o Alferes Osório combateu os orientais à testa de seus lanceiros e se destacou não apenas por ser o único oficial do seu esquadrão a sobreviver à batalha de Sarandi, mas também por salvar a vida de seu comandante, que proferiu: "Hei de legar-lhe, Alferes, a minha lança, porque a levará aonde tenho levado". A lança hoje pertence ao acervo do 3º RCGd - "Regimento Osório" - e é empunhada pelos seus comandantes em atividades festivas.
No início de 1827, Osório continuava em campanha na região de Santana do Livramento. Em 20 de fevereiro de 1827, na Batalha de Passo do Rosário seus lanceiros foram o único corpo de tropa brasileira que não foi desbaratado durante a batalha. Em outubro, foi promovido a tenente e participou das conversações de paz com a desanexação da Cisplatina e reconhecimento da independência do Uruguai, acompanhando o General Lecór.
Firmada a paz, recolheu-se com seu regimento a Rio Pardo, onde passou a morar, consagrando-se à política pelo Partido Liberal. Em 15 de outubro de1835, casou-se com a Sra. Francisca Fagundes, tendo como padrinho Emílio Mallet, que, posteriormente, lutaria a seu lado na Campanha da Tríplice Aliança.
De espírito liberal, Osório teve simpatia pela causa farroupilha, combatendo iniciando ao lado dos rebeldes, até a proclamação da República Rio-grandense(República de Piratini), em 1836, quando o movimento tomou feição separatista, o que ele não aceitou, motivo pelo qual integrou-se ao Exército Imperial, no qual permaneceu até o fim da revolta. Participou, ainda, nos combates contra os rebeldes em Porto Alegre, Caçapava e Erval. Tornou-se capitão em 1838 e major em 1842. Em 1844, solicitou a sua reforma, mas o Exército não querendo dispensá-lo, nomeou-o tenente-coronel. Auxiliou Caxias na feitura da paz de Poncho Verde, que se selou em 25 de fevereiro de 1845.
Ao longo de sua vida foi agraciado com os títulos de barão do Erval (1 de maio de 1866), visconde de Herval  abril de 1868) e de marquês do Erval(29 de dezembro de 1869). Foi casado com Francisca Fagundes, de quem teve quatro filhos: Fernando Luís Osório (1848-1896), Adolfo Luís Osório (1847-?), Manuela Luísa Osório (1851-1930) e Francisco Luís Osório (1854-1910).]
Em, 4 de outubro de 1879 faleceu no Rio de Janeiro, aos 71 anos de idade.
Bibliografia:
São Paulo de Antigamente: História pitoresca de suas ruas- Vitor Manoel

sábado, 24 de setembro de 2011

Rua Epitácio Pessoa


Epitácio Pessoa

A rua é mais uma viela aberta no antigo Campo dos Curros; e dizemos dos Curros porque ali se curravam bois e cavalos no tempo do Brasil Colônia, o mesmo campo que depois se chamou largo da palha, depois sete de Abril, em homenagem a abdicação de D. Pedro I e atualmente Praça da República.
Pois a rua Epitácio Pessoa foi aberta sobre o traçado dessa Chácara dos Curros e se bifurcava com outra rua chamada de Beco Comprido que é a atual Avenida São Luis.
Epitácio da Silva Pessoa nasceu na Vila de Umbuzeiro, Paraíba, em 23 de maio de 1865. Órfão desde tenra idade fez seus estudos secundários no Ginásio Pernambucano de 1874 a 1881; no ano seguinte matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife e ali se bacharelou em 1886. Logo depois foi nomeado promotor público em Bom Jardim, de onde se transferiu em 1887 para a cidade do Cabo.
Proclamada a República foi secretário da Paraíba e deputado da Constituinte e da primeira Legislatura.
Em 22 de fevereiro de 1891 foi nomeado professor da Faculdade do Recife, cargo esse que exerceu até 1902. Foi ministro da Justiça e dos Negócios Interiores de 15 de novembro de 1898 a cinco de agosto de 1901.
Em 1902 foi nomeado ministro do Supremo Tribunal. Nesse cargo aposentou-se em 1912. Eleito senador pela Paraíba, representou o Brasil na Conferência Internacional da Paz.
Na Europa, embora ausente do Brasil, ele estava sendo eleito para substituir na presidência da república o venerando Rodrigues Alves que, por grave enfermidade, não pudera tomar posse. Elegeu-se presidente da República e tomou posse desse alto cargo em 28 de julho de 1919 e governou até 1922.
Não foi pacífico o seu mandato, pois teve de arcar com grave crise política, não se deixando vencer por guerrilhas ou levantes.
Faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro em 12 de fevereiro de 1942.
Bibliografia:
São Paulo de Antigamente, história pitoresca  de suas ruas – Vitor Manoel
Ruas de São Paulo – Arquivo Histórico da Cidade de São Paulo-