A
modernização gerada pela industrialização e pelos avanços tecnológicos germinou
na cidade, como afirma Maria Arminda, um verdadeiro rompimento com o passado.
A arquitetura
moderna será um importante elo entre a revolução industrial e a ruptura com o
passado. Novas técnicas, novos materiais enfatizaram na cidade a ruptura tão
desejada. O valor ético da nova arquitetura supera seu valor estético.
A afirmação
do progresso estava fortemente vinculada a uma separação severa com o passado e
a uma visão soberana do futuro.
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Painel de Di Cavalcanti no Hotel Jaraguá |
No imaginário
da época o passado real foi destruído e ao mesmo tempo, outro, heroico,
simbólico, ainda que simulacro do que existiu, foi construído.
A História
passa a ser a segurança necessária para as novas gerações. Por isso foi necessário
recriá-la. O controle sobre o passado era fundamental. Naquele período a figura
heroica dos Bandeirantes foi enaltecida na cidade. A ruptura com o passado
ocasionou a substituição das antigas classes dominantes e uma grande mobilidade
de classes. A presença do operariado se fez notar na metrópole.
A cultura,
conforme descreve Arminda Arruda, desfrutou desta ruptura. Ocorria na cidade a
substituição dos antigos mecenas. Lofego admite que as atividades da cultura no
ideário dos anos 40/50 tinham o propósito de produzir uma intensa vibração
cívica, uma unidade que até então não existia na cidade. Eram presentes na
cidade painéis e obras que expressavam as mudanças sociais ocorridas e a
valorização do passado heroico do paulista. A arquitetura hoteleira com a
presença dos painéis de Di Cavalcanti, que definia a obra de arte como sendo
uma síntese, no Hotel Jaraguá e Portinari no Hotel Comodoro eram um importante
meio para a propagação desta nova fase cultural e social da cidade.
A sociedade
paulistana passou a exigir projetos que respondessem aos novos anseios dos anos
50. O automóvel, o tempo, a máquina, o lazer se tornaram temáticas importantes
e deveria ser respondidos em um só edifício. As tipologias edificadas pelos
arquitetos modernos eram o anseio desta sociedade. Segundo Fernando Viegas, arquiteto
idealizador do Conjunto Nacional, o arquiteto atuava com grande responsabilidade
inédita no uso de técnicas para a construção de espaços para o convívio social.
Tinha o respaldo de uma sociedade que acreditava na arquitetura como uma
atividade de interesse público como manifestação cultural.
Segundo
artigo da Revista Acrópole, a zona central da cidade encontrava-se em “plena
fase de remodelação, conta com numerosos edifícios altos, de arquitetura
moderna que caracterizam a metrópole progressista que é São Paulo”.
Bibliografia:
Monteiro – Ana Carla de Castro Alves – Os hotéis da Metrópole- O contexto
histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica
hoteleira (1940 – 1960)
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