Apesar de não
dispormos de elementos aptos a demonstrar qualquer compromisso do pensamento de
Victor da Silva freira com a filosofia positivista, encontr, elementos próprios
da ideologia de Estado.
Exemplo
evidente temos em seu artigo no primeiro número da Revista do Brasil, editada
por Monteiro Lobato, no qual faz uma síntese das ideias do engenheiro
T.W.Taylor, celebre por seus estudos sobre aumento da produtividade industrial,
por meio de cálculo e racionalização dos movimentos dos operários (a partir dos
quais criou o conceito de “homem-boi”)
Tratando
preliminarmente do nosso papel que, àquela altura a engenharia pretendia
desempenhar, afastando-se de sua tradicional vinculação com a esfera das artes
e revestindo-se de vocabulário e métodos próprios das ciências, Victor Freire
considera que: “Alargou-se-lhe (ao engenheiro), com a concorrência econômica
desenfreada do último quartel, o campo de ação. Tornou-se essa ação, por
necessidade, mais metódica com a aplicação da ciência, isto é, do estudo das
relações mutuas entre os fenômenos naturais a que esta última limita o seu
domínio. Uma e outra combinam-se e, por mutua reação, a medida que iam ambas
tornando mais indispensáveis às condições de existência de todos, ficavam mais
acessíveis à compreensão de cada um.
Passou a técnica com ora se chama ao conjunto a ter sua aplicação em todos os
atos da vida corrente. Os que obedeceram aos seus ditames prosperaram e
enriqueceram-se. Estão destinados a desaparecer os que a olharem com
indiferença. Indivíduo ou nação, nação ou indivíduo, ninguém escapará do dilema”.
Mais adiante,
na apologia dos feitos de Taylor, freire (1916ª.p.62) fornece exemplos de
ascensão do engenheiro aos postos de comando da administração pública, como
consequência do sistema geral de repulsa à política: “O município de
Filadelfia, querendo reagir contra a gestão dos seus interesses feita por políticos
de profissão, aproveitou um renovamento de mandato para pedir a Taylor que
tomasse conta da direção das obras, aplicando a estas e ao pessoal os
princípios de sue método”.
A este ponto
freire retornará com maior ênfase e profundidade, em outro artigo, publicado na
mesma Revista do Brasil em setembro de 1916, à guisa de demonstrar a solução
encontrada nos Estados Unidos para o que ele denomina seu “problema municipal” –
qual seja o “desgoverno e a corrupção” dos municípios norte americanos
decorrente de sua administração por políticos profissionais.
Comungando
consciente ou inconscientemente dos ideais
Saint-simonianos, o então diretor de Obras do município de São Paulo
defendia que a administração do município fosse equiparada para todos os
efeitos práticos , à administração de uma “grande sociedade anônima de serviços
coletivos”, da qual os munícipes seriam “acionistas”, responsáveis por “garantir”
a vida, a propriedade, a economia e o conforto da população” e cujos interesses
– salvo “vicio dos termos da concessão” ou “má compreensão dos próprios interesses” – seriam via de regra harmônicos
com os do município/empresa.
Bibliografia: Di
Monaco, Flávio Eduardo – O Banquete do leviantã direito urbanístico e
transformações na zona Central de São Paulo (1886-1945)
Nenhum comentário:
Postar um comentário