quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“São Paulo não para em uma fotografia, move-se num filme”.

A modernização gerada pela industrialização e pelos avanços tecnológicos germinou na cidade, como afirma Maria Arminda, um verdadeiro rompimento com o passado.
A arquitetura moderna será um importante elo entre a revolução industrial e a ruptura com o passado. Novas técnicas, novos materiais enfatizaram na cidade a ruptura tão desejada. O valor ético da nova arquitetura supera seu valor estético.
A afirmação do progresso estava fortemente vinculada a uma separação severa com o passado e a uma visão soberana do futuro.
Painel de Di Cavalcanti no Hotel Jaraguá
No imaginário da época o passado real foi destruído e ao mesmo tempo, outro, heroico, simbólico, ainda que simulacro do que existiu, foi construído.
A História passa a ser a segurança necessária para as novas gerações. Por isso foi necessário recriá-la. O controle sobre o passado era fundamental. Naquele período a figura heroica dos Bandeirantes foi enaltecida na cidade. A ruptura com o passado ocasionou a substituição das antigas classes dominantes e uma grande mobilidade de classes. A presença do operariado se fez notar na metrópole.
A cultura, conforme descreve Arminda Arruda, desfrutou desta ruptura. Ocorria na cidade a substituição dos antigos mecenas. Lofego admite que as atividades da cultura no ideário dos anos 40/50 tinham o propósito de produzir uma intensa vibração cívica, uma unidade que até então não existia na cidade. Eram presentes na cidade painéis e obras que expressavam as mudanças sociais ocorridas e a valorização do passado heroico do paulista. A arquitetura hoteleira com a presença dos painéis de Di Cavalcanti, que definia a obra de arte como sendo uma síntese, no Hotel Jaraguá e Portinari no Hotel Comodoro eram um importante meio para a propagação desta nova fase cultural e social da cidade.
A sociedade paulistana passou a exigir projetos que respondessem aos novos anseios dos anos 50. O automóvel, o tempo, a máquina, o lazer se tornaram temáticas importantes e deveria ser respondidos em um só edifício. As tipologias edificadas pelos arquitetos modernos eram o anseio desta sociedade. Segundo Fernando Viegas, arquiteto idealizador do Conjunto Nacional, o arquiteto atuava com grande responsabilidade inédita no uso de técnicas para a construção de espaços para o convívio social. Tinha o respaldo de uma sociedade que acreditava na arquitetura como uma atividade de interesse público como manifestação cultural.
Segundo artigo da Revista Acrópole, a zona central da cidade encontrava-se em “plena fase de remodelação, conta com numerosos edifícios altos, de arquitetura moderna que caracterizam a metrópole progressista que é São Paulo”.


Bibliografia: Monteiro – Ana Carla de Castro Alves – Os hotéis da Metrópole- O contexto histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940 – 1960)

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